ATENÇÃO: o artigo que você está prestes a ler
não é censurado e contém muitas palavras de baixo nível, afinal, trata-se de um
“desabafo”. Recomendo que pense duas vezes antes de ler, uma vez que eu sou um
bom moço, educadinho, e quero que você continue com essa imagem de mim ! (Ai, meu deus, quanta hipocrisia!!).
Então não bastava a hérnia, eu tinha essa tal de varicocele
também? Pow vai toma no cu eu pensei, vim resolver um problema (epididimite) e
saí com mais dois. Fiquei putasso. A varicocele são varizes nas veias do
escroto.
O problema maior ocorre quando essas veias dilatam, caso de
praticar esportes, por exemplo, pois gera uma dor muito incômoda, além de não
irrigar corretamente o testículo, acumulando toxinas e fornecendo menos
nutrientes, podendo causar esterilidade (quadro que eu apresentaria mais tarde)
e necrose, nos casos mais graves. Normalmente os casos são apenas estéticos e o
homem nem precisa operar. Mas meu maior problema é que sou um marombeiro nato
que ama o que faz, então as dores apenas piorar, nunca mais me deixando em paz.
Mas voltando à sala de ultrassom, sei lá né, afinal, o que é
um peido para quem está cagado? Então agora eu tinha varicocele e a tal da
hérnia era verdade mesmo... Notícia “boa”: o epidídimo não estava mais
inflamado... tanto faz, nem liguei.
Retornei ao consultório, o Dr. viu os exames, falou que os
casos ainda não eram cirúrgicos e que eu poderia esperar mais um tempo. Deveria
aguardar um tempo, indeterminado, e quem sabe operar. Só precisaria fazer um
espermograma para ver quão longe a doença se manifestou.
Puta que pariu, espermograma?! Olha a que situação
chegamos... Aí os dias foram passando, continuei minha vida normalmente, às
vezes lembrava da hérnia, mas logo bloqueava o pensamento, e segue a vida,
deixa rolar. Meados de setembro a dor no testículo voltou mais forte do que
nunca! Estava simplesmente IN-SU-POR-TÁ-VEL (Isso de escrever separando as
sílabas foi meio de gay, mas a dor era barra pesada mesmo, então tive que
utilizar tal recurso para dar um tom exagerado).
Foi aí que minha vida tomou um novo rumo, ninguém vai gostar
do que vou escrever agora, e peço para não julgar, primeiro porque não vou dar
a mínima, segundo porque era eu naquela situação, e não você, e sei muito bem a
merda que era ter dor 25 horas por dia: sentei na minha academia, olhei bem
pros meus aparelhos, pro meu cantinho do agachamento, pro meu punho e pensei
(mesmo hoje, mais de três meses depois, lembro-me muito bem do episódio):
“Tô fudido... essa é a real, hérnia não tem cura, vou ter
que operar. Varicocele é o caralho. Não aguento mais essa dor, desse jeito não
dá, minha qualidade de vida está um lixo, meu punho não sara, não vou parar de
treinar, só operado mesmo pra eu respeitar. Então vou fazer o seguinte, vou
treinar como se não houvesse o amanhã e vou agravar a minha hérnia, se o quadro
não é cirúrgico, então passará a ser!”
Montei as rotinas mais filhas da puta que pude, e comecei a
treinar mais pesado que nunca. “Nuoooosssa, que otário!”. Otário é você vacilão,
quero ver quem aguenta 6 meses de dor na mão e 3 meses com o saco explodindo do jeito que aguentei. Ah! Que fique bem claro, é óbvio que eu iria
desaprovar tal conduta se fosse um aluno meu. É fato, sou totalmente
responsável no que faço. Sentiu dor? Lesionou? Vai ficar uns dias sem treinar e
vai procurar um médico! Mas, casa de ferreiro, espeto de pau. Eu conheço meus
limites e sei que às vezes eles não existem, e como o único prejudicado seria
eu, não precisaria me segurar.
Só aviso isso para nenhum aluno ou interessado ter medo ou duvidar
da minha competência...
Mas, voltando, se essa merda não era cirúrgica ainda, eu que
não ia ficar mais alguns meses com dor, sentadinho esperando... Simplesmente
não aguentava mais, estava à beira de um colapso, então eu precisava resolver a
minha vida. Sério, escrevendo aqui, agora, paro pra pensar o quanto meu saco
doía, chega até a dar agonia de lembrar o quão difícil foi suportar aquelas
dores. Não me arrependo de nada, muito pelo contrário, pois tenho 100% de
certeza de que tomei a decisão correta...
Então começaram os treinos mais bad mother fucker pras
pernas e para as costas, com ênfase no terra, nas remadas livres e no
agachamento. Usava suspensório escrotal pra não esculachar em demasia.
Depois de uns dias, criei coragem e fui fazer aquele
espermograma, lembram? Nossa que escroto... Enfim, não vamos entrar em
detalhes, mas um lance engraçado foi que quem me levou na salinha do exame foi
um enfermeiro negrão, 4x4, perto dele eu era um frango que estava começando a
puxar ferro. Para falar com ele eu tinha que olhar bem pra cima, mesmo porque,
se olhasse pra frente, só veria um bíceps gigante tentando estourar uma roupa
branca de hospital.
Acho que pelo lance desagradável ali da função dele, ele já
sabia o discurso de trás para frente, e narrou, como um locutor de rádio,
totalmente inexpressivo e sem pausas, sobre como seria o procedimento. Eu
apenas concordava para a tensão, vou até repetir, TENSÃO, COM N, acabar logo.
Meu medo era ele querer oferecer qualquer tipo de ajuda a mais ali... Enfim, só
sei que tinha três gazes com três líquidos. Não entendi merda nenhuma da ordem
que era pra usar, fiz o “serviço” e fui embora.
Fiquei na expectativa por três dias até sair o exame... e
saiu: tudo daora, um verdadeiro garanhão. Mas quando cheguei no último tópico
analisado, veio o medo: acho que estou estéril... falei com o médico e ele
disse que havia a possibilidade sim, mas ainda era incerto. Sinceramente, o
exame não me abalou, eu já estava tão descrente e tinha levado tanta pancada,
que se fosse a decisão da natureza que eu ficasse estéril, que assim fosse. Se
for para ser pai um dia, tem muita criança abandonada em orfanato, e sempre me
atraiu a idéia de adotar um filho ao invés de ter um. Não é assim que as
mulheres pensam, e sei que com a minha não é diferente, mas, se for o que a
vida me reservar...
Enquanto isso, na minha pequena academia do quarto dos
horrores, os treinos pesados rolavam, ao som de The Best of ACDC, e não mais de
Dread Mar-I.
Até que numa noite, ou melhor, naquela noite, meu objetivo
se concretizou...
Continua no próximo capítulo...
ATENÇÃO: esta série contém várias partes. Continue a leitura acessando:
- PARTE 1: Introdução e apresentação dos eventos da série.
- PARTE 2: Um jardineiro com o punho lesionado
- PARTE 3: A epididimite
- PARTE 4: A hérnia e a varicocele I
- PARTE 5: A hérnia e a varicocele II
- PARTE 6: CRÔNICAS DE UMA CIRURGIA - PARTE I
- PARTE 7: CRÔNICAS DE UMA CIRURGIA - PARTE II
ATENÇÃO: esta série contém várias partes. Continue a leitura acessando:
- PARTE 1: Introdução e apresentação dos eventos da série.
- PARTE 2: Um jardineiro com o punho lesionado
- PARTE 3: A epididimite
- PARTE 4: A hérnia e a varicocele I
- PARTE 5: A hérnia e a varicocele II
- PARTE 6: CRÔNICAS DE UMA CIRURGIA - PARTE I
- PARTE 7: CRÔNICAS DE UMA CIRURGIA - PARTE II
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
Para conhecer meus serviços de consultoria online, currículo, fotos de alguns alunos e muito mais, clique AQUI ou envie email para: fernando.paiotti@gmail.com
Comentários
Postar um comentário