Fala rapaziada!
Chegamos ao último capítulo da série! E pra encerrar com
chave de ouro, iremos discutir a vitamina C no contexto da musculação.
Antes de darmos início, peço a todos para que não sejam apenas leitores passivos do site, que vêm aqui sugar um pouco de conhecimento sem dar nada em troca: cliquem em curtir (aí do seu lado direito no cabeçalho do texto), não custa nada... Se você gostou da leitura, compartilhe, assim ajudará a divulgar o site. Obrigado!
8.
MUSCULAÇÃO E VITAMINA C
E chegou o momento que a maioria dos leitores estava
esperando: a interferência da vitamina C na musculação.
Normalmente, é dito nas rodas marombísticas que a
vitamina C deve ser caprichosamente suplementada, haja vista que diminui os
níveis de cortisol, hormônio bastante catabólico que pode, dentre outras
coisas, nos fazer perder massa muscular. A rapaziada costuma suplementar, pelo
menos, no jejum e no pós-treino, tendo inclusive quem a utilize de outras
maneiras, como a cada 3-4 horas.
Pois bem, será que isto é realmente verdade ou é mito?
Será que a vitamina C realmente ajuda na musculação?
Para começar, vamos analisar o lance do cortisol e depois
discutimos algumas outras coisas:
- Artigo do Europe PubMed Central: “ascorbic
acid and cortisol metabolism in hypovitaminosis C guineapigs”, 1982.
Administraram o suplemento por 30-36 dias (conforme o sexo) e observaram que de
fato os níveis séricos de cortisol diminuíram. O estudo sugeriu que o ácido
ascórbico consegue, de alguma forma, influenciar a produção de esteroides pelas
glândulas suprarrenais.
- Peters EM et
al., “vitamin C supplementaion attenuates the increases in circulation
cortisol, adrenaline and anti-inflammatory polypeptides following ultramarathon
running”, 2001. Escolhi
este estudo pois, apesar de não ter nada a ver com o nosso meio (são
maratonistas), os caras são corredores de 90km, ou seja, haja catabolismo e
cortisol para essa rapaziada!!
Selecionaram 45 pessoas e dividiram-nas em 3 grupos de
15: 500mg/dia, 1500mg/dia e placebo, suplementando por 7 dias antes da
maratona, assim como na data do evento e dois dias depois. A conclusão do
estudo foi que os níveis de cortisol e adrenalina eram significativamente
menores na turma que recebeu 1500mg de ácido ascórbico durante o programa. De
fato a dose influenciou neste caso, sendo que a de 500mg gerou resultados,
porém menores.
- Marsit et al.,
“Effects of ascorbic acid on serum cortisol and the testosterone:cortisol ratio
in junior elite weightlifters”, 1998. Agora sim, um estudo com 17 atletas que
treinam com pesos. Parte do grupo recebeu 1g de vitamina C, enquanto o resto
ficou no placebo. O objetivo da pesquisa era medir o cortisol, a testosterona e
a proporção entre os hormônios. O protocolo de treinamento foi de alto volume e
alta intensidade.
As amostras de sangue 24 horas após os exercícios
mostraram uma diferença bastante significativa em relação aos níveis de
cortisol, sendo estes mais baixos no grupo da suplementação do que no grupo
placebo. A testosterona, infelizmente, não mostrou nenhuma alteração.
Com base nestes estudos (e em outros que li, mas não
citei), podemos concluir que de fato a vitamina C é capaz de reduzir os níveis
de cortisol sérico. Além disso, aparentemente a vitamina C tem algum efeito na
vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo na musculatura, fato que poderá dar
um melhor aporte de nutrientes às atividades físicas. Até aqui, tudo perfeito.
Os problemas começam a aparecer quando passamos a estudar os radicais livres...
Tenho dois estudos, Makanae et al., 2013 e Michael Ristow
et al, 2009, que apontam a vitamina C como um agente que pode atrapalhar na
musculação. O primeiro deles aponta o ácido ascórbico como atenuador da
hipertrofia muscular pós-exercício; o segundo, por sua vez, indica a
suplementação dos antioxidantes em geral como algo que atrapalha na queima de
gordura, na produção de mitocôndrias e de antioxidantes musculares naturais
pelo corpo.
Sinceramente, os resultados destes estudos não são nada
animadores, mas acredito que, por serem poucos e recentes, carecemos de maiores
pesquisas para tomarmos alguma posição. Mesmo porque, já li um estudo
“desmentindo” o “Makanae et al.” (Yfanti et al., 2010).
Em todo caso, gostaria de usar esse contexto do combate
aos radicais livres, vistos como nossos arqui-inimigos para discutirmos outras
coisas. É importante que você saiba que essas moléculas destruidoras e
altamente reativas são importantes para a manutenção do nosso metabolismo
geral, afinal, elas sempre existiram, desde os tempos mais primórdios, e os
seres vivos sempre foram capazes de se defenderem delas.
Nossas células musculares, por exemplo, produzem uma
molécula chamada superoxide dismutase (que atua como antioxidante) para se
protegerem.
Por outro lado, é claro que os radicais livres também
fazem mal ao corpo, envelhecem, aumentam riscos de câncer, etc., mas o ponto
chave aqui é: eles não devem ser 100% reprimidos, já que isto é antinatural,
ok?
Por mais que a gente queira, só podemos interferir até
certo ponto em nosso corpo, uma vez que ele tem sua programação original (genética)
muito acima de nossa compreensão e, infelizmente, nem tudo pode sair como
planejado.
Outra informação relevante neste cenário está no fato de
que a vitamina C, em doses elevadas, acaba atuando como pró-oxidante. Não, você
não leu errado: quero dizer que ela estimula a oxidação, ao invés de
combatê-la. É o que diz o estudo de Ian D. Podmore et al., 1998, cuja leitura
recomendo a todos.
Encerramos a série por aqui. Espero ter bagunçado a sua
cabeça e dado bastante informação para estimular uma reflexão sobre a forma com
que a vitamina C é vista em nosso meio.
Será que ela não está sendo superestimada ou mal
compreendida? Será que precisamos realmente de uma suplementação, ou seja, o
consumo pela alimentação não é suficiente? Não será um gasto de tempo, energia,
dinheiro e saúde utilizar as megadosagens? O finado Linus Pauling é o culpado
por tudo isto? Ou será ainda esse porra de Fernando Paiotti que escreveu a
série para informar e/ou tumultuar?
ATENÇÃO:
Essa série contém 6 partes. Continue a leitura acessando:
- parte 1: Histórico/ Vitamina C: funções e benefícios;
- parte 2: Radicais livres Vs. vitamina C e seu efeito antioxidante/Efeitos da falta de vit. C no organismo;
- parte 3: Fontes naturais e dose diária recomendada;
- parte 4: Gripes, resfriados e vitamina C;
- parte 5: Efeitos colaterais causados pelo excesso de vitamina C;
- parte 6: Vitamina C e musculação.
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
Para conhecer meus serviços de consultoria online, currículo, fotos de alguns alunos e muito mais, clique AQUI ou envie email para: fernando.paiotti@gmail.com
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