Fala
rapaziada!
Hoje dou
início a uma série bem pequena, apenas de duas partes, sobre a maravilhosa canela.
Peço a todos para que não sejam apenas leitores passivos do site, que vêm aqui sugar um pouco de conhecimento sem dar nada em troca: cliquem em curtir (aí do seu lado direito no cabeçalho do texto), não custa nada... Se você gostou da leitura, compartilhe, assim ajudará a divulgar o site. Obrigado e boa leitura!
1. CONHECENDO A CANELA
A canela que
consumimos no dia a dia pode ser obtida através de 4 espécies principais do
gênero Cinnamomum: a C. verum (originária do Sri Lanka), a C. cassia (China), a C. burmannii
(Indonésia) e a C. loureiroi
(Vietnã). As duas mais consumidas e estudadas, que irei utilizar como objeto de
debate nesta série, são a verum, que é tida como a canela verdadeira, e a
cassia (saudades de escrever textos de biologia!).
A C. verum é a canela de melhor qualidade,
mais cara, doce, saborosa, leve e com melhor aroma. A C. cassia é a mais comercializada, embora seja muito menos doce e
possua concentrações elevadas de cumarina (5 a 8% da amostra), uma substância
que é hepatotóxica e que afina o sangue. Discutiremos a respeito disto mais
adiante.
A canela é
um tempero/especiaria milenar obtido dos ramos/galhos/cascas secos e moídos
dessas árvores do gênero Cinnamomum,
sendo bastante rica em manganês, cálcio, ferro e fibras.
O seu
composto orgânico mais característico, que lhe dá sabor e odor muito marcantes,
é o cinamaldeído: um líquido de cor amarela bastante utilizado no fabrico de
perfumes, essências, aromatizantes, flavorizantes, fungicidas, inseticidas, etc.
Ela
normalmente é usada em pó, podendo ser adicionada a qualquer tipo de comida e
bebida, inclusive com a intenção de adoçar. Só deixo claro para os gulosos de
plantão que o poder dela neste aspecto é pequeno: trata-se de um singelo
quebra-galho.
Se você for
fazer um chá ou cozinhar com alimentos, compre canela em pau. Esta seria a
única possibilidade para que os homens a consumam, já que comer ou chupar
canela em pau, docinha ou não, seria bastante desprestigioso e nada masculino.
Agora, se
você curte uma viadagem para valer e tem nojinho de consumir canela, sei lá por
quais motivos, dá para comprá-la ou manipulá-la em comprimidos. Nem preciso
dizer que é uma frescura sem tamanho, porém, para deixar o artigo mais
completo, fica aqui anotado.
O produto só
terá real valor nutricional se for fresco. Na dúvida, faça o teste, basta
cheirar: se estiver com o aroma característico, ainda é próprio para o consumo.
Guarde-o em pote bem fechado e em local seco e sem luz.
Vamos, a
partir de agora, começar a entender a importância deste alimento e porque ele é
incluído nesta maldita modinha dos “alimentos funcionais”.
2. INSULINA, GLICOSE E CANELA
Como meu
objetivo é sempre simplificar as coisas, vamos analisar apenas uma faceta da
digestão, preparando o terreno para analisarmos a canela.
Você come
alguns gramas de carbo, seu corpo faz a digestão (às vezes não precisa, no caso
dos monossacarídeos) e seu intestino delgado absorve toda esta energia.
Enquanto isso, seu pâncreas já fica todo em alerta para liberar um dos mais anabólicos
hormônios que nosso corpo produz: a insulina.
O papel dela
é auxiliar na construção e no fornecimento de suprimentos através do transporte
da glicose até as células musculares e o fígado (guardando glicogênio). Em uma
dieta má elaborada, com muitas sobras energéticas, teremos crescentes estoques
de gordura nos adipócitos (que guardam este excesso na forma de triglicérides).
De forma
muito simplificada e ilustrativa, a insulina é uma espécie de ônibus. Ela chega
ao Terminal Intestino, pega a rapaziada e leva até o ponto final: a membrana
celular. A eficiência e o tamanho desse busão irão variar de pessoa para
pessoa. Algumas têm veículos tão eficientes, que são capazes de levar uma
caralhada de passageiros por vez, fazendo com que a frota disponível seja
pequena (caso das que possuem boa sensibilidade à insulina).
No entanto,
há pessoas que produzem muito mais ônibus do que o necessário, causando um baita
trânsito, pois os passageiros fazem cu doce, literalmente, para embarcar (“Tá
muito cheio, vou esperar o próximo!”).
Este é o
perfil de pessoas que têm a chamada resistência à insulina, também conhecida
por síndrome metabólica. No longo prazo, a brincadeira pode desencadear a
diabetes tipo-II.
Voltando à
realidade, o que acontece com estes indivíduos, normalmente com péssimos
hábitos alimentares e estilo de vida e com uma genética propícia, é que suas
células vão ficando mais resistentes à ação da insulina, “fazendo corpo mole”. Sendo
assim, nosso pâncreas é obrigado a fabricar muito mais deste hormônio do que
seria necessário, como uma tentativa desesperada de fazer as células
recepcionarem a glicose.
Aí fica
aquela beleza: picos e mais picos de insulina, todo santo dia, criando um
efeito bola de neve... Resumindo: por não respeitar os sinais, o indivíduo
acaba desenvolvendo resistência a este hormônio, podendo desencadear
quadros de:
- diabetes
tipo-II;
- pressão
alta;
- ganho
excessivo de peso, especialmente abdominal, com variados graus de obesidade;
- doenças
cardiovasculares;
- sonolência
excessiva.
Árvore de canela |
Para que o
leitor tenha noção da gravidade da atual situação, por conta dos péssimos
hábitos alimentares da população, estima-se que 1 entre cada 3
norte-americanos, nascidos a partir do ano 2000, irá desenvolver diabetes
tipo-II em alguma fase da vida. A doença está virando uma espécie de epidemia
na chamada “dieta ocidental”.
Ocorre que o
pâncreas do cara já está trabalhando acima do limite e não tem mais como
produzir níveis exorbitantes de insulina para “convencer” as células a
aceitarem a glicose. Resultado: terá de fazer uso de medicamentos.
Bom, e agora
eu aproveito todo este cenário relatado para chamarmos a canela na brincadeira.
Um estudo realizado com 60 indivíduos portadores de diabetes tipo-II, divididos
em três grupos, que receberam 1, 3 e 6 gramas de canela por dia cada, mostrou
que os níveis de glicose sanguínea abaixaram entre 18 e 29% ao final de 40 dias
de exames. Os melhores resultados eram proporcionais à quantidade ingerida.
Podemos
concluir, por conta disso, um dos principais efeitos benéficos da canela:
aumentar a sensibilidade à insulina nas pessoas, fazendo com que produzamos
menos quantidades deste hormônio, que, por sua vez, trabalhará de forma mais
eficiente. O interessante é que esse alimento funciona da mesma maneira em
todos os indivíduos, inclusive naqueles que não apresentam doença alguma.
Fonte: (Khan et al., “Cinnamon improves glucose and
lipids of people with thype 2 diabetes, 2003.)
Acredita-se
que a canela atue por três vias. A primeira já foi relatada acima, que é o
aumento da sensibilidade a insulina. A segunda seria através da imitação da
atividade biológica do hormônio citado, potencializando o metabolismo da
glicose em nosso corpo.
Essa melhora
metabólica irá diminuir a quantidade de glicose armazenada sob a forma de
triglicerídeos (gordura) nos adipócitos, ajudando no combate ao aumento do BF
(quantidade de gordura corporal).
Por fim, a
terceira via ocorre por conta do “atraso digestivo” que a canela produz. Ela
faz com que a digestão fique mais lenta (maior tempo de esvaziamento gástrico),
de modo que você sinta saciedade por mais tempo (coma menos) e não tenha picos
tão elevados de insulina (diminuição da glicemia da refeição).
Ficamos por
aqui. Até o próximo capítulo!
ATENÇÃO: esta série contém duas partes. Para ler a parte 2, clique aqui.
ATENÇÃO: esta série contém duas partes. Para ler a parte 2, clique aqui.
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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