Fala rapaziada!
No artigo de
hoje, iremos discutir os riscos da obesidade para a saúde, tentando explicar,
de forma simples, porque o cenário mundial é tão preocupante e como as chances
de desenvolvimento de doenças, como a cardíaca, têm seus riscos aumentados
dentro deste contexto. Boa leitura!
EPIDEMIA MUNDIAL
A
obesidade é um fenômeno crescente em todo o mundo, atingindo, ano a ano,
números cada vez mais alarmantes: em 2014, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 1,9 bilhões de indivíduos
acima de 18 anos estavam com sobrepeso e 0,6 bilhão, com obesidade. Como a
população mundial da época era de cerca de 7,2 bilhões de habitantes, conforme
dados da ONU, temos que 35% dela estavam acima do peso [1].
Se estes
números por si só já são alarmantes, a ameaça ganha ainda mais peso,
literalmente, quando analisamos crianças abaixo de 5
anos: segundo a OMS, em 2014, 41 milhões delas, ao redor do mundo, estavam
obesas ou com sobrepeso.
No que diz
respeito ao Brasil, o cenário não é nada convidativo e está em sintonia com a
tendência mundial, haja vista que, em 2010, 51,1% da população adulta estava
com sobrepeso, enquanto que em 2014, 54,1%, segundo dados do Ministério da
Saúde [2]. A obesidade, que era de 17,8%, passou a 20%, com uma maior
prevalência em mulheres.
Em relação
às crianças abaixo de cinco anos, temos 7,3% delas acima do peso. Quando
analisamos somente as meninas, vemos que a tendência se mantém entre elas desde
cedo, sendo também mais prevalente nessa fase da vida, correspondendo a 7,7%.
AFINAL, POR QUE A OBESIDADE É ALGO TÃO
PREOCUPANTE?
Quando nossa
massa gorda é aumentada, elevamos a produção de adipocinas, que são proteínas
sinalizadoras produzidas pelo tecido adiposo, e diminuímos a de adiponectinas,
que é um hormônio que regula processos metabólicos no organismo.
Bom, mas o que
isso tem a ver com os riscos que a obesidade traz à saúde? Tem e muito, caro
leitor, pois quando as adipocinas estão aumentadas e as adiponectinas diminuídas, alteramos [3]:
- A sinalização de glicose no músculo,
fato que irá prejudicar o metabolismo desta molécula no organismo do obeso,
criando um quadro de resistência à insulina que, no longo prazo, terá como
desfecho o desenvolvimento de diabetes tipo-II.
- Os receptores de leptina, que
começarão a perder sensibilidade, fazendo com que o sujeito engorde muito. Para
quem não sabe, estamos aqui a falar de um hormônio produzido pelo tecido
adiposo que atua como um regulador do ganho de peso: quando aumentamos muito a
massa gorda, produzimos mais leptina e isto faz com que nosso apetite diminua,
a fim de evitar maior ganho de peso; por outro lado, quando perdemos peso, a
fome aumenta. Sendo assim, no caso de os receptores de leptina perderem
sensibilidade, o indivíduo vai aumentando de peso de forma constante, uma vez
que a via do apetite não consegue ser interferida.
- A produção de citocinas inflamatórias,
que irão levar a danos vasculares importantes, aumentando os riscos de
desenvolvimento de hipertensão, vulgo “pressão alta”, que tem diversos impactos
negativos na vida dos indivíduos, como lesões de alguns órgãos, como coração e
rins, além de problema na retina (dos olhos). Além disso, a inflamação
generalizada aumentada ainda incrementa danos articulares, auxiliando na
degeneração de cartilagens.
- O metabolismo
do fígado, pois muda o balanço entre o potencial de sintetizar e oxidar
lipídios (gorduras), de modo com que este órgão comece a lançar muito
colesterol no sangue, aumentando os índices de VLDL e LDL. Além disso, temos os
riscos de esteatose hepática incrementados, que, de forma simples, seria um
acúmulo de gordura no fígado. Vale mencionar também que alta LDL no sangue é
péssimo, pois aumenta os riscos de formação de placas de ateroma, que são como depósitos
de gorduras nos vasos, prejudicando a circulação e podendo levar a morte quando
ocorrem no cérebro (AVC) ou no coração (doença da artéria coronária).
- A deposição de
gordura nos rins, aumentando os riscos do desenvolvimento de lipotoxidade renal.
Além destes
aspectos, vale mencionar que o aumento de peso traz prejuízos articulares
consideráveis por conta da maior sobrecarga gerada. A título de exemplificação,
apenas para que o leitor entenda a gravidade da situação, a cada 1kg que
engordamos, elevamos em 2,2kg a compressão em nossos joelhos.
Tal tragédia
acabará, no longo prazo, degenerando cartilagens, que é um tecido que não se
recupera mais, ou seja, perdeu, perdeu, e prejudicará enormemente a locomoção
do indivíduo, com dores crônicas e permanentes. Se somarmos isto
ao fato da inflamação generalizada que citei acima, os danos são incrementados e a
qualidade de vida piorada ainda mais...
CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO
No artigo de
hoje, pudemos entender que todo esse sensacionalismo que a mídia e os
profissionais da área da saúde fazem acerca da obesidade tem um fundo de
verdade, haja vista que ela aumenta as chances de desenvolvimento de doenças no
coração, no fígado, nos vasos do corpo, nos rins, nas articulações, além, é
claro, dos diversos problemas metabólicos que gera, como a diabetes tipo-II.
Tenha em mente
que o melhor tratamento que existe em relação à obesidade é aquele realizado
pelos profissionais de educação física e pelos nutricionistas, uma vez que a
chave do sucesso é a quebra do sedentarismo, com mudanças de hábitos de vida,
especialmente alimentares. Além disso, essas intervenções possuem uma vantagem
muito grande em relação aos medicamentos que os médicos prescrevem: não geram
efeitos colaterais!
Sendo assim, no
que diz respeito à atividade física, caso seja obeso, ou conheça algum,
consulte um profissional de educação física capacitado para lhe ajudar, que
realmente conheça e domine o assunto obesidade, que tenha experiência na área e
que saiba de todos os riscos e adaptações que o treinamento deve contemplar
para garantir apenas benefícios à saúde do aluno, eliminando as chances de
lesioná-lo, o que, infelizmente, é muito comum.
Em outras
palavras, o que estou querendo dizer é que perda de peso á algo muito sério e
deve ser muito bem feito, porém, são raros os profissionais que realmente são
capazes de fazer isto de forma segura. Portanto, não se aventurem com amadores
e busquem profissionais diferenciados.
BIBLIOGRAFIA
2. Pesquisa
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde.
3. Fonseca et al. “O tecido
adiposo como centro regulador do organismo”. 2006.
- Diretrizes Brasileiras de
Obesidade, 2016.
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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