M.A.I.D.T. – CAPÍTULO 32: MUDANDO O HORÁRIO DE TREINO: OS RITMOS BIOLÓGICOS

ATENÇÃO: Este artigo é parte integrante da série “M.A.I.D.T. - MÉTODOS PARA AUMENTAR A INTENSIDADE DOS SEUS TREINOS”. Clique no link para conhecer o projeto e seus capítulos.

Antes de começar, peço a todos para que não sejam apenas leitores passivos do site, que vêm aqui sugar um pouco de conhecimento sem dar nada em troca: cliquem em curtir (aí do seu lado direito no cabeçalho do texto), não custa nada... Se você gostou da leitura, compartilhe, assim ajudará a divulgar o site. Obrigado.


CAPÍTULO 32: MUDANDO O HORÁRIO DE TREINO: OS RITMOS BIOLÓGICOS

Infelizmente, nem todos serão contemplados com o benefício desta dica, uma vez que rotinas de trabalho, de estudo, de lazer ou familiares poderão restringir barbaramente os seus horários livres, impedindo que você possa trocar o momento do seu treino.

Porém, se você treina bem cedo pela manhã, e tem disponibilidade, experimente, então, treinar no final da tarde/noite, ou na hora do almoço.

Por outro lado, se você fecha a academia com o dono, tarde da noite, tente abri-la com ele. Com certeza seu organismo vai reagir de diferentes maneiras a diferentes horários de treino. Digo isto pois vários fatores genéticos e metabólicos podem influenciar na qualidade de vida de uma pessoa, no que tange ao chamado ritmo biológico.

Muitos indivíduos são do tipo que já acorda com total disposição, falando pelos cotovelos, com fome e disposição de sobra para atividades físicas. Aí, quando vai chegando o fim da tarde, já estão meio cansados, com sonolência e pouca disposição para tarefas. Em outras palavras, são pessoas que funcionam melhor durante o dia ou que pertencem ao cronotipo matutino.

Outros, no entanto, apanham bastante para acordar, levantam de mau humor, sem fome ou vontade para nada. Depois do almoço, a coisa começa a melhorar e atinge o auge no fim da tarde, momento em que o indivíduo está o mais disposto possível. Sendo assim, podemos encaixá-los no cronotipo vespertino.

Analise seu cronotipo e veja em que momento você se enquadra melhor. Saiba que alguns podem ter parte dos dois perfis, sendo classificados como intermediários.

Feito isto, tente adequar sua rotina ao melhor horário de treino, como experiência. Se, por sorte, você já se encontra num chamado “momento ideal”, experimente mudá-lo para ver se faz alguma diferença também, afinal, não custa arriscar.

Outros fatores também podem influenciar absurdamente nos resultados do treino e no seu desempenho, como a alimentação e a quantidade de energia, por exemplo.

Algumas pessoas só conseguem realizar um bom treino depois de terem efetuado duas ou três refeições no dia, alegando que se sentem fracas antes disso. Outros, por sua vez, gostam, inclusive, de treinar sem comer nada, em jejum. Isto também irá depender do seu ritmo biológico.

No que diz respeito à quantidade de energia, a coisa já é um pouco diferente. Dependendo do seu estilo de vida, rotina de trabalho e realização pessoal (ou não) na carreira, sua profissão poderá drenar toda a sua disposição, restando apenas um pouquinho no final do dia, momento em que você chega na academia e faz aquele treino de bosta...

Sendo assim, considere ir treinar antes de trabalhar, para canalizar melhor sua energia numa coisa que você gosta. Se não for possível, experimente puxar ferro no seu horário de almoço, caso este seja relativamente grande (1-2 horas) e exista uma academia perto do local.

Além disso, você deve ter em mente que treinar muito próximo da hora de dormir é péssimo para que se consiga uma boa noite de sono, pois irá atrapalhar o seu repouso, uma vez que se encontrará mais agitado.


Por fim, saiba que existem ritmos biológicos variados que podem influenciar no seu treino. São os famosos ciclos circadianos e ultradianos.

O primeiro deles, cujo significado, do latim, seria "cerca de um dia", diz respeito a eventos biológicos que se completam aproximadamente a cada 24 horas (24 +/- 4 horas). Engloba praticamente todas as variáveis fisiológicas e comportamentais de um mamífero, envolvendo estado de sono e vigília, produção hormonal, fome e temperatura corpórea.

Muitas secreções hormonais, por sua vez, fazem parte dos ritmos ultradianos, que são aqueles que acontecem em pulsos variados, em períodos inferiores a 20 horas, algumas vezes ao dia, por exemplo a secreção de LH, que ocorre a cada duas horas.

Para ajudar a ilustrar, observe os gráficos abaixo que mostram as secreções de GH ao longo do dia, sendo as tabelas de cima as de mulheres e, as debaixo, homens.

Num geral, repare que temos secreções do hormônio do crescimento durante o sono e a tarde, principalmente, ou seja, durante um período de 24 horas, temos um padrão se repetindo, um ciclo.

Ao longo do treinamento do dia ela também ocorre, tendo relação direta com a quantidade de lactato produzido, ou seja, quanto mais intenso o treino, mais GH no plasma sanguíneo (segundo pesquisa do meu veterano na Ed. Física na USP, RB Salgueiro, 2013, “Efeito da infusão do lactato sobre a atividade do eixo GH-IGF-I em ratos”).

Tendo isto em mente, saiba que seria bastante interessante inserir a sua massacrante atividade com pesos num momento em que temos pouca secreção de GH, como entre as 12 e 15 horas, por exemplo, para aumentarmos ainda mais a produção diária deste hormônio, além de aproveitarmos todos os seus benefícios.

Para finalizar, gostaria de dizer que o horário ideal de treino talvez não exista, já que isto dependerá de uma série de fatores, muitas vezes totalmente individuais, ou seja, variando de pessoa para pessoa.
Tudo o que foi dito neste texto deve ser considerado e estudado, na tentativa de tomar a melhor decisão para aquele momento da sua vida.


QUAL A MELHOR MANEIRA DE UTILIZAR ESTA TÉCNICA?
A melhor maneira de utilizar esta técnica, conforme já dito, seria respeitando sua individualidade biológica.

No meu caso, a título de exemplificação, treinei por mais de 10 anos às 15 hrs. Este era o momento em que me sentia melhor e mais disposto, já que durante a manhã me encontrava mais “fraco” e à noite, totalmente cansado.

Atualmente, por conta de trabalho, treino no fim da tarde e confesso que não gosto muito, mas, infelizmente, não tenho muito o que fazer. Aos finais de semana e durante períodos em que tiro férias eu aproveito para me exercitar às 9:30 da manhã, pois este é meu novo período ideal, superando inclusive aquele que foi meu preferido ao longo de uma década, a tarde.

Justamente por conta disso é que recomendo que você varie e experimente novos momentos, haja vista que aquele que já foi o melhor para mim, hoje, não o é mais.


QUAL A IMPORTÂNCIA DESSA TÉCNICA?
- Serve para quebrar um platô, acordando seus músculos;
- Experimentar novas metodologias;
- Evitar uma adaptação negativa ao treinamento, que freie seus ganhos;
- Romper a monotonia;
- Promover, em alguns casos, maior secreção hormonal;
- Entender melhor seu organismo e seu funcionamento;
- Melhorar seus ganhos de força e hipertrofia, por adequar melhor o momento de treino.


HÁ ALGUM RISCO/ CONTRA-INDICAÇÃO PARA O MÉTODO?
Não há riscos ou pontos negativos nessa metodologia apresentada. Os resultados irão depender, basicamente, da rotina e disponibilidade para treino que o indivíduo possui.

REFERÊNCIAS: Aires, Margarida M. Ritmos biológicos. Fisiologia. 3ª edição. Guanabara Koogan. 




FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


Para conhecer meus serviços de consultoria online, currículo, fotos de alguns alunos e muito mais, clique AQUI ou envie email para: fernando.paiotti@gmail.com

Comentários