Fala
rapaziada!
Depois de
séculos de aguardo, finalmente encontrei tempo para escrever esta série! Confesso
que tirei um peso das costas, afinal, o tema é cercado por milhares de dúvidas,
mitos e grandes erros cometidos dentro do ginásio de musculação, prejudicando
os ganhos em força e hipertrofia e aumentando as chances de lesão.
Comecemos,
então!
1. O QUE É ALONGAMENTO?
Alongamento
é “a amplitude máxima fisiológica passiva de um dado movimento articular”
(Barros Neto & Ghoraveb, 1999; Araújo, 2000).
Em outras
palavras, isto quer dizer que o alongamento é a maior amplitude, “distensão” ou
“espaçamento” que seu organismo permite que você faça num determinado movimento
corporal, como abrir as pernas, por exemplo.
Para fins
didáticos, nesta série, podemos entender o alongamento como aquele clássico
movimento de esticar/segurar/apoiar/puxar/empurrar uma parte qualquer do corpo,
mantendo-a “esticada” numa posição de amplitude máxima por alguns segundos.
Nosso corpo
detecta a amplitude do movimento através de estruturas integrantes da chamada propriocepção
ou sensibilidade proprioceptiva. Elas identificam o comprimento do músculo/estiramento
e sua respectiva variação no tempo, a tensão no tendão, além de perturbações no
movimento (comparando o que foi feito com o que foi solicitado), a ponto de
desencadear um reflexo para corrigir ou se proteger.
O mais interessante
a se destacar por aqui são os órgãos tendinosos de Golgi, ou OTG. Eles estão
localizados nas “junções músculo-tendinosas dos músculos esqueléticos, estando
dispostos em série com as fibras extrafusais, fazendo com que as atividades
contráteis ou o simples estiramento passivo dos músculos reflita diretamente sobre os tendões aos quais cada músculo
está ligado”. (Fonte: Controle Motor, L. A. Teixeira).
Sendo assim,
o que temos é que quando o músculo é estirado, o receptor no tendão vai
captando frequências de ativação no fuso muscular, de modo que consiga “entender/saber”
o grau de alongamento (em sentido genérico) imposto e, através disso, avaliar a
situação.
2. ALONGAMENTO VS. AQUECIMENTO
Jamais
confunda estes dois termos...
É muito
comum vermos, nas academias, clientes e professores falando para realizar um
pequeno alongamento na bicicleta, 15 minutos antes do treino. Ou, ainda, para
realizar um aquecimento de pernas, antes de treiná-las, sentando-se no chão e
tentando tocar o dedão do pé com a ponta dos dedos da mão...
Tudo errado!
Aquecimento
nada mais é do que aquecer os músculos, como o próprio nome nos remete à ideia.
São coisas que você faz que te dão aquela característica sensação de aumento de
temperatura, causada pela elevação da circulação sanguínea no corpo todo e numa
certa região em especial.
Temos o
aquecimento geral, que seriam aqueles minutos que você gasta na bike, pulando
corda ou na esteira, antes de começar o treino, e o aquecimento específico.
Este último,
por sua vez, é aquele que utilizamos antes de começarmos o primeiro exercício
do dia, quando realizamos séries bem leves, com uma carga bastante reduzida. A
ideia aqui é aumentar a lubrificação articular e promover maior circulação
sanguínea para um árduo trabalho que está por vir.
A título de
exemplificação, imagine que você faça supino com carga máxima de 100kg para 8
reps e que no total execute 5 séries. Antes de começar a contar estas sets,
monte o banco com apenas uma barra e alguns poucos kg de cada lado, 5 ou 10,
por exemplo.
Mande 2x15 e
depois parta para a guerra, começando a contar o treino para valer.
Negligenciar
um bom aquecimento é a coisa mais estúpida, a meu ver, que um marombeiro pode
fazer num ginásio. É pedir para se arrebentar e conseguir lesões crônicas em
pouquíssimo tempo, diminuindo seu tempo de vida útil para a musculação.
OTG |
Sendo assim,
dada a definição do item anterior, sobre alongamento, e esta explicação de
agora, sobre aquecimento, acredito que ficou bastante claro que estamos
conversando sobre coisas diferentes, logo, comece a estabelecer essa distinção
e não erre mais nas terminologias!
3. TIPOS DE ALONGAMENTO
Tem autores
que estabelecem tipos variados de alongamento, porém, para nossa discussão,
interessam apenas dois:
-
Alongamento estático:
este é o alongamento clássico que todos estão acostumados a realizar. É aquele
no qual utilizamos uma determinada posição para “esticar” a musculatura ao
máximo e seguramos por intermináveis e torturantes X segundos.
Repare que
não ficamos nos mexendo e não há uma movimentação articular, por isso o nome
estático (parado, imóvel).
-
Alongamento dinâmico:
este aqui, ao contrário do anterior, já nos remete à ideia de movimento (dinâmico).
Quem nunca
assistiu a um combate e viu os lutadores fazendo aqueles movimentos em arco com
as pernas, ora para um lado, ora para o outro? Aí giram o quadril pra cá e pra
lá. Abrem e fecham os braços, para, logo depois, começar a girá-los. Aí ficam
virando o pescoço, os pés, os punhos, etc. Tudo sempre com agilidade.
Ninguém fica
contando X segundos, dado que os movimentos praticamente não chegam a parar
numa determinada posição.
Ficamos por
aqui. Este foi um texto introdutório e meio chatinho, já que foi muito
conceitual. No próximo artigo da série a coisa fica muito mais interessante, já
que iremos começar a discutir sobre os prejuízos que os exercícios de
alongamento poderão trazer para seu treino de musculação. Até lá!
ATENÇÃO: Essa série contém 4 partes. Continue a leitura acessando:
- PARTE 1: O que é alongamento?/ Alongamento Vs. aquecimento./ Tipos de alongamento
- PARTE 2: Alongamento como vilão na musculação
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
Para conhecer meus serviços de consultoria online, currículo, fotos de alguns alunos e muito mais, clique AQUI ou envie email para: fernando.paiotti@gmail.com
Aguardando a segunda parte deste artigo que muito me interessa. Hoje pratico o alongamento somente após o treino e nunca achei na internet um texto bom sobre este assunto. tem quem diga que não se deve alongar, outros dizem que deve antes e depois... Afinal de contas, muita informação com pouco crédito.
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