Fala
rapaziada!
O combinado
neste artigo vai ser o seguinte: simplicidade. O público alvo não são meus
colegas biólogos, muito menos químicos, nutricionistas ou médicos, então, de
nada adianta eu entrar em detalhes quanto a processos enzimáticos,
desintoxicantes ou cancerígenos.
Infelizmente,
uma ou outra palavra “estranha” vai rolar, como isotiocianato, por exemplo, mas
não há problema algum se 20 segundos após encerrar a leitura você esquecer que
esse negócio existe.
Única coisa
que eu quero que você saia daqui sabendo é que os crucíferos previnem contra o
câncer, ajudam a eliminar impurezas do organismo e reduzem a atuação do
estrogênio, fechado?
É
até complicado eu dar estes avisos logo de cara, pois aposto que vai ter muito
ramelão que vai encerrar a leitura por aqui, mas para quem não se dá por
satisfeito assim tão facilmente, eu convido a ler o texto.
Um último recado antes de darmos início ao estudo: peço a todos para que
não sejam apenas leitores passivos do site, que vêm aqui sugar um pouco de
conhecimento sem dar nada em troca: cliquem em curtir (aí do seu lado direito
no cabeçalho do texto), não custa nada... Se você gostou da leitura,
compartilhe, assim ajudará a divulgar o site. Obrigado!
3. FERRANDO COM O ESTROGÊNIO E PREVENINDO
O CÂNCER
Vegetais crucíferos. |
Lembram-se
da tal da enzima mirosinase que vimos no último capítulo? Ela é quem vai atuar na
quebra da molécula citada, liberando o já famigerado índole-3-carbinol (I3C) e uma outra parada chamada isotiocianato. Eu achei isto
curioso demais e me faz lembrar uma frase de Ori Hofmekler, autor da dieta do guerreiro, que dizia mais ou menos assim: “a natureza é tão “inteligente”,
que alguns alimentos já veem com enzimas para que você possa digeri-los mais
facilmente”.
No caso, o simples
ato de mastigar e/ou cortar estes alimentos já faz com que a mirosinase e o
glicosinolato entrem em contato e sofram uma interação.
Tanto o I3C
quanto o isotiocianato atuam na prevenção de vários tipos de câncer, por conta
de seu efeito antioxidante e também por agirem diretamente nas células
epiteliais do intestino e do fígado, estimulando a atuação de enzimas que elas
produzem que, dentre outras funções, atuam na desintoxicação do organismo.
Ocorre aqui
que estes órgãos são os dois principais responsáveis por limpar o lixo do nosso
corpo, como restos metabólicos e drogas, através de um processo que pode ser
dividido em duas etapas: Fase I e Fase II.
Na primeira,
basicamente pegamos as “toxinas” e as transformamos em produtos intermediários,
muitas vezes até mais nocivos ao corpo do que as substâncias iniciais.
Obviamente, isto será um problema, pois seria o equivalente a tentar apagar uma
fogueira com um balde de gasolina. Além disso, diversos radicais livres são
formados no processo.
Posto isso,
temos a segunda fase, onde pegaremos essas moléculas intermediárias e as
transformaremos em outras de fácil eliminação pelo organismo, gastando, com
isto, uma cacetada de nutrientes como aminoácidos e glicosinolatos.
Além disso,
o I3C ainda consegue se ligar aos receptores de estrogênio, prevenindo-nos
contra uma mega atuação dos tipos ruins do hormônio, como o estradiol, por
exemplo. Além de atenuar os efeitos da estrona, metabolizando-a em formas mais
brandas. As principais consequências disso são:
- Diminuição
dos riscos de alguns tipos de câncer, como mama, próstata e útero.
- Redução da
circunferência abdominal.
- Menor
retenção.
- Aumento de
massa magra.
- Auxílio durante
o ciclo e na TPC (terapia pós-ciclo) dos usuários de drogas anabolizantes
(ajudando, por exemplo, no combate à aromatização).
Apenas para
ilustrar como funciona esse lance do câncer, vamos tomar como exemplo o das
mamas. Ocorre que em casos de produção endógena elevada, terapia de reposição
hormonal e uso de pílulas anticoncepcionais, temos um estímulo muito perigoso
dos receptores alfa das células mamárias pelos altos níveis de estrógeno
circulante.
O prejuízo
aqui são basicamente dois: incentivo para que todas as células da região
comecem a se dividir, inclusive as cancerígenas. Porém, tal fato não ocorrerá
de forma “organizadinha e planejada”, mas sim com muita pressa, aumentando,
assim, a probabilidade de erros durante estas divisões, podendo ocasionar
mutações.
Isso fica
fácil de explicar quando comparamos com o seguinte exemplo: imagine ser
encarregado de uma tarefa onde você terá de lavar 100 pratos imundos em 2
minutos, para, quem sabe, tentar ganhar um prêmio. Ao final da empreitada,
muito provavelmente teremos pratos quebrados, além de muitos outros porcamente
limpos, pelo simples fato de que você foi obrigado a fazer a brincadeira
correndo, sem capricho e sem atenção...
4. DOSES E EFEITOS COLATERAIS
Falar sobre a quantidade de crucíferos que você terá de
comer todos os dias é um tanto quanto complicado e até hoje não se chegou a um
consenso. Tendo por base um grande número de pesquisas e fazendo uma
especulação por amostragem, é possível estipular um valor entre 1 a 1,5 xícara
cheia de algum integrante do grupo por dia (eu “erro” para mais). Só com esta
pequena dose, acredita-se que seja possível reduzir em 50% os riscos de
desenvolvimento de algum dos tipos de câncer citados neste artigo.
Para quem é usuário de anabolizantes e quer fazer uso de
crucíferos como antiestrogênico, recomendo comer entre 300 e 500g por dia
desses vegetais. Para deixar claro, isto não exclui o uso de outros
medicamentos para este fim, mas fará uma grande diferença na sua vida.
Em relação aos efeitos colaterais, temos algo
interessante a ser discutido:
1) Ação desintoxicante exagerada: o
efeito do I3C é tão forte, que você terá de tomar cuidado com os remédios que
consome diariamente, haja vista que ele irá potencializar o metabolismo e a
excreção das drogas.
Como fica muito difícil de prever qualquer cenário de
“interação medicamentosa” por aqui, o jeito será conversar com um médico, mas
já adianto: a menos que seja um profissional bastante diferenciado, ele vai
tentar te enrolar na resposta... É fato...
Aproveitando o gancho dos farmacológicos, saiba que
antiácidos diminuem a absorção do I3C. Sendo assim, aumente o consumo de
crucíferos ou procure administrar o remédio em horários bem distantes aos das
refeições com estes vegetais.
2) Influência na tiroide:
isso foi discutido no artigo anterior da série, no entanto, para recapitular:
“saiba que os crucíferos
crus contêm o que se conhece por goitrogênicos, substâncias que interferem no
metabolismo da glândula citada, podendo hipertrofiá-la (antes fosse no bíceps
heim?!), por conta da hipercompensação de TSH,
além de causar prejuízos na produção de hormônios tireoidianos
(exemplos: T3 eT4).”
Além disso,
temos também outra substância, chamada indole-glicosinolato, que compete com o
iodo para se ligar à tiroide, agravando o quadro de desenvolvimento de
hipotireoidismo.
A título de
ilustração, gostaria de citar um caso muito curioso que encontrei sobre uma
coroa de 88 anos que apresentava um quadro bastante grave de hipotireoidismo e
coma. Tal fato foi facilmente explicado quando descobriram que ela tinha o
hábito de consumir de 1 a 1,5 kg de brócolis chinês cru todos os dias!
3) A
maldição cruciatus (esta é para os
fãs): quem conhece
um pouquinho sobre as maldições imperdoáveis sabe que a cruciatus não brinca em serviço e é capaz de causar grande tortura
física e psicológica ao seu alvo.
Pois bem, por serem extremamente ricos em enxofre, os
vegetais crucíferos poderão se tornar um verdadeiro pesadelo no quesito flatulência.
“Nossa, mas o que é isso?” É
uma forma mais pomposa, digamos assim, de se referir ao peido, pum, bufa ou
rojão.
É bastante normal que a pessoa
tenha problemas com gases e seu odor de podridão ao consumir este grupo de
vegetais, sendo que a tal da flatulência aqui não é brincadeira não: dá para
esvaziar uma sala de cinema e nocautear qualquer pessoa num raio de 3 metros ao
redor do orifício por onde o gás tóxico saiu. Portanto, muito cuidado ao
arriscar um “inocente” peidinho, já que ele poderá se tornar uma verdadeira
catástrofe...
CRUCIO!
Esta série possui duas partes. Leia a anterior clicando aqui.
REFERÊNCIAS
1.
Tiwari,
R.K. et al. (1994). Selective responsiveness of human breast cancer cells to
indole-3-carbinol, a chemopreventive agent. JNCI.
2.
Bradlow,
H.L., Sepkovic, D.W., Telang, N.T., Osborne, MP (1999). Indole-3-carbinol. A
novel approach to breast cancer prevention.
3.
Talaley,
P., Zhang, Y. (1996). Chemoprotection against cancer by isothiocyanates and
glucosinolates. Biochem
Soc Trans
4.
Beecher,
C.W. Cancer preventive properties of varieties of Brassica oleracea: a review
(1994).
5.
Osborne,
M.P., et al. (1993) Increase in the extent of estradiol 16 alpha-hydroxylation
in human breast tissue: A potential biomarker of breast cancer risk. JNCI.
6.
Giovannucci et al. (2003). A
prospective study of cruciferous vegetables and prostate cancer.
7.
McMillan et al. (1986).
Preliminary observations of the effect of dietary Brussels sprouts on thyroid
function.
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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