Fala rapaziada!
Ao longo do desenvolvimento, observamos diversas variações na
massa óssea dos indivíduos, ora com um aumento, ora com um decaimento, sendo as
curvas de deposição bastante diferentes em relação aos tipos sexuais, masculino
e feminino.
Até os 20 anos, temos uma característica de agregação de
matriz orgânica e inorgânica nos ossos, sendo que homens conseguem atingir um
pico máximo mais elevado do que mulheres.
Tal fato fica ligeiramente estável até os 30 anos e depois
começa a decair, de forma mais acentuada no sexo feminino e, mais discreta, no
masculino, até que se atinja os 60-70 anos, faixa onde parece ocorrer uma
espécie de platô, que dura muito pouco, sendo seguida por uma queda vertiginosa
de massa óssea até o final da vida do indivíduo.
Porém, é importante que se tenha em mente que este cenário
descrito ocorre com pessoas que envelhecem ao sabor do acaso, sem tomar nenhuma
providência, ao longo da vida, para frear tal mecanismo.
Uma importante ferramenta para o aumento de massa óssea,
manutenção e prevenção de osteopenia é a prática de exercício físico. Não de
qualquer um, mas de exercícios que possuam características como: compressão,
alta frequência de impacto, intensidade considerável e especificidade.
Posto isto, é comum que se pergunte: “qual a melhor atividade
física, então?”, mas a resposta não é nada fácil, haja vista que praticamente
nenhum exercício é completo o suficiente a ponto de sozinho protagonizar uma
prescrição. Sendo assim, o importante é que se utilize um repertório amplo de
atividades motoras, que juntas irão preencher todos os requisitos necessários
para o aumento de massa óssea.
O primeiro ponto a se considerar é que a prática de atividade
física deve ser incentivada logo na primeira infância, para que o indivíduo
realmente incorpore o hábito e carregue isto consigo ao longo de todo o seu
desenvolvimento.
Segundo Barros et al. (2008), “Estudos realizados nas últimas
décadas indicam que exercícios (...) induzem as adaptações da estrutura
esquelética, tornando-a mais resistente a estímulos externos. Exercícios como
voleibol, basquetebol, ginástica artística e tarefas com implementos realizados
na fase maturacional são os mais indicados para elevar a densidade mineral
óssea, favorecendo a otimização do pico de massa óssea na fase adulta e prevenindo
osteoporose na idade avançada”.
Tal fato se reflete no estudo de Bailey et al. (1999), que
acompanhou 113 adolescentes por 6 anos, mostrando que, ao final do estudo, os
meninos que praticavam atividade física agregaram 9% mais massa óssea do que o
grupo controle. A diferença foi ainda mais gritante em relação às meninas, cuja
discrepância ficou em 17%.
Essa mudança, se mantida, irá acompanhar o indivíduo por boa
parte de sua vida, de forma que a modificação descrita na introdução deste
texto seja desrespeitada.
Infelizmente, as pessoas não procuram atividade física como
forma de prevenção de doenças, mas sim como medida de recuperação ou contenção
de algum problema metabólico já instalado.
No que diz respeito ao metabolismo ósseo, mais especificamente
à osteopenia e à osteoporose, a literatura mostra que o ideal é a prevenção de
perda de massa já na juventude, uma vez que não há muito que se fazer com
idosos acometidos pelas doenças, a não ser minimizar danos.
É o que ficou relatado através de Berard, “a atividade física
previne perda óssea na coluna. Efeitos não foram observados para antebraço e
quadril” e Palombaro, “Marcha parece não ser suficiente para prevenir
desmineralização óssea”.
Sendo assim, podemos concluir que o exercício tem papel
fundamental na agregação de massa óssea ao longo de parte da vida e de
atenuação da perda desta massa na idade avançada. Sua prática deve ser
incentivada desde a primeira infância, haja vista que, quando a osteopenia
começa a se agravar, até gerar o quadro de osteoporose, fica muito difícil
contê-la ou revertê-la.
Para finalizar, uma ressalva, retirada do artigo “o esporte e
suas implicações na saúde óssea de atletas adolescentes”:
“Quando a
prescrição de exercícios físicos se direciona à população adolescente, deve ser
ainda mais cautelosa, uma vez que essa fase da vida se caracteriza por intensas
transformações biológicas, entre elas o crescimento estatural, o amadurecimento
neuroendócrino, o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e as
transformações pronunciadas dos sistemas cardiovascular e músculo-esquelético.
Além disso, o grande desafio para quem orienta as atividades esportivas para
jovens é convencê-los a assumir uma intensidade constante e adequada e não
acima dos limites fisiológicos, já que o adolescente é naturalmente
imediatista, questionador de padrões preestabelecidos e com constantes
flutuações de humor e estado de ânimo.”
BIBLIOGRAFIA
- Massa óssea e atividade física na infância e
adolescência. Ronaldo Vilela
Barros, César Cavinato Cal Abad, Maria Augusta Pedutti Dal’Molin Kiss, Júlio
Cerca Serrão. 2008.
- O esporte e suas implicações na saúde óssea de atletas adolescentes - Carla Cristiane da Silva; Altamir Santos Teixeira; Tamara Beres Lederer Goldberg Rev Bras Med Esporte vol.9 no.6 Niterói Nov./Dec. 2003
- A Six-Year Longitudinal Study of the Relationship of Physical Activity to Bone Mineral Accrual in Growing Children: The University of Saskatchewan Bone Mineral Accrual Study. D. A. Bailey, H. A. Mckay, R. L. Mirwald, P. R. E. Crocker andR. A. Faulkner. Article first published online: 1 OCT 1999. DOI: 10.1359/jbmr.1999.14.10.1672
- Effects of Walking‐only Interventions on Bone Mineral Density at Various Skeletal Sites: A Meta‐analysis. Palombaro, Kerstin M PT, MS. Journal of Geriatric Physical Therapy: December 2005 - Volume 28 - Issue 3 - p 102–107
- O esporte e suas implicações na saúde óssea de atletas adolescentes - Carla Cristiane da Silva; Altamir Santos Teixeira; Tamara Beres Lederer Goldberg Rev Bras Med Esporte vol.9 no.6 Niterói Nov./Dec. 2003
- A Six-Year Longitudinal Study of the Relationship of Physical Activity to Bone Mineral Accrual in Growing Children: The University of Saskatchewan Bone Mineral Accrual Study. D. A. Bailey, H. A. Mckay, R. L. Mirwald, P. R. E. Crocker andR. A. Faulkner. Article first published online: 1 OCT 1999. DOI: 10.1359/jbmr.1999.14.10.1672
- Effects of Walking‐only Interventions on Bone Mineral Density at Various Skeletal Sites: A Meta‐analysis. Palombaro, Kerstin M PT, MS. Journal of Geriatric Physical Therapy: December 2005 - Volume 28 - Issue 3 - p 102–107
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
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