CRÔNICAS DA MUSCULAÇÃO – VOLUME 3: A TOALHINHA DO CAPETA!

Fala rapaziada! Santa paz?

Que nada! A crônica de hoje é um pouco triste, haja vista que é sobre a história de um garoto que teve o rosto desfigurado, por conta de um descuido, dentro de um ginásio de musculação.

Fico meio sem jeito de falar isto, mas o gatilho para este trágico incidente foi disparado por mim, sim, pelo seu querido autor do “ensinando musculação”. É foda, esta história tem dez anos, no entanto, até hoje eu ainda tenho pesadelos com aquela cena macabra...



Estávamos no início do verão de 2004 e as famosas promessas dos frangos de verão já estavam começando a soltar as primeiras penas. Porra! Como essa época é complicada para os veteranos da maromba, não é verdade?!

Um fanfarrão que estudava comigo veio ciscando até mim para perguntar aonde eu “malhava”, pois ele queria começar a se exercitar... Malhar?! Vai vendo o grau da coisa! Eu só não quebrei as duas asinhas dele porque ele perguntou na inocência de um virgem de treino...

Pois bem, falei aonde era a academiazinha de bosta aonde treinava e no dia seguinte mesmo o rapazote já estava lá, brincando nos aparelhos com uma fichinha de treino nas mãos.

Até aqui, tudo tranquilo. Nada demais. Já vimos esta cena milhares e milhares de vezes. No entanto, gostaria de deixar esta parte da crônica no “pause” e começar a relatar uma história paralela. No final, juntamos a porra toda e choramos de pena do pobre rapaz, combinado? Comecemos:

Rapaziada, como é o dono da academia de vocês? É um cara que está preocupado com os clientes ou é um muquirana filha da puta? Não sei a resposta de vocês, mas a academia que será relatada nesta crônica, infelizmente, tinha como dono um bosta que se enquadrava nesta segunda opção.

O cara era tão munheca, mas tão munheca, que o “sabão” para lavar a mão no banheiro era uma “ex-garrafinha-de-gatorade” com água até a boca. Só!

Porra, como assim, Fernandão?!

Foda, né?! A gente lavava a mão com água e... água! De vez em nunca, sei que ele pingava 3 gotículas de detergente no frasco apenas para dar um efeito psicológico de espuma (dizem as más línguas que ele, na verdade, cuspia ali...).

Ok, e depois desta higiene, o que você faz? Peida? Bom, pode até ser, mas acredito que você também tenta secar a mão. Lá, tínhamos duas opções:

I- Secar na bermuda, no cabelo, na camiseta, no cu ou em qualquer outro lugar que não fosse a segunda opção;
II- Numa toalha.



Ninguém sabe ao certo a história do tecido: uns diziam que ele já fora um antigo pano de chão do estabelecimento; outros, que fora utilizado, durante muitos anos, para limpar bundas de crianças em creches pelo país. Havia ainda aqueles mais ligados ao sobrenatural, que juravam que a toalha foi enviada ao mundo pelo próprio capeta, o coisa ruim!, para disseminar doenças... Independentemente da teoria acreditada, uma coisa todos nós sabíamos: ELA JAMAIS DEVERIA SER UTILIZADA!

Aqueles trapos tinham um cheiro tão podre, mas tão podre, que fica absurdamente difícil de descrever, com perfeição, a gravidade da situação! Imagine deixar a sua coqueteleira com restos de suplemento azedando por um mês no porta-malas do seu carro e você ainda não terá a mínima noção do que eu estou falando.

Não seria exagero algum eu escrever que a toalhinha do capeta, como foi batizada por mim, chegou a ficar mais de um ano pendurada no banheiro masculino sem ser trocada...

Para piorar, ela habitava um local úmido, como todo banheiro, e bastante escuro, já que o cubículo não tinha janelas e era precariamente iluminado por uma lâmpada de 0,5W. Sinceramente, eu nunca descobri se eu mijava num balde de lixo, numa fossa, rum ralo ou numa privada, de tão escura que era aquela merda.

Com um ambiente tão propício assim, o pano de chão/mão começou a apodrecer e a ser decomposto por todos os tipos de fungos e bactérias do mundo, inclusive com espécies novas/jamais relatadas. Meu sonho, na época, era o de levar um pequeno fragmento da “toalha” para ser examinado no laboratório da faculdade e, quem sabe, poder ter o prestígio de batizar um espécime novo com o meu nome: Fungus paiottis ou Fernandus bacteriânus (coisa de nerd apaixonado pela ciência).


Continuando, aqueles retalhos só estavam ali por dois motivos: por vagabundice do dono e para dar trote nos calouros desavisados que, numa primeira infeliz visita ao banheiro, poderiam pegar, no mínimo, um câncer ultra-maligno nas mãos “enxugadas”. Se o frango sobrevivesse, estaria apto a fazer parte da turma dos marombeiros.

Reza a lenda... que um novato que passou pelo nosso ginásio, no final dos anos 80, teve a infeliz ideia de lavar as mãos antes de mijar. Resultado: ele pegou no pinto com os dedos totalmente contaminados pela toalha...

Acreditem se quiserem: o cacete do garoto apodreceu e caiu antes mesmo de ele terminar o ato urinário! Aos berros, ele foi levado ao hospital, mas, infelizmente, veio a falecer na metade do caminho por conta de uma infecção generalizada.

Dizem os veteranos que o pinto dele criou vida e está até hoje perdido no chão do banheiro. Não sei se é verdade, haja vista que lá dentro é escuro demais, porém, pelo sim, pelo não, eu sempre tomei o cuidado de manter a bunda encostada na parede, enquanto mijava, e jamais abri a boca ali dentro, afinal, e se fosse verdade?! Sai fora, rapá!

Bom, acredito que já deu para o leitor sentir o drama da situação pela qual passávamos, certo? Estão prontos para chamarmos aquele meu amigo do início da crônica de volta?

Conforme dito anteriormente, lá estava ele em seu primeiro dia, brincando pela academia, fascinado, com uma fichinha de treino nas mãos e infinitas incertezas na cabeça.

Quando ele encerrou a “malhação”, veio me perguntar se eu já estava acabando e se queria uma carona. Disse que precisava de mais 3 minutos e que depois poderíamos vazar. Tranquilo. Para ganhar tempo, acredito que o moleque foi lavar a mão no banheiro, não sei bem ao certo, tudo que lembro é que ele se afastou de mim, sem avisar, e dirigiu-se ao “vestiário”.

Como meu intervalo já estava finalizando, comecei a me preparar para a última série do treino. Concentro-me, pego a barra e sinto um suor gelado percorrer minha espinha: “meu deus! Ele foi ao banheiro... ele é novo aqui... é cabação... A TOALHA!”. Comecei a entrar em pânico e não sabia o que fazer, se corria até lá ou se terminava a série antes. Optei por continuar, afinal, treino é treino.

Nisso a porta abriu e vi o vacilão saindo: estava vivo. Ufa! Ainda bem que não parei!

Porém, enquanto ele vinha até mim, notei que algo não parecia bem e eis que nasce o pesadelo que me atormenta até os dias de hoje (Nossa senhora! Mal consigo digitar de tanto que minhas mãos tremem):

- Caramba que fedô! (disse ele cheirando as mãos)
- Nuooosssa cara, você enxugou as mãos com aquela toalha que tava pendurada no banheiro?!?!?!
- Sim, nem percebi que ela estava suja (que belo eufemismo!)... o pior é que também enxuguei o rosto. Agora que t...

O coitado nem conseguiu terminar a frase: seu rosto começou a levantar bolhas de pus, a inchar e por fim explodiu!

A impiedosa toalhinha do capeta acabava de fazer mais uma vítima...



FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


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Comentários

  1. Hahahahaha muito bom, Fernando!

    E tô na espera do próximo capítulo do "Desabafo de um marombeiro lesionado"...

    Abraço!

    Pedro Henrique

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