VITAMINA C e MUSCULAÇÃO – PARTE 4

Fala galera! Tranquilidade?

O artigo de hoje será voltado para a discussão: vitamina C é capaz de curar/prevenir resfriados???

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6. GRIPES, RESFRIADOS E VITAMINA C

Quem aqui nunca pegou uma gripe que, por certo tempo, arruinou todo um planejamento de treino e de dieta, mandando pelo ralo a querida massa magra duramente conquistada?

O acontecimento é sempre muito triste e recheado de revolta, não é verdade? A melhor maneira de se prevenir, provavelmente, é tentando consumir toda sorte de vegetais frescos e tomando a vacina da gripe anualmente, além dos cuidados básicos de não beber, fumar, cuidar do sono, etc.

Em relação às suplementações para reforçar o sistema imunológico, o número 2 da lista talvez seja a glutamina, que já foi bastante discutida numa série específica aqui do site (clique aqui para ler). A campeã, no entanto, é a vitamina C.

Agora, eu pergunto: será ela realmente eficaz ou apenas mais um fruto de campanhas publicitárias enganosas e/ou manipuladas (coisa muito comum em nosso esporte)?

Tudo começou em 1970, conforme citado na introdução desta série, com a divulgação do trabalho “a vitamina C e sua influência no resfriado comum”, por Linus Pauling. Desde então, a indústria farmacêutica encontrou uma excelente fonte de renda com a fabricação e comércio deste micronutriente sintético, fato que perdura até os dias de hoje.

Saí em busca de artigos e pesquisas científicas acerca deste tema e acabei juntando bastantes coisas legais. Vamos começar e exposição e no final fazer uma pequena conclusão tentando amarrar todos os fatos:

MAGGINI et al., “A Combination of High-Dose Vitamin C plus Zinc for the Common Cold”, Journal of International Medical Research, 2012.

Este estudo (duplo-cego) testou a eficácia de 1g de vitamina C + 10mg de Zinco (Zn) no tratamento de resfriados. O grupo da suplementação teve uma recuperação mais satisfatória dentro de 5 dias do que o grupo controle (placebo).

Sei que o zinco não é nosso objeto de estudo nesta série, mas aproveitei esta pesquisa por dois motivos: primeiro, pela sua data recente (Fev/2012); segundo, porque um ponto chave do cenário “vitamina C Vs. Gripes/resfriados” é que um único nutriente, sozinho, não é capaz de fazer milagres. 
Precisamos, também, da ajuda do zinco, de vitaminas do complexo B, do ácido fólico e do cobre. Ah, e por falar nele, gostaria de expor mais alguns fatos:

O mais TOP de tudo não é o ácido ascórbico em si, mas sim uma parte de sua molécula denominada de “complexo C”, parte esta que é essencial para o bom funcionamento dos linfócitos, que são nossas células de defesa (glóbulos brancos) presentes no sangue.

Tal fato deve-se ao cobre (Cu), elemento que pertence ao complexo C, que, segundo pesquisas, parece ter alguma influência na capacidade que os linfócitos têm de matar agentes patogênicos. Chegou-se a este conclusão ao se privar nossas células de defesa deste mineral e se observar que elas se tornavam ineficientes.



- ANDERSON et al., “Winter illness and vitamin C: the effect of relatively low doses”, 1975.

Eu sei, o estudo é velho para cacete, da época do Linus, porém é interessante já que testou tanto o ácido ascórbico quanto os ascorbatos de cálcio e sódio no tratamento de doenças infecciosas de inverno como gripes e resfriados. Para resumir, os resultados foram os mesmos, não havendo diferenças entre os produtos. Usaram 1,5g no primeiro dia dos sintomas e 1g nos 4 dias subsequentes. 
Ao final dos estudos (635 casos de doentes), constataram que a vitamina C teve efeito benéfico na rapidez da melhora dos enfermos.


- CLAY GORTON and KELLY JARVIS: “The effectiveness of vitamin C in preventing and relieving the symptoms of virus-induced respiratory infections”, Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics, 1997.
O grupo controle deste estudo possuía 463 estudantes (entre 18 a 30 anos) e a turma da suplementação era composta por 252 jovens, da mesma faixa etária citada. Os doentes receberam a vitamina C da seguinte maneira: 1g/h nas 6 primeiras horas dos sintomas, depois 1g/3h.

Os sintomas do grupo do ácido ascórbico foram reduzidos em 85% se comparados ao grupo placebo, fato que mostrou que a suplementação pode ser realmente eficaz no tratamento dos enfermos.


- Michael Van Straten and Peter Josling: “Preventing the common cold with a vitamin C supplement: a double-blind placebo-controlled survey”, 2002.

Este estudo, cuja metodologia já está descrita no título, analisou 68 voluntários por 60 dias da seguinte maneira: uma turma no placebo e outra recebendo dois tabletes de vit. C por dia. Resultados: esta última rapaziada teve menos casos de resfriados (37 contra 50 do outro grupo), menos dias combatendo vírus (85 Vs. 178), assim como menos tempo apresentando sintomas mais graves da doença (1,8 Vs. 3,1).

 - Harri Hemilä, “Vitamin C intake and susceptibility to the common cold”, British Journal of Nutrition, Vol. 77, jan 1997.

Este estudo fez algo muito legal na Inglaterra: juntou-se os resultados de mais de 5000 casos de resfriados tratados com vitamina C (que foram analisados através de pesquisas) e chegou-se à conclusão de que a incidência de casos da doença não é reduzida pela vitamina C...

Na verdade, depois de algumas comparações, até poderíamos admitir que o micronutriente seja de fato eficaz, mas em episódios restritos a determinados grupos sociais, e não à população em geral, já que nem todo mundo responde da mesma forma a um mesmo tratamento.

Minha intenção ao divulgar este último estudo foi a de tumultuar: afinal, a vitamina C é ou não é eficaz no combate à gripe? Caramba, uma pesquisa fala que a coisa é boa, aí outra vem e fala que não, isso sem mencionar aquela primeira que defendia o uso... Complicado, não?

Sinceramente, acho que ainda não temos 100% de segurança para afirmar que o produto seja ou não eficaz ou qual seria a melhor dose a ser usada. Para mim, aparentemente ele dá resultados sim...

Mesmo porque, temos também um fato ainda não mencionado durante os textos de que a vitamina C na forma ácida (ácido ascórbico) ajuda a acidificar o sangue, coisa que prejudica o desenvolvimento dos agentes patogênicos nos quadros infecciosos. No longo prazo isso é bastante prejudicial ao organismo, mas em episódios esparsos, está ok.

Neste contexto todo, o jeito vai ser dar tiros no escuro chutando algumas doses nos 5 dias principais da gripe/resfriado e ver no que vai dar...

Ficamos por aqui. No próximo capítulo, iremos discutir sobre os efeitos colaterais que o excesso de vitamina C pode causar em nosso organismo.

AATCHIIMM!


ATENÇÃO: Essa série contém 6 partes. Continue a leitura acessando: 
- parte 1: Histórico/ Vitamina C: funções e benefícios;
- parte 2: Radicais livres Vs. vitamina C e seu efeito antioxidante/Efeitos da falta de vit. C no organismo;
- parte 3: Fontes naturais e dose diária recomendada;
- parte 4: Gripes, resfriados e vitamina C;
- parte 5: Efeitos colaterais causados pelo excesso de vitamina C;
- parte 6: Vitamina C e musculação.



FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


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