ANABOLIZANTES, FEEDBACK, EIXOS E PRODUÇÃO NATURAL DE TESTOSTERONA – PARTE 1

Fala rapaziada!

Cá estamos mais uma vez para ligar diversos temas, supostamente diferentes, num único texto.

O assunto da vez será a produção hormonal, discutindo como ela é controlada. O aprendizado pode ser facilmente aplicado ao campo dos esteroides anabolizantes, que não eram para ser o foco do texto, porém, coloquei-os em destaque justamente para atrair a atenção de mais leitores!


1. FEEDBACK

Feedback é uma expressão inglesa que muitos devem conhecer. No dia-a-dia, nós a utilizamos no sentido de opinião, análise crítica. Por exemplo, eu poderia escrever este artigo e pedir para um colega ler, avaliar e me dar um retorno opinativo.

Na endocrinologia, porém, feedback tem sentido de retroalimentação.

A produção de hormônios em nosso organismo depende de vários mecanismos que funcionam em conjunto, de forma interligada, em total harmonia, de modo que haja sempre um equilíbrio. Caso este seja perdido, algumas medidas são tomadas para que se volte ao normal novamente.

Essas tais medidas são a estimulação e a inibição da produção e da secreção de hormônios: quando há pouco de um, sinalizamos para que se produza mais; por outro lado, quando há muito, induzimos uma inibição, de modo que que as concentrações dessa substância no sangue se normalizem e diminuam com o tempo.

A base funcional desse mecanismo de inibição e estímulo é alcançada pelo tal do feedback. Ele será negativo quando causar uma resposta contrária ao sinal que deu origem; positivo, quando essa resposta for a favor.

Em outras palavras, estou querendo dizer que um feedback é negativo, por exemplo, quando um hormônio estimula a produção de outro hormônio, sendo que este segundo, em concentrações altas no organismo, inibe a secreção do primeiro, justamente para manter-se oscilando dentro de um padrão normal desejável.

Alguns hormônios têm seu feedback regulado por um substrato metabólico, como é o caso da insulina, cujo aumento de secreção se dá pela concentração de glicose no sangue: quanto mais desse monossacarídeo à disposição, maior será a presença da insulina, que tem como papel estimular a entrada de glicose na célula (ou melhor, diminuir as concentrações de glicose no plasma).

Porém, a consequência disto é que o substrato energético comece a diminuir no sangue, reduzindo, também, a secreção de insulina, uma vez que seu estímulo ficou muito menor. Este é mais um exemplo de feedback negativo.

Apenas para enriquecer o texto, gostaria de citar um exemplo de feedback positivo, também com o intuito de desmistificar a ideia de que feedbacks são sempre inibitórios...

Durante o ciclo menstrual, no momento pré-ovulatório, ocorre um grande pico de estrógeno no corpo da mulher. Essa elevada concentração proporciona a secreção de mais estrógenos ainda, já que estimula alguns neurônios que inibem outros neurônios, responsáveis pela inibição do eixo no hipotálamo. Isto parece complexo, mas não é. Ficará um pouco mais claro após o próximo capítulo.

Por fim, nem todos os hormônios funcionam por feedback, mas sim por um mecanismo de ritmo de secreção, que varia ao longo do tempo. Por exemplo, o cortisol tem seu pico de liberação pela manhã e vai diminuindo ao longo do dia. Ele faz parte de um processo chamado de ciclo circadiano (clique AQUI para conhecer), ou seja, que se repete a cada dia, obrigatoriamente.




2. EIXO

Muitas dessas regulações citadas funcionam dentro de um eixo, o chamado hipotálamo/hipófise/glândula periférica. Nesta última, inserimos as gônadas (testículos e ovários), tiroide e córtex adrenal.

Quem é fã do tema anabolizantes, seja porque é usuário, seja porque tem curiosidade, certamente está bastante familiarizado com o tal “eixo HPT” ou hipotálamo/pituitária/testículos, que nada mais é do que uma especificidade desse mecanismo citado acima, no caso, o eixo hipotálamo/hipófise/gônadas masculinas.

(Observação: Pituitária é outro nome para hipófise, porém, não vou utilizá-lo pois não gosto do termo.)

Voltando ao tema eixos, o que temos em relação ao hipotálamo é que ele produz hormônios que estimulam a hipófise. Esta, por sua vez, irá produzir seus próprios hormônios, secretando-os na corrente sanguínea, de modo que atuem em alguma glândula periférica.

Quando a informação chega nessa glândula, ela também irá produzir um hormônio e este será lançado no sangue. O hipotálamo e a hipófise irão detectar isto e, quanto maior a concentração deste último hormônio secretado, maior será a “reação” deles dois, auxiliando na inibição do eixo, para normalizar os níveis, mostrando, mais uma vez, a ideia por trás do termo feedback negativo.

Vejamos alguns exemplos de eixos no organismo:

Ficamos por aqui. No próximo artigo, para encerrar a série, falaremos sobre o uso de anabolizantes, neste cenário de feedback, assim como sobre até que ponto é possível aumentar a produção natural de testosterona. Até lá!


Este artigo contém duas partes. Leia a segunda clicando AQUI.


FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


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