Fala
marombada! Tudo na paz?
Hoje daremos
início a mais uma série que, como todos já sabem, faz parte de um projeto muito
maior chamado “Todos os métodos de treino do mundo” (para conhecer os
outros textos, basta acessar o link acima).
O assunto da
vez será o Doggcrapp Training de Dante Trudel, uma filosofia de treinamento
bastante peculiar, que vale a pena conhecer.
Para
realizar o projeto, juntei um grande material relacionado ao autor, com textos
de sua própria autoria (normalmente em sites e fóruns) e entrevistas para
revistas e sites de musculação.
Fiquem
tranquilos pois tudo que será apresentado por aqui saiu da boca do próprio
autor, para garantir a veracidade das informações. Não usei intermediários, “entendedores
do assunto”, muito menos Google tradutor... Quero deixar bem claro isso.
Procurei não
fazer apenas um juvenil e enganador exercício de tradução, como costumam
apresentar por aí. Como meu site é sério, mergulhei de cabeça na filosofia do
autor, inclusive desafiando esse método de treino na prática, de forma que pude
trazer um olhar mais crítico para tudo que será apresentado nesta série.
CAPÍTULO 1: QUEM É DANTE TRUDEL? A
HISTÓRIA DO DCT
Dante
Trudel, o criador do Doggcrapp Training (DCT) que iremos estudar nesta série, é
um bodybuilder norte-americano, que tem por volta de 43 anos e é dono de uma
companhia de suplementos chamada “True Protein”.
Ele chegou a
competir algumas vezes, mas, até onde sei, nunca ganhou nada prestigioso. Seu
discípulo mais famoso é David Henry.
Começou a
praticar musculação aos 20 anos, quando pesava por volta de 68kg, com a pança
cheia e alguns pesos no bolso, conforme gosta de brincar. Em outras palavras,
ele era um magrelo desnutrido.
Trudel diz
ter levado a musculação absurdamente a sério desde o início, jamais perdendo
uma refeição durante seus 2-3 primeiros anos, sendo que, ao final destes, ele
finalmente se parecia com uma pessoa normal! Sim, isso mesmo que você leu...
Inclusive ele acha um absurdo quando lhe falam que ele cresceu bastante pois
tinha uma ótima genética...
No começo
dos anos 2000, por volta de 2004, Trudel decidiu postar na internet algumas
teorias sobre treinamento, de sua própria autoria. Teorias estas que ele já
vinha utilizando há alguns anos, inclusive treinando e assessorando amigos.
Para não se
identificar, ele teve a ideia de postar sobre o treino de “alta intensidade e
baixo volume” (futuro DCT) num fórum de musculação e, para tanto, criou o
apelido de “Doggcrapp”. Pronto: estava feita a merda! Ou melhor, a merda de
cachorro (tradução livre do seu apelido).
Bom, quem
nunca cometeu esse erro não? Não sei quanto ao leitor, mas já tive muito email
ou nickname com títulos bem escrotos e vergonhosos ao longo da minha vida...
Inclusive me arrependo um pouco do nome “ensinando musculação”, por conta de
motivos que expliquei no artigo “sobre o site” (clique aqui para ler).
Mas voltando
ao Dante Trudel, nosso amigo, ao contrário do que ele mesmo imaginava, acabou
fazendo um grande sucesso e seu post passou de 118 páginas. O futuro DCT foi
copiado e colado para diversas pages e a coisa pegou: O Doggcrapp Training.
Trudel
conta, rindo e brincado, que se pudesse voltar no tempo, teria criado um nick
muito mais legal.
CAPÍTULO 2: SOBRE O MÉTODO
De forma
resumida, através de tópicos para facilitar, podemos definir o Doggcrapp
Training como sendo:
I) Um método de baixíssimo
volume de treino, porém, executado com elevada frequência e sempre em altíssima intensidade,
II) Com um grande investimento em progressão de cargas pesadas nos exercícios,
III) Com a utilização de técnicas de alta intensidade em
todos os exercícios, destacando-se as múltiplas séries de rest-pause,
IV) Além da execução de alongamentos extremos e forçados ao final do treino de cada
grupo muscular.
V) O DCT prega alguns cuidados na dieta, como a altíssima ingestão de proteínas;
VI) E o corte de
carbos ao final do dia;
VII) Deve-se, ainda, fazer os aeróbios logo ao acordar,
VIII) Manter um diário de treino atualizado,
IX) E, por fim, treinar
de forma periodizada, em ciclos de blasting e cruising.
X) Observação: o método é somente para
marombeiros avançados, com
pelos menos 3 anos de treinos sérios e pesados. Por favor, não confundam
3 anos de treinamento com “3 anos de treinos sérios e pesados”. São
coisas totalmente diferentes...
Neste
presente capítulo, “sobre o método”, iremos analisar apenas os itens I, II e
VIII, deixando os demais para serem discutidos com bastante calma ao longo da
série.
Num primeiro
contato, pode parecer estranha essa ideia de baixo volume e alta intensidade...
Muitos podem não entender, mas fiquem tranquilos, pois vou explicar como nasceu
a filosofia de Dante Trudel e tudo ficará mais claro.
O autor do
DCT alega que treinava em alto volume, arregaçando sem dó os seus músculos, mas
não obtinha os resultados esperados. Por anos ele ficou incomodado com isso e
resolveu começar a pesquisar em livros, revistas, internet e artigos
científicos.
Com o tempo,
ele começou a perceber que era uma grande besteira fazer diversos tipos de
supino, um atrás do outro, buscar o pump feito louco a cada treino, além de
seguir dicas como “Você tem que fazer X, Y e Z pra ficar grande. Depois W, etc,
etc, etc...
A grande
maioria destes caras continuava igual, ano após ano, fazendo os mesmos exercícios,
com o mesmo tamanho corporal, cheios de lesões e com as mesmas cargas nos
aparelhos. Em outras palavras, eles poderiam detonar nos treinos, ficar com
fortes dores pelos dias subsequentes, mas, mesmo assim, não evoluiriam...
Segundo
Dante, alguns problemas estavam acontecendo: os marombas estavam associando
ganhos de massa corporal com alto volume, o que é um erro. Além disso,
estavam se exercitando em undertraining (com falta de treinamento), haja
vista que, embora o treino até pudesse ser desgastante, o marombeiro exercitava
o grupo muscular apenas uma vez na semana, 52 vezes por ano, não dando o
verdadeiro estímulo para o crescimento.
Reparou também
que faltava carga nos aparelhos e uma adequada evolução em força. Para o DCT, os
ganhos só continuarão acontecendo caso você fique cada vez mais forte e utilize
pesos maiores do que os que foram selecionados no treino anterior.
Sendo assim,
era importante que se começasse a associar ganhos de massa com ganhos de força,
além de se treinar de forma mais frequente.
No entanto,
caso saíssemos por aí aumentando o número de treinos de um mesmo grupo muscular
dentro de uma semana, e mantivéssemos esses altos volumes, tudo o que
conseguiríamos seria entrar em overtraining, dado o excesso de treinamento.
A solução,
então, seria a de se reduzir o volume a um nível tão baixo, que se permitisse a
rápida e total recuperação do grupo muscular, para que este fosse treinado
novamente, impedindo o quadro de undertraining.
Dante Trudel |
A título de
comparação, um marombeiro comum exercita cada grupo muscular uma vez a cada 7
dias, 52 vezes por ano, conforme citado anteriormente. Numa divisão tradicional
do DCT, com 3 treinos por semana no estilo AB, este mesmo marombeiro poderia
treinar 2 vezes um mesmo grupo muscular a cada 8 dias, totalizando 78 trabalhos,
ou seja, contaria com 26 treinos a mais, o que corresponde a 50% mais
treinamentos...
A escolha de
Trudel para este baixo volume foi a de um exercício por grupo muscular por
treino. No entanto, para que o trabalho se mostrasse realmente interessante,
seria possível a utilização de uma altíssima intensidade, que pudesse dar um
estímulo assustadoramente grande para promover o desenvolvimento, mas que, dado
o baixo volume, seria de rápida regeneração.
Posto isto,
Dante incorporou a alta intensidade no DCT através de poderosíssimas sets de
rest-pause, static hold, mini-reps, além, é claro, da sua criação mais
diabólica: a widowmaker.
Por fim,
para aprimorar ainda mais a hipertrofia, começou a pregar a importância dos
alongamentos forçados para expandir a fáscia muscular.
Pronto: já
temos aqui boa parte da essência do Doggcrapp Training. Vamos falar, agora,
mais um pouco sobre ganhos em força.
Conforme
dito anteriormente, a chave para a evolução são os ganhos em força. A ideia é a
de que você, OBRIGATORIAMENTE, mantenha um diário de treino com todas as suas
reps e cargas anotadas, de forma que chegue na gym sabendo o que deve ser
feito, com superação. Se você não mantiver este controle, ficará impossível
evoluir corretamente no DCT.
O objetivo
será aumentar o peso, nem que seja 1kg, ou fazer mais repetições do que no
treino anterior, nem que seja uma. Quando tanto a regra da carga, quanto a de
mais reps forem desrespeitadas, você poderá trocar de exercício, conforme
veremos no próximo capítulo.
Para
encerrar este primeiro artigo, gostaria de citar/traduzir uma frase de Dante
Trudel que resume de forma interessante o que foi discutido até agora:
“Quanto
maior for o número de vezes, num ano, em que você conseguir treinar uma parte
do seu corpo, de forma intensamente pesada, com grandes ganhos em força e com
uma boa recuperação muscular, maior e mais rápida será a quantidade de massa
magra que você conseguirá inserir em seu shape”.
ATENÇÃO: Essa série contém 9 partes. Continue a leitura acessando (clique nos números das partes para acessá-las):
- PARTE 1: QUEM É DANTE TRUDEL: A HISTÓRIA DO DCT/ SOBRE O MÉTODO
- PARTE 8: DICAS DE NUTRIÇÃO E OS PROGRAMAS DE BULKING DE DANTE TRUDEL
- PARTE 9: SOBRE OS EXERCÍCIOS AERÓBIOS/ DESVANTAGENS DO ME´TODO DCT/ CONCLUSÃO
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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