Fala rapaziada!
Decidi escrever alguns artigos
que irão abordar métodos e meios de treinamento, haja vista que a grande
maioria do público que frequenta academias adora uma modinha e sai por aí
reproduzindo qualquer merda que vê nas redes sociais, sem nem saber a real finalidade
da “coisa” que estão imitando, mesmo porque, os divulgadores normalmente também
não sabem nada e só querem chamar atenção...
Na primeira discussão desta
proposta, trouxe o treinamento de oclusão vascular, também chamado de Kaatsu
(clique AQUI) e também já
abordamos o Crossfit (clique AQUI).
Hoje será a vez de um dos mais polêmicos de todos os tempos, que virou uma
verdadeira febre: o treinamento funcional. Boa leitura!
1. O QUE É ESTE MEIO DE TREINAMENTO FUNCIONAL?
Reparem que usei a palavra “meio”
e não método, haja vista que o conceito de treinamento funcional se expandiu
tanto, mas tanto, que perdeu boa parte de sua essência e virou um mero meio de
treinamento, visando a atingir um fim prático.
Um método de treinamento é um
processo repetitivo e sistemático composto de exercícios progressivos que visam
ao aperfeiçoamento do desempenho. O meio, por sua vez, são meros aparatos ou
materiais utilizados para treinamento e que servem para desenvolver o
rendimento físico-esportivo de forma sistemática.
Confesso que tempos atrás eu
tinha uma visão preconceituosa em relação ao treinamento funcional, uma vez que
virou uma modinha filha da puta e todo mundo resolveu aderir, especialmente
aquelas pessoas que se vangloriavam por não se misturar com a turma que levanta
peso e/ou que têm aversão à musculação.
Aí os caras mergulharam de cabeça
nessa história de treino com instabilidade, proporcionando cenas ridículas nas
redes sociais, com o intuito de
mostrarem algo diferente e, assim, atrair novos alunos, fato que só piorou o
preconceito/adoração nas grandes mídias.
O sucesso foi tão grande que inclusive muitos instrutores que
não têm uma formação sólida foram atrás de cursos de treino com instabilidade,
para saciar a sede passageira desse público. Digo passageira, pois todos
sabemos que cada hora um assunto está na moda: kettlebell, crossfit, zumba,
hidrocapoeira, funcional, TRX, etc.
Sendo assim, esse tipo de
profissional vive ao sabor da demanda do mercado, simplesmente pulando de galho
em galho, fazendo cursos tranqueiras por aí e, no final do dia, sendo um mero
reprodutor do conhecimento alheio, uma marionetezinha...
Como eu gosto de pesquisar as
coisas baseando-me em ciência, e não em achismos de “profissionais”, resolvi ir
atrás de estudar sobre o treinamento funcional, há cerca de um ano atrás, e já
li um bocado até hoje. Fiz isto com o objetivo de realmente entender o fenômeno
e aí sim poder criticá-lo com maior propriedade, tanto é que o tema nunca
apareceu no meu site.
Só para adiantar a conversa, caso
você esteja na dúvida entre continuar ou não a leitura, digo que o treinamento funcional é uma ferramenta excelente, acho-o muito bacana, de verdade, porém, quase ninguém sabe
utilizá-lo adequadamente, fato que o desvalorizou e o tornou alvo de piadas e
preconceitos.
Posto isto, passemos, então, a
discutir o tema propriamente dito.
O rótulo “funcional” existe desde
1911, sendo um termo utilizado pela “British Amateur Weightlifting Association”
para se referir aos exercícios que deixavam o indivíduo mais funcional (melhor
preparado para desempenhar tarefas diárias, por exemplo, com uma função regular
mais sólida). São eles: supino, agachamento e levantamento terra.
Agora a casa caiu! Quer dizer que
a tríade do fisiculturismo é composta por exercícios funcionais?! Isso mesmo,
na concepção da época, e até hoje, por que não, por se tratarem de exercícios
multiarticulares, que envolvem dezenas de grupamentos musculares, eles
fortalecem toda a estrutura do sujeito e geram muitos ganhos em força,
deixando-o mais funcional e saudável.
Sendo assim, a ideia foi
incorporada ao campo da terapia física da reabilitação, com o objetivo de
recuperar funções perdidas, fazendo com que o indivíduo voltasse a ser
funcional novamente.
Para tanto, este tipo de treinamento baseou-se nos seguintes domínios: estabilização espinal, equilíbrio
e propriocepção, flexibilidade e resistência, tudo com o objetivo de aumentar a
estabilidade articular, o controle e o endurance neuromuscular, a amplitude do
movimento, etc., não importando o tipo do sujeito, envolvendo fisiculturistas,
powerlifters, strongman, idosos, atletas lesionados, indivíduos com fraturas e
por aí vai.
No final das contas, esse
trabalho funcional desenvolvido, cujas abordagens discutiremos em breve,
começou a ajudar muita gente, prestando um serviço de genuína qualidade, tanto
foi que devido ao seu enorme sucesso, decidiram expandir sua aplicação ao
público em geral, ou seja, o que antes era um programa de treino de
reabilitação passou, agora, a ser vendido como “treinamento funcional”.
Ele utiliza acessórios que aumentam
a instabilidade, que se tornaram sua marca registrada, como dyna disk, physioball, cama elástica, bosu, espaguetes,
etc., sendo colocados numa base de suporte onde o indivíduo irá executar um
treinamento convencional ou outro qualquer, tendo como foco a reabilitação, a
recuperação do desempenho, seja de pessoas sedentárias, seja de atletas (Behm
et al., 2001).
Uma coisa que trabalham muito
nessa brincadeira são os músculos popularmente conhecidos como do core
(núcleo/centro) do corpo, que funcionam como uma verdadeira cinta protetora em nosso corpo, proporcionando grande estabilização e segurança aos nossos movimentos; São eles: transverso do abdômen, oblíquos internos
e externos, reto do abdômen, quadrado lombar, multífidos, psoas e "assoalho pélvico".
Ficamos por aqui! No próximo
artigo, veremos para que serve o treinamento funcional, discutindo,
principalmente, se é verdade que ele aumenta a ativação muscular. Até lá!
ATENÇÃO: Essa série contém 3 partes. Continue a leitura
acessando:
- PARTE 1: O que é este meio de treinamento funcional?
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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