BULKING, CUTTING E LEPTINA

Fala rapaziada!

No artigo de hoje, gostaria de discutir uma associação que fiz entre o hormônio leptina e a forma como periodizamos nossos ciclos de treinamento, bulking e cutting, na tentativa de justificar parte da dificuldade dessas fases no quesito alimentação!

Já existe uma série bastante completa explicando detalhadamente o que é bulking e o que é cutting, inclusive descrevendo como treinar, suplementar e se alimentar nessas fases. Sendo assim, recomendo que cliquem neste link para acessar os artigos antes de prosseguir.

Caso já tenha lido, ou pulado, como a maioria deve ter feito, comecemos a falar sobre a leptina:
Ela é um hormônio proteico formado por uma cadeia de 164 aminoácidos, sendo produzido pelo tecido adiposo unilocular, também chamado de tecido adiposo branco ou amarelo.

Ao contrário do que muitos pensam, a gordura não serve apenas para “estragar” o visual do seu shape, estocar energia e entupir seus vasos! Ela também funciona como um importante órgão secretor de hormônios, como a lipase lipoproteica e a leptina, mencionada acima, cuja função relaciona-se ao controle da quantidade de tecido adiposo armazenado no organismo e da ingestão total de alimentos.


Em outras palavras, a leptina vai influenciar na sua fome e se você vai ficar mais gordo ou não.

Isso acontece pois ela se liga a vários receptores espalhados pelo organismo, com destaque, neste texto, para o cérebro, atuando principalmente no hipotálamo: responsável, dentre várias coisas, pela regulação na ingestão de alimentos e no gasto energético.

Repare nos animais em ambiente selvagem: você já viu algum deles obeso? Só para deixar claro, vamos excluir casos de hibernação, como a do urso, ou de proteção contra frio, como em baleias, focas, etc. Pense naqueles documentários onde vemos leões, zebras e girafas...

Todos eles têm uma quantidade baixa de gordura no organismo, o necessário para o bom desempenho de funções vitais, como armazenamento de vitaminas e produção de hormônios.

Eles não são gordos, mas sim atléticos, tendo seu metabolismo regulado, por exemplo, pela leptina, que controla quanto eles vão comer ou não.

Por exemplo: imagine que o animal ficou doente e mal se alimentou no período. Por certo tempo, ele perdeu um bocado de gordura e meio que deslocou seu eixo ótimo de funcionamento. Ao se recuperar, ele irá acabar comendo mais do que o normal, de forma que seu tecido adiposo aumente, tendo a fome reduzida logo depois da normalização.

Por outro lado, imagine que ele está num ambiente cuja quantidade de comida é abundante. Ele passará a se alimentar com mais frequência e seu tecido adiposo irá aumentar, sinalizando que deverá ingerir menor quantidade de alimento, atingindo a normalização.

É tão complicado desregular, em estágio natural, este eixo, que quando utilizamos ratos em experiências relacionadas à obesidade em laboratório, não conseguimos fazê-lo ficar significativamente gordo, não importa o tipo de alimento utilizado.



Para isto, faz-se necessário retirar/destruir o hipotálamo do animal, que é o centro regulador da fome, uma vez que a leptina acaba por controlar e impedir que ele fique obeso em condições normais.

Sem hipotálamo funcionando normalmente, o hormônio em questão não conseguirá regular a fome ao se ligar ao receptor hipotalâmico, o animal não irá sentir saciedade após se alimentar e o continuará fazendo sem parar, ficando obeso.

Agora você entende o porquê de muitos indivíduos, quem sabe até mesmo você, estarem com o mesmo peso na balança ano após ano, com variações mínimas, relacionadas, por exemplo, a fatores etários.

“Bom, até agora tudo isso foi muito legal, mas que porra que tem a ver a leptina com bulking e com cutting, Fernandão?!”

Primeiramente, já deu para perceber o porquê de dividirmos as fases de treino durante o ano em bulking e cutting, dado que, caso você não o faça, seu peso dificilmente irá variar de forma significativa para a musculação (isso, obviamente, no caso de quem já possui alguns anos de treino, dado que um iniciante sempre terá resultados, independentemente de como se exercite).

Além disso, perceba como a sua fome vai aumentando conforme o cutting vai se estendendo, uma vez que você está comendo menos e está perdendo gordura: cenário alarmante para o organismo, que aumentará bastante a produção de leptina.
"A pizza destruiu minha vida". Haha. Pior que essa foto deu dó! 
No caso do bulking, repare como muitas vezes é difícil elevar ainda mais a ingestão de bons alimentos, dado que você sente saciedade com constância, além, é claro, de aumentar a porcentagem de gordura no corpo: é a leptina influenciando negativamente no seu programa.

Sendo assim, em ambos os casos, teremos de obrigar nosso corpo a se adaptar, seja ignorando a fome e a vontade de comer tranqueiras num cutting, seja se obrigando a comer mais no bulking.

É por isso, inclusive, que muitas pessoas, especialmente aquelas caras mais magrelos, recorrem a um hipercalórico para ganhar massa. Por outro lado, no cutting, temos uma turma utilizando-se de efedrina, por exemplo, para reduzir o apetite e para ajudar na termogênese.

Para encerrar, leva-se por volta de 6 meses para que o nosso organismo consiga se adaptar a um novo peso, segundo a Prof. Dra. Marília Seelaender, pesquisadora da USP da área de tecido adiposo, exercício e suplementação, dentre outras, e que foi minha professora durante a graduação na educação física.

 Em outras palavras, quando um gordinho emagrece, por exemplo, 10kg, seu corpo levará algo como 6 meses para entender que aquele é o novo peso base. Caso ele volte a comer normalmente após essa dietinha, irá recuperar tudo novamente... Pense nisso.


CONCLUSÃO

Discutimos, ao longo do texto, sobre o hormônio leptina, produzido pelo tecido adiposo unilocular e que é responsável pelo controle da quantidade de gordura que você estoca em seu organismo e pelo volume de alimentos que ingere, dado que ele atua no hipotálamo, o centro regulador da fome, saciedade e gasto energético.

Quando iniciamos um bulking ou um cutting, nosso organismo entende a variação de peso como uma “falha” e tentará corrigi-la, seja aumentando o apetite, seja diminuindo-o, prejudicando as intenções do marombeiro, que deverá se utilizar de artifícios e força de vontade para controlar a situação.


Ficamos por aqui. Pretendo, num próximo texto, trazer mais uma discussão acerca da leptina e de uma grande burrada que você pode fazer com seu corpo: a lipoaspiração. Até lá!



FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


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