Fala
rapaziada!
Vamos dar
continuidade à série falando mais detalhadamente das causar do overtraining.
Antes de darmos início, peço a todos para que não sejam apenas leitores passivos do site, que vêm aqui sugar um pouco de conhecimento sem dar nada em troca: cliquem em curtir (aí do seu lado direito no cabeçalho do texto), não custa nada... Se você gostou da leitura, compartilhe, assim ajudará a divulgar o site. Obrigado!
B) CAUSAS DO OVERTRAINING
Infelizmente,
nosso esporte (o melhor e mais completo que existe) tem uma peculiaridade que o
distingue dos demais: em musculação, muitas vezes, “menos é mais”.
Não é igual ao futebol, onde o jogador treina
intermináveis defesas e cobranças de falta diariamente, ou como no basquete
onde o atleta faz milhares de arremessos semanais. Tais atividades constantes e
repetitivas visam a uma melhora no desempenho esportivo, sendo que quanto mais
o praticante treina, melhor ele fica.
Caso nós
marombeiros treinássemos assim, seríamos mais magros que os maratonistas, ou
seja, pele e osso. O aprimoramento na musculação não envolve apenas o
treinamento, como acontece com os caras citados acima. Nossa atividade, dentro
do ginásio, depende de um estímulo intenso apenas o suficiente para fazer as
fibras musculares se desenvolverem, sendo que a continuação deste trabalho ocorrerá
no descanso e na alimentação, que acontecem nas outras 23 horas do dia. Além
disso, os treinamentos normalmente ocorrem entre 2 e 5 vezes na semana, e não
diariamente, justamente pela necessidade de repouso.
No entanto,
muitas pessoas não respeitam isso (por teimosia, ganância, má orientação) e
treinam de forma compulsiva e descontrolada. Vamos ver os exemplos?
(Observação: todos são verídicos e aconteceram com pessoas com quem já tive
contato dentro das academias).
1- Garoto de 18 anos que começou a
treinar: os
amigos dele, que treinavam há mais tempo, já haviam obtido algum resultado e
contavam com certa hipertrofia. Preocupado, nosso camarada tentou treinar de
segunda a segunda, duas horas por dia, para tirar o atraso.
Resultado:
lesões múltiplas pelo corpo, especialmente ombros e cotovelos, e
desenvolvimento ora retrógrado, ora estagnado, fato que levou nosso garoto a
recorrer aos anabolizantes, “já que treino natural não serve para crescer”.
Quanta inocência e teimosia...
2- Aluna minha: antes de treinar comigo ela passou
pela mão de um personal bem do picareta e mal preparado. Como o cara queria
apenas o dinheiro do cliente, em detrimento dos resultados e do bem-estar
alheio, quanto mais aulas ele inserisse na rotina da menina, melhor.
Além disso,
como agravante, ela pratica artes marciais e outras atividades físicas algumas
vezes na semana e, convenientemente, o malandro não avisava que seria
prejudicial ao desenvolvimento puxar ferro logo após esses outros treinos
paralelos, especialmente sem nutrição adequada.
Como se tudo
isso não bastasse, quando alguma reposição de aula era necessária (por motivos
de falta, compromissos, doença), o safado emendava uma aula na outra, ou seja,
3 horas de musculação sem parar.
Foi um dos
piores casos de overtraining que já vi. Quando essa aluna, por indicação de uma
amiga, veio procurar os meus serviços, ela apresentava quase TODOS os sintomas que
veremos no próximo capítulo. Uma lástima!
3- Atleta profissional, abarrotado de
competições:
tentar participar de todos os campeonatos possíveis, seja por escolha, seja por
pressão dos patrocinadores, poderá sobrecarregar o atleta de modo que ele entre
de cabeça no overtraining. Por conta da atividade profissional, eu diria que
este é o grupo mais sujeito à síndrome.
Estes exemplos,
bastante reais e um bocado próximos da nossa realidade, servem para ilustrar como
um treinamento impaciente, mal planejado e excessivo pode acabar com você. O
segundo exemplo, em especial, foi também com intuito de denúncia, pois talvez você
treine com um “profissional” desse nível. Se for o seu caso, procure outra
pessoa para te ajudar, uma vez que você está sendo enganado e machucado.
Mas nem só
de excesso de treino vive o overtraining, caso contrário, ele passaria fome.
Para que a coisa seja grave, na maioria das vezes, você terá que caprichar na falta
de sono (baladas!), ter uma nutrição ruim, beber e fumar, trabalhar em excesso,
fazendo horas extras, com muita dor de cabeça, stress e cobranças. Por fim,
caso queira encerrar com chave de ouro, arrume bastantes brigas, especialmente
com familiares, e torne sua vida um verdadeiro inferno:
PARABÉNS!
BEM-VINDO AO UNIVERSO MÁGICO DO OVERTRAINING!
Brincadeiras
à parte, gostaria que você tivesse real noção de que a síndrome da fadiga
crônica não é tão fácil de acontecer. Parem de fazer treino de menininha com
medo de ficar doentinho! Isso é desculpa para não se exercitar.
Eu,
particularmente, só cito o overtraining nos manuais de músculos monstruosos
aqui do site para não pesar na consciência e para nenhum chorão vir reclamar,
por email ou mensagem, que o treino é exagerado, como já me aconteceu (só
lembrando que o foco está no hardgainer e na quebra de plateaus, mas tudo
bem...). Se você não gostou, não faça! Se o seu desenvolvimento muscular é
medíocre, mas você tem medo de mudança, continue assim, insistindo no erro.
Caso você respeite os descansos,
alimente-se bem, não tenha uma rotina de trabalho escrava, treine em 60 minutos
ou menos, não mais do que cinco vezes na semana, as chances de overtraining são
baixíssimas! Se você usar suplementos, então, nem se fala. Fique tranquilo,
amigo leitor.
CURIOSIDADE: A galera da OLD SCHOOL, que eram os
caras que sabiam treinar de verdade, normalmente faziam mais de um treino por
dia, com várias horas de duração. Era o caso de Arnold, Haney, Columbu, Tom
Platz e, para dar um exemplo mais recente, do Coleman, que também adorava um
alto volume. Não se falava em overtraining: ele era menosprezado ou
desconhecido. Errado ou não, era assim que treinavam, com ou sem drogas, e
cresciam, com físicos mais interessantes do que os da atualidade.
C) PRINCIPAIS SINTOMAS DO
OVERTRAINING
Já adianto
que a lista será meio grandinha. Pretendo apresentar os principais sintomas,
fazendo leves críticas a cada um e, no final, apenas listar alguns outros
desconfortos causados pelo over.
A leitura
deve ser feita de forma responsável: se você é daqueles que lê bula de remédio
e se impressiona, ou a descrição de alguma patologia e já acha que está com
ela, assustando-se facilmente, arrisco que ao final do capítulo você vai por a
mão na testa e, depressivamente, sussurrar: “meu deus, eu tenho overtraining!”.
Digo apenas
o seguinte: pare de frescura! É importante que você tenha vários sintomas da
lista e analise seriamente as suas rotinas para saber se está ou não doente...
Perceba que todas essas sensações da lista são comuns em nosso dia-a-dia e não
querem dizer nada separadamente, sendo importante a manifestação prolongada e
em conjunto:
- Fadiga crônica: o indivíduo já levanta cansado, sem
ânimo e sem energia, e leva os sintomas consigo por todo o dia, até a hora de
se deitar. Isso é fácil inclusive de se observar: você sente a pessoa sem presença,
como se ela estive ausente, fraca, sem vida. É muito comum que o indivíduo
carregue sempre um belo par de olheiras e certa palidez na face.
- Insônia: está relacionado ao sintoma
anterior. Mesmo que muito cansado, o sujeito não consegue dormir/não tem sono.
Percebam que isto, somado ao próximo item, gera um círculo vicioso que só
alimenta o quadro do overtraining, agravando-o.
- Perda de apetite: aqui a coisa fica feia, haja vista
que uma das principais consequências será a perda de massa muscular e de força.
- Desinteresse generalizado,
especialmente pelos treinos: triste, não? O cara perde a fome inclusive por puxar ferro.
- Constante aparecimento de doenças
oportunistas: as
principais são os resfriados, as dores de garganta, as gripes e as feridas
bucais, como aftas e herpes (para os que já são portadores, obviamente). Isso
ocorre uma vez que o sistema imunológico fica um pouco falho e sujeito a
infecções.
- Irritabilidade: o cara encontra-se sempre
nervosinho e insatisfeito com o mundo.
- Elevado cortisol: é o hormônio do stress. Infelizmente,
especialmente aqui, ele vai brilhar e manter seus níveis elevados, mesmo
porque, o cara está treinando em excesso, dormindo e comendo mal: a
testosterona é que não iria subir, concorda?! Ele vai prejudicar ainda mais o
seu sistema imunológico e catabolizar a sua musculatura.
- Depressão: agora vem a crítica – qualquer dos
sintomas mencionados acima, serve também para diagnosticar um quadro de
depressão, ou seja, às vezes o sujeito pode estar doente por outros problemas
mentais e não em overtraining.Digo isto baseado num trabalho que fiz com um
médico professor de psicopatologias na faculdade. Em relação à síndrome da
fadiga crônica, tal fato pode decorrer desse desinteresse generalizado, pelo
cansaço e perda de ânimo, assim como consequência das variações hormonais.
- Frequência de lesões: não estamos falando aqui da falta
de aquecimento ou do uso irresponsável de cargas colossais, fatos que poderão
desencadear lesões em qualquer pessoa, mas sim de um desgaste crônico de
articulações e cartilagens, ou mesmo dos músculos, por conta dos treinos muito
frequentes, sem o devido descanso. Afinal, era de se esperar, haja vista que na
batalha músculos Vs. ferro, este é muito mais resistente e em algum momento vai
prevalecer.
É possível
também que ocorra uma excessiva perda de cálcio em algumas partes dos ossos,
deixando-os mais suscetíveis a fraturas.
- Queda de desempenho: com tanta bosta assim acontecendo
contigo, meu amigo, ameaçar o Mr. Olympia no próximo torneio, certamente, não
estará nos seus planos...
- Estagnação ou retrocesso no
desenvolvimento:
essa é uma das maiores marcas da síndrome, mas discutiremos melhor este ponto
mais à frente, uma vez que nem sempre o culpado será o overtraining.
OUTROS SINTOMAS: queda na produção dos hormônios
anabólicos, constantes dores de cabeça, sudorese fria frequente e/ou noturna,
problemas no coração (taquicardia, variações de pressão arterial, maior
frequência cardíaca de repouso), ciclo menstrual desregulado, ansiedade e tremores.
Ficamos por
aqui. No próximo capítulo iremos discutir sobre a prevenção e o tratamento do
overtraining. Até lá!
ATENÇÃO: Essa série contém 3 partes. Continue a leitura acessando:
- PARTE 1: INTRODUÇÃO - O QUE É OVERTRAINING?
- PARTE 2: CAUSAS E PRINCIPAIS SINTOMAS DO OVERTRAINING
- PARTE 3: TRATAMENTO/ PREVEÇÃO/ OVERTRAINING x PLATEAU
- PARTE 3: TRATAMENTO/ PREVEÇÃO/ OVERTRAINING x PLATEAU
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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