ENTENDENDO AS TERMINOLOGIAS – PARTE 3: AGONISTAS, ANTAGONISTAS E SINERGISTAS

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Bora discutir sobre músculos?!


Senti necessidade de escrever esse artigo antes de lançar o capítulo 2, “MÉTODO DOS ALTERNADOS, COM GRUPOSMUSCULARES DIFERENTES, da série “M.A.I.D.T, pois ele dá um bom embasamento para algumas das terminologias que aparecerão no texto, além de, futuramente, ajudar a justificar a importância da técnica.


CLASSIFICANDO OS MÚSCULOS QUANTO À FUNÇÃO.

Antes de qualquer coisa, julgo ser importante mencionar que os músculos envolvidos em qualquer movimento, não se contraem isolada e independentemente uns dos outros. Ocorre que eles estão interligados pelo processo de inervação recíproca, ou seja, com afetação mútua.


Podemos classificar os músculos, quanto à função, em:

A. AGONISTA: é o principal músculo responsável pela execução de um determinado movimento: é o protagonista da história, a estrela do filme, o anfitrião da festa. 

O agonista não é um só, mas um grupo de vários músculos com graus de participação diferentes. Por conta disso é que os classificamos como agonistas primário, secundário, terciário e por aí vai, sendo que a ordem de importância dependerá da intensidade e duração da atuação de cada um deles durante a contração muscular.

A título de exemplificação, com uma análise de eletromiografia, que é a ideal para avaliar agonismo, temos que, durante a rosca direta (mãos em supinação), o músculo mais ativo é o braquial (agonista primário), seguido pelo bíceps braquial (agonista secundário) e, por último, do braquiorradial (agonista terciário).

Pois é, e você achando que era o bíceps, né?!

Seja com as mãos em supinação, seja em pronação, a ordem é a mesma, porém, quando usamos a pegada neutra, também conhecida por martelo, os agonistas secundário e terciário citados trocam de posição.

Para finalizar, músculos agonistas trabalham sempre em contração concêntrica, fechado? Vencendo a força externa aplicada nele.




B. ANTAGONISTAS: são os que se opõem à ação/movimento dos agonistas, resistindo ao movimento desejado. 

Acho muito importante chamar a sua atenção para o seguinte fato: cuidado com essa nomenclatura! A palavra antagonista tem uma conotação meio negativa, de algo que atrapalha, prejudica, atua como vilão. Que fique claro que não é esse o nosso caso. 

Os antagonistas acabam tendo como funções as de regular a potência/rapidez do movimento do agonista, fato de vital importância na proteção de nossas articulações, garantindo a manutenção da integridade dos biomateriais, haja vista que um movimento explosivo e desorientado poderia usar amplitudes maiores do que as anatômicas, lesionando lindamente ligamentos, tendões, etc.

Além disso, eles ainda promovem ajustes finos na execução do movimento, para torná-lo mais preciso, como acontece momentos antes de um jogador chutar uma bola, por exemplo.

Utilizando algumas situações para ajudar a ilustrar o cenário, temos que o antagonista dos músculos anteriores do braço, que citamos anteriormente, é o tríceps. No caso do quadríceps, os posteriores de coxa (semitendíneo, semimembranáceo, bíceps femoral). Simples assim, basta pensar no movimento do músculo alvo e no do que está do lado oposto ao dele. 

Ao contrário do agonista, o músculo antagonista tem praticamente sempre ação excêntrica, salvo raras exceções, como no caso de músculos biarticulares.

A título de curiosidade, você já reparou como os ganhos em força acontecem muito rapidamente quando começamos a praticar musculação e depois de algumas semanas eles vão ficando meio lentos?

Isso acontece uma vez que uma de nossas primeiras adaptações ao treino de força é a neural, que ocorre, aproximadamente, entre as primeiras 8 a 20 semanas de treinamento. Através dela, vamos aumentando a eficácia da contração muscular, haja vista que, no começo, acabamos acionando músculos agonistas e antagonistas ao mesmo tempo, perdendo muito em eficiência e geração de força.

Conforme vamos conseguindo apagar a atuação do antagonista, o movimento parece ficar mais fácil e maiores cargas serão passíveis de serem utilizadas. Legal né?

Agora, para finalizar, eu pergunto: comentei que os tríceps e posteriores de coxa são músculos antagonistas certo? Isto se aplica a todos os casos?
Resposta: Depende. Para as classificações apresentadas neste capítulo, teremos sempre que analisar os músculos dentro de um contexto amplo. Separadamente, nada se poderá afirmar. O tríceps pode tanto ser um agonista, quanto um antagonista, dependendo da situação.

C. ESTABILIZADORES: músculos cuja ação imobiliza a articulação para que o movimento ótimo possa ser executado, ou seja, ele estabiliza uma região de modo que ela consiga produzir melhor desempenho ou mesmo se mexer como queremos.

O bom exemplo deste grupo é o reto abdominal, principal responsável por travar o tronco durante muitos exercícios. Se você faz aqueles crunches no solo para abs, do jeito mais correto, sem retirar a lombar do chão, o agonista primário do movimento é, acredite se quiser,o músculo psoas; o secundário, o ilíaco e o terciário, reto femoral.

Por que o reto abdominal não é o agônico? Porque não é ele que realiza o movimento, ele apenas se mantém em contração isométrica, que é  contração realizada pelos estabilizadores, o que pra nós é ótimo, já que o estamos exercitando da maneira que ele nos é mais útil, fortalecendo-o para melhorar nossa qualidade de vida, evitando sobrecarga lombar. 

D. SINERGISTAS: são aqueles que participam, de alguma forma, do movimento, seja ajudando, seja atrapalhando.

Cito isto apenas por curiosidade, pois é algo absurdamente comum de encontrarmos por aí, em qualquer texto da área. Esta classificação é um tanto quanto ruim já que, quando analisamos um movimento específico, ela acaba excluindo apenas o músculo agonista primário, envolvendo todos os demais sob o rótulo de sinergistas, fato que não nos ajuda em nada na hora de escolher quais os melhores exercícios ou de entendermos o movimento que estamos realizando.


DISCUTINDO MAIS PROFUNDAMENTE NA PRÁTICA

Certamente todos que estão lendo estão muito familiarizados com o exercício flexão de braços, popularmente conhecido por "flexão", pois bem, se fizermos uma enquete sobre agonistas nele, provavelmente obteríamos a seguinte resposta: primário é o peitoral maior, secundário é o deltóide e terciário o tríceps.

Porém, se fôssemos analisar o movimento para valer, com eletromiografia, como no caso do trabalho de SNARR & ESCO, 2013, obteríamos a seguinte informação: peitoral maior - 63%, deltoide anterior - 58,9% e tríceps braquial - 74,3%. E agora!?!?! "Caralho, Fernandão, flexão então é pra tríceps?!".

A maioria esmagadora das pessoas certamente erraria a nomenclatura neste exercício, sabe por quê? Porque misturaria diferentes articulações numa só classificação. Explico melhor: o movimento que o tríceps braquial faz aqui é a extensão de cotovelo, enquanto que os outros dois músculos citados fazem um movimento chamado de adução horizontal, que aproxima o úmero do eixo medial.

Sendo assim, não podemos falar que é uma coisa só, logo, o tríceps braquial é o agonista primário da extensão do cotovelo, enquanto que o peitoral maior também é o agonista primário, só que da adução horizontal. Por fim, o deltóide anterior entra como agonista secundário da adução horizontal também.

Perceberam o quão complexas são as coisas? Falar que todo mundo é sinergista não nos ajuda em praticamente nada na hora de estudar o movimento!

Outro exemplo legal diz respeito à elevação lateral. Pelo trabalho de Celli et al., 1985, temos que na abdução de ombros, o trapézio atua como estabilizador até 60°, para que o deltóide, tenha um ponto fixo onde trabalhar. Depois disso, ele é quem passa a ser o agonista primário da história, ocupando o lugar que até então era do deltótide.

A turma do manguito rotador se mantém firme e forte como estabilizadores, enquanto que os músculos adutores, que seriam o peitoral maior e o latíssimo do dorso, poderiam atuar como antagonistas.

Continuando a brincadeira com o agachamento, exercício muito famoso e completo, temos os músculos, seguidos de sua ativação medida por EMG: vasto lateral (73%), vasto medial (71%), semitendíneo (40%) e glúteo máximo (74%).

Os dois primeiros são agonistas da articulação do joelho, pois são extensores dele. Já os dois últimos, são agonistas do quadril, estendendo-o também, mostrando, novamente, quão complexa é a classificação de agonismo muscular.

Para finalizar, cito dois músculos muito importantes envolvidos no querido levantamento terra, onde o glúteo máximo é o agonista primário da extensão do quadril (e você, garota, que não faz terra porque diz não trabalhar a bunda...) e o eretor de espinha, o estabilizador mais ativo.


EXERCÍCIOS BÁSICOS X ISOLADORES

Essa é uma discussão que será realizada mais à frente, mas como o assunto é muito pertinente, não custa nada escrever algumas linhas sobre o tema.

Acredito que muito de vocês já ouviram falar ou já leram em meus textos algo a respeito da superioridade dos exercícios básicos, em detrimento dos isoladores. É aquela velha discussão do “peso livre X máquinas”.

Hoje, após a leitura deste texto, você já tem certa noção do porquê os multiarticulares são superiores, certo?

Explico da seguinte maneira: quanto mais básico o exercício, maior será o número de músculos trabalhando, seja agonicamente, seja estabilizando o movimento, de modo que consigamos maior desgaste de fibras musculares em nosso corpo como um todo, aumentando ganhos em força e em hipertrofia. Por outro lado, quanto mais isolador for o exercício, menor será a quantidade dos integrantes dessa turma atuando, deixando alguns poucos brilharem sozinhos.

Portanto, seja inteligente e foque seus treinamentos nos exercícios com pesos livres e evite as máquinas, especialmente se você deseja ganhos em força e massa. Obviamente, os aparelhos têm sim sua importância, mas guarde-os para corrigir determinadas falhas musculares no cutting, para te auxiliarem no treinamento com lesões ou apenas para dar aquela variada na rotina.

Como disse, voltaremos a essa discussão algum dia.


ALERTA AOS MAROMBEIROS E CONCLUSÃO

Conforme apresentado, a função de um músculo depende da análise de um contexto, não sendo possível classificá-lo de forma separada. Dessa afirmação, concluímos que um mesmo músculo pode ter diferentes funções em diferentes exercícios ou mesmo durante fases de um mesmo movimento.

Além disso, quero chamar a sua atenção para o seguinte: tome cuidado ao criar a divisão muscular dos seus treinos! Não trabalhe músculos agonistas de um mesmo exercício em dias seguidos pois você estará atrapalhando o descanso deles, aumentando os riscos de lesão e overtraining. Observe o dado abaixo sobre o treinamento de peito:

- Agonistas: peitoral maior, deltóide e tríceps braquial;

Podemos concluir que, baseado no que expliquei anteriormente, não se deve treinar nem os tríceps, nem o  deltóide um dia antes ou um dia depois do treino de peito, pelo menos, pois será prejudicial ao seu desenvolvimento, uma vez que eles já foram/serão indiretamente treinados também.

Para entender como aplicar o conhecimento deste capítulo na prática, leia o capítulo 2, “MÉTODO DOS ALTERNADOS, COM GRUPOS MUSCULARES DIFERENTES, da série M.A.I.D.T".


ATENÇÃO: Essa série contém 4 partes. Continue a leitura acessando: 
PARTE 1: SUPINAÇÃO, PRONAÇÃO E OUTRAS  PEGADAS 
PARTE 2: ADUÇÃO/ABDUÇÃO, EXTENSÃO/FLEXÃO, FASE CONCÊNTRICA/EXCÊNTRICA
PARTE 3: MÚSCULOS AGONISTAS, ANTAGONISTAS E SINERGITAS
PARTE 4: ANABOLISMO, CATABOLISMO E METABOLISMO



FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


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Comentários

  1. Ajudou Muito, Obrigado por ter explicado de maneira simples e direta.

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  2. Otimo, estou iniciando na musculação e foi de grande ajuda, conhecimento nos deixa sempre a um passo a frente.

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