Fala
rapaziada!
No último
artigo discorremos sobre o que é feedback, assim como sobre o funcionamento de
um eixo hormonal. Hoje, para encerrar, o assunto da vez será o uso de
anabolizantes, neste contexto todo, e até que ponto é possível aumentar a
produção natural de testosterona. Boa leitura!
3. ESTEROIDES ANABOLIZANTES
Tendo em
vista tudo o que foi discutido até agora, chegamos ao momento de associar o
aprendizado com a parte prática, relacionando-o ao universo dos esteroides
anabolizantes, AAs, bombas, venenos, ou seja lá como você gosta de se referir a
estas drogas.
Como puderam
perceber, nosso sistema endócrino funciona em harmonia, com uma coisa ajustando
a outra, para que tudo funcione dentro dos padrões fisiológicos.
Quando aplicamos
esteroides anabolizantes (testosteronas, 19-NOR e derivados do DHT) e hormônios
tireoidianos em nosso organismo, uma das primeiras respostas será sinalizar ao
hipotálamo e à hipófise para que parem de estimular a glândula periférica, ou
seja, irão induzir um feedback negativo.
Se
estivéssemos numa situação normal, a concentração destes hormônios cairia,
permitindo ao hipotálamo e à hipófise produzirem novamente hormônios para
estimular a glândula periférica.
Porém, como
ninguém faz ciclo de uma única aplicação, os hormônios sintéticos ficam, normalmente, numa concentração crescente no corpo, de modo que o feedback
negativo fique ininterrupto, inibindo o eixo sem parar.
Em outras
palavras, a informação captada pelo organismo, o tempo todo, é a de que “não é
necessário produzir mais muitos hormônios daquele eixo!”, haja vista que há uma
enorme quantidade de um inibidor em circulação.
É justamente
por causa disso que dá tanta merda ao final de um ciclo, quando se suspendem as
aplicações: pane no sistema, sem porra nenhuma de homeostase, com regulação
hormonal natural perdida e glândulas atrofiadas por falta de uso.
Levará meses
para que a coisa volte a funcionar, podendo, em alguns casos, nunca mais voltar
a ser exatamente como era antes. Por isso que se faz a famosa TPC, ou “Terapia
Pós-Ciclo”, mesmo porque, se não a utilizassem, seus ganhos iriam todos para o
ralo, junto com a grana que você investiu e a saúde que prejudicou...
Agora, você
entende que a famosa explicação “quando
usamos anabolizantes, nosso corpo vê que está entrando hormônio de fora e não
precisa mais produzir” é muito simplista.
O nosso
corpo não “vê” nada, o que ocorre é uma inibição do eixo, que varia em alguns
graus dependendo do tipo de ciclo e das drogas utilizadas, pois elas induzem a um
feedback negativo constante, prejudicando totalmente a produção hormonal
natural.
Que fique
claro que não podemos ser radicais em endocrinologia, do tipo 8 ou 80, e dizer
que quando se utilizam drogas, a produção natural cai a zero. Um pouco de
hormônio sempre é produzido, mesmo quando ocorre uma inibição elevada, porém,
seu efeito será o mesmo de um peido numa ventania...
Para
finalizar, o metabolismo do GH e seu feedback são um pouco diferentes do que o
descrito acima. Isso ocorre uma vez que este hormônio não atua sobre uma
glândula alvo, mas sim sobre diversos tecidos do organismo.
Sua
regulação é feita de duas formas: o próprio GH controla sua secreção, atuando
no hipotálamo; o GH estimula a síntese de fatores de crescimento,
com destaque para o IGF-I, capazes de exercer o mecanismo clássico de feedback
negativo, no hipotálamo e na hipófise, diminuindo a secreção do hormônio do
crescimento.
4. AUMENTANDO A PRODUÇÃO NATURAL DE
TESTOSTERONA?!
Quem nunca
viu esse título num artigo e clicou correndo para, quem sabe, aprender algum
truque especial para aumentar a produção natural de testosterona? Ou, pior, com
o intuito de arrumar um substituto aos ciclos!
Deixando o
tom apelativo destes textos, e muita desinformação que alguns propagam, o que
gostaria de fazer era pegar um gancho no tema exposto até agora e lhe mostrar
como não existem milagres e como você não conseguirá fazer seu organismo de
idiota.
Normalmente,
estas dicas e suplementos recomendados para aumentar a produção natural de
testo só servem para aqueles cuja secreção e síntese hormonal estejam abaixo do
normal, por motivos variados.
Para quem
está totalmente “saudável”, não há muito o que fazer, primeiro porque temos um
mecanismo de controle chamado feedback; segundo, temos uma programação genética,
que se manifesta proporcionalmente à idade do
individuo; terceiro, há uma homeostase fisiológica a ser mantida.
Se você já
se encontra no seu auge, com quase 800ng/dl (lê-se 800 nanogramas por
decilitro) de testosterona, com um estilo de vida bastante saudável, pode tomar
ZMA, tribulus, descabelar o palhaço, usar ervas variadas, coisas manipuladas, acariciar
o salame, ver pornô o dia todo, bater punhetas, bronhas, 5x1, descascar a
banana, etc, etc, etc, que você pouco irá conseguir influenciar na sua produção
natural, para não dizer que não irá influenciar em porra nenhuma, em parte dos
casos.
Quem achou
que iria virar um monstro, treinando natural e fazendo umas malandragens de
“dicas”, pense comigo: se a sua testosterona realmente aumentasse
consideravelmente, ela não iria inibir a hipófise e o hipotálamo e, por fim,
indiretamente, o próprio testículo, de modo que você voltasse as suas
concentrações padrões ou a um limite “aceitável” para o seu organismo?
Lembre-se de
que quando você eleva sua produção natural, quem faz a testosterona são seus
próprios testículos, e não o laboratório, ou seja, quem “decide” a síntese é
seu sistema endócrino!
A genética e
a faixa etária aqui vão falar mais alto, sendo a única forma de driblar isto a
do desenvolvimento de um tumor. Certamente que ninguém vai querer um, porém, a
título de curiosidade, o tumor numa glândula é um metabolismo crazy,
desordenado e fodido, que ignora feedback.
Talvez
alguns tenham ouvido falar de casos de criancinhas que já tinham pelos pubianos
e pênis muito desenvolvido para a idade, ou seja, um monte de pentelho e uma
pica bem grandona. Um pai menos atento poderia ver isso como motivo de orgulho,
porém, saibam que há uma doença em cena, podendo ser um tumor testicular.
Para finalizar, se a sua produção natural de
testosterona é um lixo, procure o auxílio de um médico competente e veja como
poderá melhorar a sua qualidade de vida. Alguns poderão precisar de reposição
hormonal, outros, de coisas mais simples, como terapia com psicólogo, cuidados na alimentação,
etc.
Ficamos por aqui. Até a próxima série!
Este artigo contém duas partes. Leia a primeira clicando AQUI.
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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