Fala rapaziada!
Infelizmente, hoje em dia,
vivemos numa sociedade que impõe o que podemos chamar de ditadura da beleza.
São padrões estéticos que, num geral, são difíceis de serem alcançados,
especialmente para algumas pessoas que simplesmente não têm genética para
tanto. O resultado disso são frustrações
e, quem sabe, o desenvolvimento de transtornos nutricionais, fato este que será
a discussão da presente série de apenas dois artigos. Boa leitura!
1. INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, fomos
percebendo uma drástica mudança no que diz respeito à incidência dos distúrbios
nutricionais na população. Antigamente, havia uma maior prevalência de quadros
de desnutrição, em diferentes graus, porém, hoje o que mais vemos são
verdadeiras crises no diálogo ser humano e alimento.
A desnutrição, que poderia ser
classificada como “um desequilíbrio entre o consumo calórico-proteico e a
demanda energética necessária para um crescimento, desenvolvimento e
funcionamento adequados” (ONIS, BLÖSSNER, 1997), era o distúrbio nutricional
predominante há décadas atrás.
Hoje, tal problema ainda
permanece, porém, sua forma clássica está mais centrada em regiões de extrema
pobreza do globo. Percebemos, ainda, alguns graus de desnutrição em parte da
população, que poderiam ser traduzidos na carência de algum nutriente, como
ferro, cálcio e vitaminas.
Isto pode acontecer não só com a
população mais carente, mas também com pessoas que têm maior poder aquisitivo e que
não dão o devido valor a uma alimentação balanceada e diversificada,
restringindo-se a comidas industrializadas e congeladas, ou mesmo a uma dieta regada a álcool ou extremamente restritiva (ex: só frango com batata doce, aquela história idiota
de sempre...), fatos que subtraem, significativamente, valores nutricionais.
Contudo, como mencionado na
introdução do texto, na atualidade temos uma crescente crise no diálogo do
homem com a comida, sendo que termos como bulimia, anorexia, obesidade e vigorexia já não
soam mais como estrangeirismos, tornando-se parte do nosso dia a dia.
2. ANOREXIA NERVOSA
A anorexia nervosa é um
transtorno que ocorre normalmente em mulheres e que se traduz num medo intenso
de ganhar peso ou de se tornar gorda/obesa, mesmo tendo um biotipo extremamente
magro (normalmente, elas têm peso 85% abaixo do predito para a idade) e, em
muitos casos, desnutrido.
Manifesta-se comumente em garotas
jovens, que normalmente têm distorção da própria imagem, peso, tamanho e formas
corporais, ou seja, não importa o quão magras, continuam enxergando-se
grandes e obesas.
Elas investem maciçamente em
dietas restritivas hipocalóricas e em alta carga de exercícios físicos, na
tentativa de perderem peso de forma constante. É comum que recorram a vômitos,
jejum e uso de substâncias como laxantes e termogênicos mais potentes.
Além disso, costumam ser mais
ativas fisicamente que pessoas saudáveis, porém, no longo prazo, quando perdem
peso excessivamente, começam a ficar fracas, com baixa massa muscular e a
sentir os colaterais da baixa ingestão calórica, com grande prostração.
Outras consequências desse
distúrbio são amenorreia (ausência de menstruação) e menores massa magra,
pressão arterial, volume sanguíneo, densidade mineral óssea, capacidade de
transporte de oxigênio, libido e níveis de hidratação.
Pela baixíssima ingesta
alimentar, é comum que tenham constipação intestinal, menor esvaziamento
gástrico e dor e distensão abdominal relacionados à atrofia por desuso do
aparelho digestório. Para piorar, como recorrem um bocado à prática de vômitos,
acabam desenvolvendo problemas dentários, pelo contato do esmalte com suco gástrico, além
de problemas de refluxo.
3. BULIMIA
Outro problema comum, e parecido
com o anterior, é a bulimia, que é um transtorno alimentar causado por períodos
de restrição e de compulsão alimentar seguidos por comportamentos punitivos e
nada saudáveis para perda rápida de peso, como induzindo vômitos, usando
laxantes e drogas termogênicas de diversos tipos e riscos.
Para caracterizar o quadro, estes
episódios aparecem, num geral, duas ou mais vezes por semana, por três meses.
As pessoas que sofrem desse
problema, mulheres não tão jovens em sua maioria, tentam se punir após quebraram
uma etapa alimentar restritiva usando dietas
extremamente insanas por dois ou três dias e substâncias e práticas auxiliares,
tais como uso de laxantes, diuréticos, exercícios físicos, anfetaminas, etc.
O auto induzimento de vômitos é, por conta da mídia, a característica mais famosa de quem sofre de bulimia,
por isso, a comentarei em separado. Suas principais consequências são a degradação do
esmalte dentário, doença gengival e ulceração do esôfago, por ação do suco
gástrico do estômago, além de problemas de refluxo e riscos de pneumonia por
aspiração de restos alimentares.
Continuando, é comum que na fase
compulsiva elas consumam muito mais alimento do que pessoas normais. Por
exemplo, já vi pessoas que mandavam 1kg de chocolate em poucas horas, ou mesmo
duas latas de leite condensado numa única “refeição”! Porém, passada essa etapa
de gula, vinha fortemente a do arrependimento, havendo quem passasse o dia com
apenas água, duas torradas e um pêssego....
Um ponto delicado da bulimia é
que as pessoas que sofrem dela tendem a ter um peso considerado normal para o
biotipo e esses episódios compulsivos citados não acontecem em público, por
vergonha ou medo de serem julgadas, sendo assim, pode ser muito difícil
identificar o problema em alguém.
O leitor deve ter reparado que os
dois transtornos citados são um tanto quanto parecidos, sendo assim, trago um
quadro comparativo para destacarmos os pontos divergentes entre eles, que
melhor poderão auxiliar no diagnóstico, além, é claro, de quebrar mitos, haja
vista que, normalmente, classificam uma mulher como tendo bulimia apenas pelo
fato de ela induzir vômitos.
Ficamos por aqui. No próximo artigo, falaremos sobre vigorexia, obesidade e encerraremos a série. Até lá!
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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