VITAMINA C e MUSCULAÇÃO – PARTE 2

Fala marombada! Tranquilidade?

No último artigo falamos um pouco sobre a história da vitamina C e sobre algumas funções essenciais que ela desempenha no organismo. No artigo de hoje, discutiremos a respeito do famosíssimo efeito antioxidante, das polêmicas e incompreensões que cercam o tema e dos efeitos que a deficiência deste micronutriente poderão gerar no organismo.

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3. RADICAIS LIVRES Vs. VITAMINA C E SEU EFEITO ANTIOXIDANTE

Primeiramente, o que é um radical livre? 

Nosso metabolismo gera alguns resíduos, como, por exemplo, moléculas instáveis de oxigênio, altamente reativas. Trocando algumas palavras muito simplificadas e ralas de bioquímica, quando deixamos uma molécula instável, queremos dizer que ela tem um número de elétrons “desfavorável” na sua camada mais externa, ou seja, ela vai ter que receber ou doar elétrons para “ficar numa boa”. No caso dos radicais livres, eles querem elétrons e, por serem grandes maloqueiros, vão sair roubando de geral: é aqui onde começam os problemas...

Essas espécies reativas de oxigênio são famosas por seus efeitos degenerativos, aumentando as chances de desenvolvimento de variados tipos de câncer (exemplo: multiplicação de uma célula que cause danos ao corpo), assim como acelerando o envelhecimento, fato que gerou um sinônimo para a palavra antioxidante: antienvelhecimento.

Nosso organismo consegue lidar perfeitamente com uma parte dessa oxidação, haja vista que ela nos acompanhou durante todo o processo evolutivo e algumas peças do nosso metabolismo dependem desse cenário. Por conta disso, não devemos suprimir em 100% os radicais livres.

No entanto, a história torna-se realmente problemática quando se analisa o estilo de vida do homem moderno, que cria um verdadeiro exército de  oxidantes em nosso organismo: habitando cidades poluídas (isto já é quase uma redundância), bebendo, fumando, levando uma vida de trabalho/estudos estressantes, além de sedentária, e, é claro, tendo péssimos hábitos alimentares. Realmente, dado o contexto, será necessário um cuidado especial na ingestão de antioxidantes.

Mas afinal, para que eles servem? Como eles combatem os radicais livres?!

Para nos defendermos destas espécies reativas é que entram em cena os antioxidantes, sendo a vitamina C, muito provavelmente, a mais famosa. Eles farão o papel de doadores de elétrons no lugar das nossas células corporais, protegendo-as, feito um guarda-costas. Observe:



4. EFEITOS DA FALTA DE VITAMINA C NO ORGANISMO

- Joãozinho, qual é a doença causada pela falta de vitamina C no nosso corpo?
- Hummm... Beribéri é da B... Hemorragia é da K... Ah, é o escorbuto!
- Nota 10, Joãozinho!

Sinceramente rapaziada, dei essa caricaturizada logo de cara para mostrar que o escorbuto está mais para uma doença de livro do que para a nossa realidade. Para quem não sabe, eu também tenho formação na área de Ciências Biológicas, pelo Instituto de Biologia da Universidade de São Paulo. Lá a gente estudou as vitaminas de forma aprofundada e confesso para vocês: nunca vi pessoalmente um caso clássico de escorbuto que não fosse de forma induzida em porquinhos-da-índia de laboratório.

Nos países desenvolvidos, essa porcaria praticamente inexiste, ficando restrita aos locais mais miseráveis do globo, especialmente na África e na Ásia. O Brasil, por ser um país de bosta, governado por filhos da puta, mesmo figurando entre os mais ricos da atualidade, consegue apresentar um ou outro caso.

Para que o leitor tenha noção, o indivíduo terá que restringir a ingestão de vitamina C na dieta a menos de 10mg ao dia por 6 meses para conseguir iniciar os sintomas! Puta que pariu, é muito tempo!! Além disso, praticamente qualquer vegetal fresco possui alguma quantidade desse micronutriente, variando conforme a espécie. Sendo assim, a menos que o coitado viva uma vida totalmente miserável ou goste de brincar de pirata old school, terá de se esforçar MUITO para ficar doente e desenvolver o escorbuto.
Só para não deixar em branco, vamos recordar os principais sintomas da doença que aprendemos no colégio: fraqueza e fadiga generalizada, sangramento de mucosas, má cicatrização de feridas, ulcerações na boca/gengivas, perdas de dentes e de cabelos, dores nas juntas e enfraquecimento dos vasos sanguíneos. Este último efeito pode se manifestar pelo extravasamento de sangue, causando manchas arroxeadas (equimoses) ou pontos de vermelhidão (petéquias) na pele. Por fim, os casos mais graves podem levar à morte.

Deixando essa bagunça toda de lado e tendo em vista o que foi explicado no último artigo da série, vamos aos efeitos colaterais que realmente nos interessam e que podem acontecer.

Normalmente, as pessoas que sofrem de algum malefício por falta de vitamina C são as que têm alguma deficiência genética de metabolismo e/ou absorção da substância em questão, assim como pacientes com câncer, os fumantes e os fãs do álcool. Acredito que em relação aos dois últimos casos estamos tranquilos, haja vista que uma pessoa que leva a musculação realmente a sério, e não por moda, não bebe nem fuma...



O baixo consumo de vitamina C poderá causar algum prejuízo na constituição do colágeno, fato que irá refletir em nossos vasos sanguíneos (desenvolvimento de doenças cardíacas), ligamentos e tendões. Reparem nos efeitos colaterais descritos no escorbuto e perceberão que a maioria está relacionada a uma problemática síntese dessa proteína. Além disso, por auxiliar na absorção de ferro, algumas pessoas com predisposição genética poderão, inclusive, desenvolver certo grau de anemia. 

Por fim, o metabolismo de gorduras e a síntese de neurotransmissores também ficarão prejudicados.

Ficamos por aqui. No próximo artigo da série iremos discutir sobre as principais fontes de vitamina C, seus tipos, doses e formas de melhorar a absorção. Até lá!


ATENÇÃO: Essa série contém 6 partes. Continue a leitura acessando: 
- parte 1: Histórico/ Vitamina C: funções e benefícios;
- parte 2: Radicais livres Vs. vitamina C e seu efeito antioxidante/Efeitos da falta de vit. C no organismo;
- parte 3: Fontes naturais e dose diária recomendada;
- parte 4: Gripes, resfriados e vitamina C;
- parte 5: Efeitos colaterais causados pelo excesso de vitamina C;
- parte 6: Vitamina C e musculação.



FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


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