Fala rapaziada!
No último capítulo vimos a bagunça que o nosso esporte
faz em nosso pH corporal. As dietas ricas em aminoácidos, as hipocalóricas que
visam à queima de gordura (cetoacidose) e os treinos intensos (liberando ácido
lático) criam um “excelente” quadro de acidificação do organismo.
Os resultados disso são a queda do anabolismo, aumento do
catabolismo e do acúmulo de gordura.
Sendo assim, a partir de agora aproveitaremos este
contexto para falar sobre o bicarbonato e suas funções do aumento do pH.
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leitura!
3.
CONHECENDO O BICARBONATO
O bicarbonato de sódio (ou hidrogenocarbonato de sódio), cuja
fórmula é NaHCO3, já é usado há muitas décadas pelos marombas, sendo inclusive
considerado um suplemento old school, mas que, infelizmente, nunca recebeu a
devida atenção que merece.
É bastante curioso o fato de ele não ser famoso,
especialmente se levarmos em conta seu baixo custo e sua fácil acessibilidade, haja
vista que quase todos o tem em casa. Talvez essa falta de informação seja bem do
gosto das indústrias de suplementos, afinal, para eles é muito mais
interessante que você gaste seu dinheiro com um pré-treino caro do que com uma
dose de bicarbonato de sódio que vai lhe custar alguns trocados...
Ele normalmente aparece em pequenas quantidades em nosso
sangue e é produzido pelos rins. Tem o aspecto de um pó branco, de sabor,
infelizmente, nada convidativo, sendo este um dos principais fatores que
desincentivam as pessoas a tomá-lo. Seu aproveitamento pela indústria química é
bastante amplo, envolvendo extintores de incêndio, fermentos químicos,
antiácidos, desodorantes, entre outras tranqueiras.
No que diz respeito à musculação, o bicarbonato é um
importantíssimo tampão extracelular que nosso organismo utiliza para “combater”
a acidose corporal. O problema é que, no caso de nós marombeiros, a demanda é
maior do que a produção interna.
As principais causas disso são a falta de bicarbonato na
dieta, o aumento dos gastos da substância durante o treinamento para dar uma “segurada”
no ácido lático e a elevada perda que ele sofre para a urina.
Tendo em vista este cenário, além de outros fatores que
irei expor mais adiante, seria interessante pensarmos em sua suplementação.
4. O
ÁCIDO LÁTICO E O pH MUSCULAR
Aí está lá você, todo paquitão na academia, fazendo o seu
treino. Qual a principal fonte de energia gasta pelos músculos durante os
exercícios? O glicogênio. A glicose dele é oxidada e vai fornecer os subsídios
para que você realize o seu trabalho muscular. Só que nem tudo são flores, essa
reação produz um resíduo, que acredito que quase todos já ouviram falar: o
ácido lático.
Como o próprio nome já diz, ele é ácido, ou seja,
possui pH baixo (se fosse básico, o ph seria alto (maior que 7)). Sendo
assim, durante o exercício, o pH muscular vai ficando ácido, por conta do
acúmulo de H+ (íons de hidrogênio).
Continuando, o meio ácido tem um problema: ele prejudica
o seu desempenho ao puxar ferro. Conforme o nível de acidez na musculatura
aumenta, inibe-se a atuação de importantes enzimas responsáveis pela “geração
de energia”, como a fosfofrutoquinase e a fosforilase. Em outras palavras, presenciamos
a fadiga muscular, a queda de rendimento e a impossibilidade de se executar
aquela repetição a mais.
Agora, posto isso, vamos chamar o bicarbonato na
brincadeira:
Como foi dito acima, ele participa do tamponamento
ácido-base no tecido muscular. Isso significa que ela é capaz de
atrapalhar/atrasar o processo de acidificação que ocorre por conta do acúmulo
de íons de hidrogênio, fato que vai permitir que você tenha maior disposição no
treino, pegue mais peso, faça mais repetições, etc., melhorando, assim, seu
desempenho como um todo.
Por conta disso que se começou a acrescentá-lo nos suplementos
chamados de “pré-treino/pre workout”, que viraram uma verdadeira febre já há
alguns anos...
Infelizmente, os melhores benefícios da suplementação
estão com a turma dos exercícios de alta intensidade e de curta duração, como
nos anaeróbios, não apresentando resultados satisfatórios com os aeróbios.
Rapaziada, só para frisar, já que o assunto é muito
importante, temos as seguintes ideias centrais discutidas até agora: os
exercícios aumentam o ácido lático, que por sua vez acidifica a musculatura, gerando
a fadiga. O bicarbonato vai atuar nesse cenário como tampão, atrasando a
acidificação e ajudando a retardar a falha muscular, permitindo, com isso, que
se aumente a intensidade nos treinos.
5. A SUPLEMENTAÇÃO
E ALGUNS EFEITOS COLATERAIS
A suplementação de bicarbonato de sódio pode não ser tão
simples quanto parece. Existe uma série de marotagens para aumentar a sua
eficácia, além de diminuir o aparecimento dos colaterais.
O primeiro problema começa na ingestão do produto: quando
chega no estômago, o NaHCO3 reage com o HCl do estômago, da seguinte maneira:
NaHCO3(s) + HCl(aq) -> NaCl(s) + H2CO3(aq) -> NaCl(s) + H2O(l) + CO2(g)
Reparem que desta reação, podemos tirar algumas
conclusões e tecer alguns comentários:
- A concentração de ácido no estômago diminui: isso pode não ser nada bom caso você tenha muitos alimentos proteicos
neste órgão, haja vista que a enzima pepsina, que funciona num pH entre 1-2,
não vai conseguir trabalhar muito bem e a sua digestão deste querido
macronutriente ficará muito mais lenta, além de prejudicada.
- Formação de gás carbônico (CO2): sua barriga vai dar uma bela de uma
dilatada, como no início de uma gestação, mas fique tranquilo, pois você só vai
parir a criança mais tarde...
Além da maravilhosa sensação de estômago “inchado”, você
também vai arrotar bastante: BURP! BURP! (Acho importante mencionar que há
pessoas que chegam inclusive a vomitar por conta do mal estar).
Posto isto, a brincadeira continua pelo tubo digestório:
seus intestinos, assim como a flora intestinal, podem não apreciar muito essa
bagunça toda e começarão a protestar através de gases e de cólicas. Resultado:
chegou a hora de parir a criança, com uma bela má rabugem, também chamada de
caganeira, com belos e sonoros peidos.
Porra, Fernandão,
então estamos todos fodidos! De que adianta o bicarbonato de sódio ser tão
legal se dá tantos colaterais assim?!
Calma! Isso é o que eu irei explicar no próximo artigo da
série, até lá!
(Esta série contém 4 partes. Continue a leitura acessando: parte 1, parte 2, parte 3 e parte 4.)
(Esta série contém 4 partes. Continue a leitura acessando: parte 1, parte 2, parte 3 e parte 4.)
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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