TUDO SOBRE O COLESTEROL: O BOM, O RUIM E O FEIO – PARTE 1

Fala rapaziada!

Faz tempo que gostaria de escrever esta série e, finalmente, o projeto saiu do papel!

O objetivo dela será o de trazer um conteúdo bastante diferenciado e informativo. Não garanto que a leitura será fácil, porém, adianto que o conhecimento irá valer muito a pena.

Não sei se alguém percebeu, mas o título da série faz apologia ao terceiro filme da chamada “trilogia dos dólares”, “The good, the bad and the ugly”, que os idiotas no Brasil traduziram como “Três homens em conflito”.

(Puta que pariu, mas que mania filha da puta que se tem por aqui de fazer mudanças radicais nos títulos dos filmes ou de acrescentar coisas idiotas neles, como em “Rocky III, o desafio supremo” e não apenas “Rocky III”)

Enfim, esse magnífico clássico do gênero western, dirigido por Sergio Leone, traz a figura do lendário pistoleiro sem nome, ninguém menos que o querido Clint Eastwood, assim como Lee Van Cleef, outro cara que eu apreciava bastante, no papel de “o mau”.

Acho que o título da série, tragicamente, tem muito a ver com o universo do colesterol, por isso decidi fazer a brincadeira... Pelo menos serviu para homenagear uma obra da qual sou muito fã!

Boa leitura a todos! Vem comigo que é tudo nosso!


1. CONHECENDO AS LIPOPROTEÍNAS

Não dá para falar sobre o metabolismo do colesterol sem antes comentar sobre as magníficas lipoproteínas! Na verdade, o título desta série deveria ser “CONHECENDO AS LIPOPROTEÍNAS”, porém, como acredito que ninguém iria se interessar em ler, pois não iria entender porra nenhuma, preferi batizar de “tudo sobre o colesterol”, que é um subtema da série, pois chama mais atenção.

Certamente, você já ouviu falar delas e nem sabe, quer ver? Conhece o LDL? O HDL?
Talvez não saiba explicar, mas com certeza já leu ou ouviu essas siglas, infelizmente, de um jeito que considero muito escroto e desinformativo.

É de conhecimento altamente popular que: “o colesterol bom é o HDL e o colesterol ruim é o LDL” (é pra ler essa merda com voz de deboche. Mimimi colesterol bom e colesterol ruim. Bibibi).

Vai toma no cu, mídia meia boca!

A meu ver, não tem colesterol ruim, bom, feio, bonito, sujo, etc. Temos, na verdade, lipoproteínas que exercem papéis importantíssimos em nosso organismo e que na verdade foram vítimas de uma porra de uma crença social, que algum imbecil inventou, por conta dos péssimos hábitos de sedentarismo e alimentação que a população veio desenvolvendo nas últimas diversas décadas.

Vou voltar a isso ao longo da série, pois é muita raiva para tão poucas linhas...

Como ia dizendo tudo começa com o metabolismo das lipoproteínas.

Elas são complexos moleculares de lipídios e proteínas específicas chamadas “apolipoproteínas”, basicamente sendo constituídas por uma monocamada de fosfolípides envolvendo um núcleo de lipídios neutros, os triglicerídeos (TG) e ésteres de colesterol.

São partículas dinâmicas em constante estado de síntese, degradação e remoção do plasma, tendo, dentre suas funções, manter os lipídios solúveis para transporte no plasma, compor membranas, participar do metabolismo de hormônios esteroides, bile, vitaminas, etc.

Convencionalmente são classificadas de acordo com a densidade em ultracentrifugação, sendo os principais exemplos:

- QM: quilomícron
- VLDL: lipoproteína de densidade muito baixa (very low-density lipoprotein)
- IDL: lipoproteína de densidade intermediária (intermediate-density lipoprotein)
- LDL: lipoproteína de densidade baixa (low-density lipoprotein)
- HDL: lipoproteína de alta densidade (high-density lipoprotein)

Elas diferem na composição lipídica e proteica, no tamanho e na densidade, observe:

Essas apolipoproteínas que citei anteriormente são proteínas que estabilizam a estrutura das lipoproteínas, ativam coenzimas para enzimas do metabolismo dos lipídios e ainda servem como sítios de reconhecimento para receptores da superfície celular. Vejamos algumas:

- APO A-I: necessária para a síntese de HDL. Depende dos níveis de estrógenos.
- APO B48: requerimento para síntese de QM no intestino. Quem não sintetiza esta apolipoproteína não consegue absorver a gordura da dieta adequadamente.
- APO B100: reconhecimento da LDL pelos receptores celulares, para que a estrutura seja absorvida, entregando colesterol aos tecidos.
- APO C-II: ativação da lipase lipoproteica (LPL), enzima presente em alguns vasos sanguíneos e que ativa a degradação de lipídios na circulação, liberando ácidos graxos e glicerol.
- APO C-III: inibição da lipase lipoproteica
- APO E: reconhecimento dos remanescentes de QM pelos receptores

Bom, sei que foi informação pra cacete até agora, com vários nomes diferentes, mas agora vamos com mais calma que a coisa começará a clarear!


A. QUILOMÍCRON (QM)

Talvez você nunca tenha ouvido falar desse cara, mas ele é de total importância para sua vida.

Existem dois grandes circuitos de transporte de lipídios na circulação: os da via exógena, ou seja, as gorduras obtidas pela alimentação, e aí entram os QM, e os da via endógena, da banha produzida pelo próprio organismo, coisa que fica com o VLDL.

Observe a foto abaixo para facilitar a explicação:

Acompanhando os números, temo que você se alimenta, faz digestão das gorduras e o intestino absorve os ácidos graxos e, a partir deles, forma triglicerídeos, que é a forma através da qual armazenamos gordura no tecido adiposo.

Se o intestino simplesmente soltasse essa gordura no sangue, não seria possível transportá-la, pois ela não se solubiliza, ou seja, é a mesma ideia de se pingar óleo num copo com água: ele fica lá boiando sem se misturar...

Bom, sendo assim, o intestino embala essa gordura na forma de quilomícron nascente e o secreta no sangue. É chamado de nascente pois ainda não está completo.

No plasma esse QM vai receber as apolipoproteínas que faltam para deixá-lo completo: APO C-II e APO E, a partir do HDL. Veremos isto futuramente, mas para adiantar, o HDL, dentre outras coisas, funciona como um grande reservatório de apolipoproteínas na circulação.

Pronto, agora o QM está finalizado e poderá transportar gordura de forma adequada em nosso corpo.

Conforme já mencionado, essa APO C-II sinaliza para uma enzima no vaso sanguíneo degradar a gordura que o QM está trazendo, para liberar ácidos graxos e glicerol, de modo que eles possam ser absorvidos pelas células. Isso ocorre uma vez que o triglicerídeo é muito grande para entrar diretamente.

Terminado o papel de transporte, o QM vai lá e devolve a APO C-II pro HDL, mas não sem antes embolsar a APO E para ele. Malandrinho, heim?!

Pois é, mas isto é essencial, pois a APO E é um sinalizador, que informa para um receptor no fígado que aquele QM deve ser absorvido (endocitado) e eliminado da circulação.


Ficamos por aqui. No próximo artigo, continuaremos a discussão, trazendo em cena o VLDL, IDL e LDL. Até lá!


ATENÇÃO: Essa série contém 3 partes. Continue a leitura acessando: 
- PARTE 1: Conhecendo as lipoproteínas: quilomícron
- PARTE 2Conhecendo as lipoproteínas: VLDL, LDL
- PARTE 3: Discutindo sobre o HDL/ Treinamento físico e colesterol/ Colesterol: o bom, o ruim e o feio, conclusão.

FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


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