QUAL A DIFERENÇA ENTRE O LEVANTAMENTO TERRA E O TERRA/AGACHAMENTO SUMÔ

Fala galera! Resolvi escrever este artigo com o intuito de desmistificar algumas coisas a respeito da verdadeira diferença entre o levantamento terra e o terra sumô, também conhecido por levantamento terra sumô ou, ainda, agachamento sumô. Boa leitura e não se esqueça de curtir e de compartilhar para ajudar na divulgação do meu trabalho!

COMEÇANDO PELO COMEÇO: LEVANTAMENTO TERRA E TERRA SUMÔ

Os dois exercícios que iremos discutir são de cadeia cinética fechada (CCF), assim como o agachamento livre, afundo, leg press, entre outros, uma vez que são feitos com nossos pés em contato com o solo/plataforma, envolvendo diversas articulações.

Pela maneira como são tradicionalmente executados, dados os braços de alavanca gerados, implicam em altas cargas para a região lombar e para a patelofemoral (joelhos), proporcionando, assim, grandes trabalhos de quadríceps, glúteos, posteriores de coxa e para músculos estabilizadores do tronco, o core, porém, com bastante sobrecarga a estas articulações, fato que pode ser tanto bom, quanto ruim, dependendo da periodização, técnicas e estratégias que o profissional de educação física responsável pelo seu planejamento de treino utilizar.

 A EXECUÇÃO DO TERRA E DO SUMÔ

Tradicionalmente, o terra é realizado com uma postura mais estreita, com os pés mais próximos e levemente virados para fora; o sumô, por sua vez, já possui um estilo postural mais largo, com um posicionamento de pés mais abertos, por volta de 45°.

Enquanto o terra é feito com barra, é comum vermos o sumô sendo feito tanto com barra quanto com um único halter, fato que pode reduzir a amplitude de movimento e que leva muitas pessoas a fazerem sumô entre dois caixotes, com um pé em cada, porém, pelo que vejo, nem sempre isto é necessário.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE O LEVANTAMENTO TERRA E O TERRA/AGACHAMENTO SUMÔ?

Para responder esta pergunta, irei utilizar dois trabalhos do pesquisador Escamilla e colaboradores, sendo um do ano 2000, que analisou a cinemática desses dois exercícios, a fim de verificar como o movimento deles ocorre; já o de 2002, por sua vez, investigou atividade muscular, através de eletromiografia.

Para começar, o que foi verificado é que o levantamento terra tradicional traz um deslocamento vertical da barra entre 20 e 25% maior do que o sumô, fato esperado uma vez que a grande largura entre os pés no chão, que é cerca de 3 vezes maior no sumô, acaba limitando a amplitude de movimento. Com isto, acaba-se por gerar 25 a 30% menos trabalho mecânico no sumô do que no terra convencional, fato que irá impactar a energia imposta para realização do exercício, assim como atividade muscular.

No terra/agachamento sumô, temos os momentos de extensão do quadril e do joelho e de dorsiflexão no tornozelo em escala alta a moderada, fato que irá trazer, como consequência, maior atividade muscular de extensores do quadril (glúteo máximo e posteriores de coxa/isquiotibiais: semitendíneo, semimembranáceo e bíceps femoral cabeça longa e cabeça curta), extensores do joelho (quadríceps: reto femoral e vastos lateral, medial e intermédio) e dorsiflexores do tornozelo (tibial anterior).

No terra convencional, temos trabalhos de altos a moderados de extensores de quadril e de joelho, flexores de joelho (posteriores de coxa/isquiotibiais: semitendíneo, semimembranáceo e bíceps femoral cabeça longa e cabeça curta) e flexores plantares no tornozelo (tríceps sural da panturrilha: sóleo e gastrocnêmios).

Comparando os dois exercícios no que diz respeito à atividade muscular, foi visto que o terra sumô apresentou maior atividade de vastos lateral e medial (pertencentes ao seu quadríceps (parte da frente da coxa)) e de tibial anterior (músculo da parte da frente da sua “canela” e que levanta a ponta do seu pé para cima, algo bastante importante para corredores) em relação ao levantamento terra tradicional, que, por sua vez, mostrou maior atividade de panturrilha em sua execução.

Também foi visto que a atividade de quadríceps, tibial anterior, adutores, glúteo máximo, paravertebrais e de trapézio porção média é muito maior nos momentos de alta flexão de joelho, do que quando comparados aos momentos de baixa flexão do joelho. Além disso, o trabalho de panturrilha e de trapézio porção alta eram maiores nos momentos de baixa flexão do joelho, no instante em que eram contrapostos aos de alta.

JUNTANDO TUDO E CONCLUINDO

As duas variações de levantamento terra são excelentes e podem ser utilizadas por pessoas que estejam buscando ganhos de força, hipertrofia, performance esportiva ou mesmo reabilitação.

Se formos pensar em pico de atividade muscular, conforme visto na tabela, os trabalhos são muito parecidos, contudo, algumas coisas podem ser levadas em consideração no momento da prescrição:

- gostos do aluno,

- praticidade e logística para fazer o exercício: às vezes, é muito mais fácil pegar um único dumbbell para fazer um exercício rápido, por exemplo, em bi-set, do que montar uma barra cheia de peso, especialmente numa academia lotada,

- tipo de pegada na barra: a do sumô é mais fechada e a do terra mais aberta, por conta da posição das pernas, sendo assim, pode ser que uma seja mais fácil/confortável do que a outra para algumas pessoas,

- atividade de músculos da perna: o sumô foca mais na parte de tibial anterior e o terra, de panturrilha, sendo assim, dependendo do planejamento e da forma como o treino foi construído, além do estilo de vida do aluno, pode ser que um seja mais interessante que o outro,

- amplitude de movimento: a do terra é maior, 20 a 25%, sendo assim, o estresse muscular gerado pelo exercício atuará por mais tempo, fato que também pode ser interessante de ser explorado, ou não, dependendo dos seus objetivos,

- outros: quebra de monotonia (mesmice dos treinos), troca de treino e aquisição de novos padrões de movimento.

Ficamos por aqui! Até o próximo artigo!

BIBLIOGRAFIA

- ESCAMILLA et al. A three-dimensional biomechanical analysis of sumo and conventional style deadlifts. Med Sci Sports Exerc. 2000 Jul;32(7):1265-75.

- ESCAMILLA et al. An electromyographic analysis of sumo and conventional style deadlifts. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 34, No. 4, pp. 682–688, 2002.

FERNANDO PAIOTTI

Personal Trainer e Consultor Online

CREF 151531-G/SP

Para conhecer meus serviços de consultoria online, currículo, fotos de alguns alunos e muito mais, clique AQUI ou envie email para: fernando.paiotti@gmail.com