A DIETA DO PALEOLÍTICO - THE PALEO DIET – PARTE 1

Fala rapaziada!

Aproveito o embalo deixado pela Dieta do Guerreiro (clique AQUI para conhecer) e dou início a mais uma série: A DIETA DO PALEOLÍTICO – THE PALEO DIET (PD).

Eu não sou um adepto dela e discordo em muitos pontos, mas acabei me familiarizando aos seus conceitos por conta de “coisas da vida” e pratico um lifestyle vagamente semelhante (adaptado à musculação) há anos, antes mesmo de “popularizarem” as tais “dietas alternativas”.

Não estou aqui para defendê-la, muito menos para aloprá-la, mas sim para expor um tema de forma razoavelmente neutra, de modo que o leitor possa se posicionar.

Nosso combinado será o seguinte: vou apresentar o histórico/origem da dieta, seus principais conceitos e alimentos envolvidos, com as devidas justificativas pela comunidade Paleo.

Posto isso, discutiremos os principais benefícios desse estilo de vida, além de um possível cardápio. Ao final da série, começaremos a tecer algumas críticas, especialmente quanto as suas falhas/ingenuidades, propondo algumas mudanças para a nossa realidade atual (século XXI) e marombística.


1. O QUE SIGNIFICA “PALEOLÍTICO” (paleo ou paleolithic).

“O conceito de paleolítico, do inglês, paleolithic, do espanhol, paleolítico, do francês, paléolithique, do “abreviês” paleo... os senhores estão anotando?! Vou pedir isso na prova...”.   

Bom, sem explicar este conceito, não teremos base alguma para começar a entender a dieta e sua proposta. Acredito que muitos não conheçam a palavra paleolítico, mas já ouviram falar na Idade da Pedra Lascada, em referência ao tipo de objeto que os homens daquela época utilizavam (pedra, madeira e ossos, ou seja, nada de metais).

O Período Paleolítico durou, aproximadamente, de 2,5 milhões a 10.000 a.C. (terminando há mais de 12 mil anos atrás). Nele, nossos ancestrais estavam reunidos em pequenas comunidades nômades coletivistas, habitavam cavernas, onde inclusive faziam pinturas rupestres, e viviam da caça e da coleta de alimentos da natureza. As principais invenções da época são o “fogo”, o arco e flecha e as lanças de ponta de pedra.

Graças às mudanças climáticas que ocorreram no fim da era glacial, os grupos nômades começaram a se expandir por quase todo o planeta. Além disso, as temperaturas mais amenas permitiram a criação/domesticação de animais e o desenvolvimento do cultivo de plantas. Tal fato gerou a Revolução Agrícola, permitindo o estabelecimento de povoados e marcando o início do Período Neolítico, que não nos interessa para esta série.

Sendo assim, através desta ligeira aula de história, que muitos inclusive devem ter pulado ou dormido, consegui nos introduzir no cenário estudado pela Paleo Diet: a dieta do homem da Idade da Pedra.

Acredito que alguns leitores estejam pensando: “Puta que pariu, mas que palhaçada, só faltava essa agora: a dieta do homem-da-idade-da-pedra... Só rindo!!!!”. De fato é estranho, parece idiota e lembra mais uma daquelas dietas totalmente imbecis de revistas como mi-mi-mi, baratas, consigo, etc., mas a ideia é até que interessante em alguns pontos e, pelo menos, vai bem mais além do que esses lixos.


2. CONHECENDO A PALEO DIET
É curioso como a atual dieta humana está tão desestruturada e equivocada a ponto de o programa de alimentação do paleolítico parecer tão revolucionário: na verdade, só estamos fazendo um regresso aos tempos mais primórdios e ao cardápio original do ser humano.

Entenda, então, caro leitor, que de inovação/esquisitice/peculiaridade esta dieta não tem nada, haja vista que “criaram-na” há milhares de anos atrás e foi através dela que este desprezível animal chamado ser humano “evoluiu” e se desenvolveu.

Conforme explicado anteriormente, o cardápio do paleolítico está baseado na caça e na coleta de alimentos. A primeira, obviamente, refere-se a todo e qualquer tipo de animais; a segunda, aos ovos e aos produtos vegetais sazonais, como frutas, raízes, verduras, sementes e tipos de nozes (ou nuts). 

Lembrando, mais uma vez, que os alimentos são retirados diretamente da natureza: sem agricultura e sem intervenção humana na produção.

“Caramba, mas por que essa viajada de homem das cavernas?”.

Segundo os defensores da dieta, mesmo passados 10 mil anos, coisa que dentro da evolução das espécies é considerado um período curto, nós, seres humanos do ano de 2016, ainda conservamos quase 100% do genoma dos nossos brothers das antigas.

Isso quer dizer que nossas necessidades e nosso metabolismo continuam iguais aos deles. Sendo assim, o cardápio do Paleolítico ainda é o ideal, haja vista que nosso código genético está perfeitamente adaptado a ele.

Reparem, por favor, que a evolução do macaco, até chegar ao homem, andou de mãos dadas com o que era consumido diretamente da natureza, de forma que esta, por sua vez, ia selecionando e moldando os mais aptos a sobreviver (graças à variabilidade genética). Essa adaptação, digamos assim, terminou com o fim da era glacial e foi aí que nos deparamos com o primeiro “problema”: a agricultura e a domesticação de animais.

A rapaziada começou a plantar e a selecionar vegetais com os quais não estava adaptada e a domesticar animais para obter carne, peles, leite e força “braçal” na lavoura. Podemos apontar como principais consequências negativas de cada um dos processos:

- agricultura: aumentou de forma desproporcional a ingestão de carboidratos e nos expôs a novidades, como o glúten do trigo, que é um dos maiores alergênicos da atualidade, ou um dos “vilões da modinha”, como gosto de chamar, afinal, essa turminha “fitness” adora inventar uma história...

Antigamente o carbo vinha apenas de frutas, especialmente berries, sementes, caules, bulbos, nuts, raízes, flores e folhas, todas selvagens, sem cultivo humano. Como nada disso podia ser armazenado, eram consumidos sempre frescos, garantindo maior aproveitamento dos nutrientes e uma importantíssima proteção contra doenças (antioxidantes).



- criação de animais: o animal domesticado tem um valor nutricional muito mais baixo do que o selvagem, especialmente no que diz respeito às suas gorduras: o primeiro grupo chega a ter até 30% de BF (body fat) contra 10%, apenas, do segundo. 

A diferença é não só quantitativa, como também qualitativa, já que é dito que muito antigamente, a proporção de fontes de gordura animal era diferente, sendo predominantemente poliinsaturada, enquanto a do doméstico, por sua vez, é quase toda saturada. Não sei dizer até que ponto isto é verdade, porém, foi o que encontrei numa das leituras que fiz...

Outro problema decorrente desse tema “gorduras” é que nosso consumo de ômega-3 foi reduzido em 75%, tanto pelo tipo de carne ingerida, quanto pela não ingestão de nuts e sementes, substituídos por laticínios, carne de pecuária, óleos vegetais e alimentos processados ricos em carbos e a maldita soja.

Além disso, o consumo de leite cobrou seu preço, por conta da lactose e dos danos intestinais que ela causa aos intolerantes (mais uma vez, acho que os defensores da paleo estão sendo muito rigorosos, mas enfim... Lactose é mais um vilão da modinha a meu ver... Enfim... Voltaremos a isto depois.).

Todo esse cenário de desregramento e de inovação no menu foi sendo gradativamente piorado, atingindo seu clímax com a industrialização dos alimentos, processo este que intensificou-se durante a Primeira Revolução Industrial.

A turma da Paleo, e neste ponto concordo com eles, rejeita essa alimentação processada, rica em carbos de alto índice glicêmico, gorduras escrotas e sal, pois enfraquecem nosso sistema imunológico e abrem espaço para doenças crônicas inflamatórias relacionadas à alimentação, como diabetes, câncer, obesidade e problemas cardiovasculares. Isso para não mencionar as “alergias e intolerâncias”.

Para eles, querer projetar dietas que fujam do alto consumo de proteína e do baixo carbo, é uma tarefa fadada ao fracasso.

A rapaziada ainda afirma que nosso código genético não nos permite aproveitar com eficiência ou com segurança os infinitos alimentos que surgiram. Tal fato pode ser facilmente comprovado através da análise de fósseis do Paleolítico: os indivíduos da época tinham uma composição estrutural muito superior à nossa, sendo mais altos, fortes, musculosos, ágeis e com cérebros maiores do que os nossos, segundo pesquisadores que estudam o assunto (Dr. Lorein Cordain, Robb Wolf, Dr. Arthur de Vany, Dr. Boyd Eaton e Dr. Kurt G. Harris, para citar alguns).

A expectativa de vida era menor, isso é fato, em torno de 25 anos pelo que me recordo das aulas de história, mas as mortes estavam normalmente relacionadas a acidentes, predação por animais maiores, conflitos entre grupos rivais, infecções por feridas e variações climáticas. Ou seja, nada de doenças crônicas relacionadas à alimentação.

Impossível deixar de comparar esta dieta com a do guerreiro, pois ambas tentam resgatar a forma mais natural possível de se comer, promovendo saúde e eficiência. Tanto é que algumas pessoas adeptas da DG acabam incorporando também a Paleo Diet ao seu estilo de vida, pois percebem que elas se somam com muita facilidade, haja vista que os caras há milênios atrás também deviam praticar um meio jejum durante longas horas do dia, por conta da caça e da vigília.

Continuando, a PD pode ou não ser uma dieta de perda de peso. Isso vai depender de você e da restrição calórica imposta. Primeiramente, ela é uma dieta que busca ser “natural” através da substituição de alimentos não saudáveis pelos que nosso organismo tem maior facilidade genética para aproveitar.

Por conta da queda da orgia de carboidratos que você consome, certamente seu corpo vai se transformar um pouco, especialmente no início, pois o metabolismo das gorduras vai aumentar e você vai perder massa gorda. Sendo assim, podemos chamar a diminuição de peso corporal como uma consequência deste estilo de vida.

Antes de encerrar, acho importante mencionar que, em muitos casos, essa redução de peso não passa de uma “ilusão”, afinal, é uma consequência imposta por qualquer uma dessas dietas baixo carbo e, se por acaso forem interrompidas, o efeito rebote sempre aparece, em maior ou menor proporção, trazendo de volta parte ou tudo do que foi perdido.

Acho muito mais jogo trabalhar com reeducação alimentar do que com coisas mais brutas e às vezes insustentáveis por grandes períodos (meses/anos), pois o importante não é o agora ou a semana que vem, mas sim o longo prazo, ou seja, o resto da sua vida...


Ficamos por aqui. No próximo capítulo iremos analisar a dieta mais profundamente, discutindo macronutrientes, os melhores alimentos a se escolher e muito mais. Até lá!



ATENÇÃO: Essa série contém 5 partes. Continue a leitura acessando: 
- PARTE 1: O QUE SIGNIFICA PALEOLÍTICO?/ CONHECENDO A PALEO DIET
- PARTE 2: ANALISANDO A DIETA MAIS PROFUNDAMENTE: DISCUTINDO MACRONUTRIENTES
- PARTE 3: NÍVEIS DE INTEGRAÇÃO COM A PALEO DIET/ MELHORES ALIMENTOS NA PALEO DIET/ PIORES ALIMENTOS NA PALEO DIET/ SUPLEMENTAÇÃO
- PARTE 4: PALEO DIET: CRÍTICAS
- PARTE 5PALEO DIET: CRÍTICAS (continuação)/ PALEO DIET MODERNA: MINHA PROPOSTA/ CONSIDERAÇÕES FINAIS

FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


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