ATENÇÃO: o artigo que você está prestes a ler
não é censurado e contém muitas palavras de baixo nível, afinal, trata-se de um
“desabafo”. Recomendo que pense duas vezes antes de ler, uma vez que eu sou um
bom moço, educadinho, e quero que você continue com essa imagem de mim! (Ai, meu deus, quanta hipocrisia!!).
Fala rapaziada! Vamos dar continuidade às crônicas que
escrevi sobre as 30 horas de internação da minha pós-cirurgia de hérnia
inguinal, presente que recebi por ter treinado pesado, ou seja, como se deve,
por mais de uma década. Boa leitura!
CRÔNICAS DE UMA CIRURGIA – PARTE II
UM VERDADEIRO
CARNAVAL!
Um dos efeitos de se tomar uma tremenda anestesia no corpo é
que seu metabolismo fica um bocado comprometido. Exemplos: a digestão fica mais
lenta, assim como o peristaltismo. O esfíncter não trabalha bem, muito menos a
bexiga...
Porra, bebendo água e tomando litros de soro por hora, minha
bolsa de urina simplesmente não dava conta e enchia rapidamente. Acontece que
eu não conseguia calibrar meu sistema excretor para mijar a hora que me desse
vontade, já que o esfíncter não me obedecia.
Para piorar, eu permanecia o tempo todo deitado, e você,
creio eu, sabe desde os 5 anos de idade (alguns aprendem aos 20) que deitado
não é a posição correta para urinar, então o cérebro trabalha contra.
Toda vez era aquele sacrifício para começar o serviço,
levando, em algumas situações, 5 minutos com meu pinto na mão, que nessa altura
do campeonato já estava verde de tantos hematomas, assim como meu saco, que
estava maior do que uma batata inglesa tamanho GG.
Pausa: só para lembrar, operei o testículo esquerdo e a
virilha direita, ok? Varicocele e hérnia, respectivamente.
Amigo leitor, uma pergunta: é legal parar aquela urinada
gostosa pela metade? Não é né... E nem que eu quisesse, conseguiria. Detalhe: os
galões que me davam para usar, que na gíria deles chamam-se papagaios, eram de
500mL.
Em um destes sufocos urinários, depois de eternos 5 minutos
de reza braba, o ouro líquido começou a sair! Ufa!
AEEE GENTE!!!
Consegui! Uhuulll, ESTOU MIJANDOOOO, ESTOU MIJANDO!!
Estou... Porra não consigo parar!!! NÃO PARA!
E o papagaio estava praticamente afogado, 5!
Minha mãe veio correndo, 4!
Olhei para todo aquele conflito, 3!
Toma o outro galão, filho, 2!
Caralho, não vou conseguir, 1!
Fudeu! 0!
SSHHHHH! Um jato de urina
voou pelo céu feito serpentina de carnaval! E eu, para tal comemoração, estava
vestido à caráter: com uma camisolinha mijada, fazendo papel de palhaço!
Ah!, o carnaval...
“A pipa do vovô não sobe mais... A pipa do vovô não sobe
mais... Apesar de fazer muita força, o vovô foi passado pra trás!”
Sr. Fernando, se o senhor precisar de qualquer coisa, qualquer coisa MESMO, é só me chamar viu: estou à disposição... |
GET UP, STAND UP!
Agora, o episódio mais bad mother fucker de todos foi depois
do lanche da tarde, quando dois enfermeiros vieram pedir para eu tentar ficar
de pé. Eu me lembro da dor até hoje: foi de longe a pior que já senti na vida,
parecia que estavam rasgando o meu abdômen de ponta a ponta, com uma faca nada
afiada.
Eu não conseguia respirar nem pensar, apenas berrar, comecei
a perder os sentidos e me atirei nos braços do enfermeiro. Digo, apoiei-me como
consegui no ombro do cara e ele me ajudou a sentar numa cadeira, às pressas,
antes que eu apagasse. A cena foi meio gay, confesso, mas era beijar o ombro
dele ou o chão... Até que era um ombrinho fortinho!
Lutei o máximo que pude
para não desmaiar e consegui, como tantas outras vezes depois de um agachamento
profundo, com o diferencial de não ter que segurar o vômito também.
De novo, aquele
silêncio. Enxergava o mundo tingido de negro, enquanto era banhado por um suor
gelado. Aos poucos voltei ao normal e deixei de parecer um fantasma, ou um
cadáver, aos olhos de minha mãe, que me observava com um ar maternal preocupadíssimo,
fato que me trouxe à tona.
Viram que a coisa era séria e comecei a receber fortes
remédios para dor, da classe dos opióides, a famosa morfina: estudei essas
porras na facul e sei que não brincam jamais em serviço. Sinceramente, foi a
primeira vez na vida que tomei um remédio para dor e pensei: porra... funcionou
heim... legal!
No final do dia fui capaz de ficar de pé pela primeira vez e
arriscar alguns passos. Também, com a minha noiva ali me incentivando, eu executaria
até um agachamento livre para impressionar.
Quero fazer uma pausa para explicar alguns problemas da
minha cirurgia. Seguinte: o fato de ser marombeiro, ajudou o médico, segundo
palavras dele, a identificar com facilidade as camadas musculares, por conta da
hipertrofia e da definição, dando maior precisão e segurança à operação. Até
aqui, ponto para o time dos marombas.
Para ele foi bem mais fácil, mas pra mim, isso seria pago
com juros de agiota, em dólar e com correção monetária, já que a musculatura
dura e desenvolvida perde elasticidade, mantendo, assim, os pontos e a tela
costurada no buraco da hérnia constantemente sob tensão. Logo, eu sentiria
muita dor (e como sentiria viu, hoje vejo como paguei caro...)! Ponto para o
time... dos... frangos... (?!).
RISADAS INFERNAIS
Para ajudar na recuperação, nada como se distrair certo? Com
pessoas te animando e contando coisas engraçadas! Pois bem, lembro-me,
infelizmente, de que em um daqueles banquetes medicinais que descrevi no último
capítulo desta série, minha mãe, ao me servir, tropeçou e quase derrubou toda a
bandeja repleta de alimentos nutritivos no chão. A cena, que de fato foi engraçada,
virou um verdadeiro inferno de dores.
Comecei a rir e, ao mesmo tempo, a sentir torturas
alucinantes. Fato que me deixou tenso, nervoso, em pânico, com traços de
insanidade. O episódio terminou por me desencadear um ataque de risos. Ria aos
grunhidos, implorando para que tudo passasse. Eu suava, babava e, por esforço
extremo e/ou risadas, vertia algumas lágrimas, tamanho era meu desespero.
Depois de uns bons minutos, com muitas recaídas, a cômica tormenta passou.
O HOMEM DO TERNO
ROXO
À noite, o médico assistente, aquele do “terno roxo” do
capítulo anterior, veio me examinar e me contou sobre as paradas da anestesia, já relatadas
anteriormente.
Lembrei-me do episódio e aí a ficha caiu: naquele início de
cirurgia, eu já estava alucinando quando ele entrou na sala e eu nem havia
percebido: na cabeça de um chapado marombeiro, um avental roxo, virou um terno
de veludo roxo.
Pois é, acho que os cirurgiões não são tão dados assim às
excentricidades da profissão...
UM PEQUENO ALÍVIO
DEPOIS DE 5 MESES
Os leitores mais assíduos do site devem se lembrar de que na
época eu estava com uma grave lesão na fibrocartilagem triangular do punho
direito. Pois bem, quando voltei da anestesia, lembro-me de que uma coisa chamou
barbaramente a minha atenção: minha mão não doía mais!
Depois de cinco meses sem conseguir rotacionar o punho, lá
estava ele: firme e forte! Tomando morfina então, nem se fala, era uma
verdadeira beleza. Mas... alegria de marombeiro dura pouco, pois quando recebi
alta, e cheguei em casa, a dor voltou, fato que me levou a operar a região, em
10 de janeiro de 2014. Discutiremos isso mais à frente desta série, ok?
Mas de qualquer forma, o episódio foi mágico! Senti como se
tivesse conseguido inspirar depois de 5 meses prendendo a respiração:
inesquecível.
ENFERMEIRAS
ASSANHADAS
Bom, o título desta crônica já disse tudo. A cada hora uma
enfermeira vinha examinar o meu peru. Algumas mais “atentamente”, outras de
forma mais profissional e séria. Até minha tia estranhou, tamanha era a atenção
que eu recebia!
Não tenho certeza do porquê,
mas gosto de imaginar que fiz sucesso. Eu sei, eu sei, amigo leitor, mas
vamos imaginar, ok?
Será que nas rodinhas do cafezinho delas eu virei o Sr. Bombadão
da hérnia? Ou o Mr. Varicocele? Como o texto é meu, assim como o site, essa é a
versão que vou empurrar para vocês e peço, por gentileza, que acreditem,
combinado?
Bom, de qualquer forma, elas queriam algo de mim que eu não
poderia dar, uma vez que estava operado tenho namorada...
Cadê o meu paciente lindo!? Cadê?! Quero te dar mais uma examinadazinha, meu marombeiro dodói... hihihi |
UMA DUCHA E UMA
DESPEDIDA
Depois do dilúvio, a calmaria: 30 horas após ser operado,
recebi alta. Como em casa seria um verdadeiro sacrifício tomar banho e eu já
estava meio mijado pelo episódio carnavalesco anteriormente citado, resolvi que
a ajuda da enfermagem seria muito bem vinda nessa despedida.
Ah! Só para deixar claro, eu não tinha esperanças de que as
enfermeiras da crônica aí de cima viessem me dar banho não, ok? Eu... é... não
tinha... (Minha noiva lê meu site... o que eu poderia falar?!)
O banho foi rápido e estranho, já que fiquei sentado num
tipo de cadeira. Antes que perguntem, o sabonete caiu sim, mas quem pegou foi
ele, ok? Mas só porque eu mal conseguia me mexer... Ui!
Depois de um sufoco colossal para me trocar, fomos embora. Ufa!
Não aguentava mais o hospital!
Tudo o que eu queria era chegar em casa em segurança e deitar
na minha cama. Voltei no maior cagaço do mundo: tinha medo que batessem no
carro da minha mãe durante o trajeto. O pior é que quase aconteceu, mas
felizmente cheguei vivo para escrever mais um artigo desta série.
Continua no próximo capítulo...
ATENÇÃO: esta série contém várias partes. Continue a leitura acessando:
- PARTE 1: Introdução e apresentação dos eventos da série.
- PARTE 2: Um jardineiro com o punho lesionado
- PARTE 3: A epididimite
- PARTE 4: A hérnia e a varicocele I
- PARTE 5: A hérnia e a varicocele II
- PARTE 6: CRÔNICAS DE UMA CIRURGIA - PARTE I
- PARTE 7: CRÔNICAS DE UMA CIRURGIA - PARTE II
ATENÇÃO: esta série contém várias partes. Continue a leitura acessando:
- PARTE 1: Introdução e apresentação dos eventos da série.
- PARTE 2: Um jardineiro com o punho lesionado
- PARTE 3: A epididimite
- PARTE 4: A hérnia e a varicocele I
- PARTE 5: A hérnia e a varicocele II
- PARTE 6: CRÔNICAS DE UMA CIRURGIA - PARTE I
- PARTE 7: CRÔNICAS DE UMA CIRURGIA - PARTE II
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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