CRÔNICAS DA MUSCULAÇÃO - VOLUME 10: O MAROMBA QUE MATAVA A AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA...

Uma coisa que eu sempre odiei nos tempos de colégio chamava-se “educação física”... Era um bando de filhinho da puta querendo se aparecer nas modalidades esportivas, fora aqueles viadinhos que não sabiam perder em hipótese alguma e apelavam, jogando menos graciosamente do que cavalos e jumentos.

(Peço perdão aos eqüinos (faço questão de usar trema, injustamente abolido para nos aproximar dos portugas... pra quê, porra?!?!?!) por compará-los com meus antigos colegas de escola.)

A verdade é que sempre fui muito ruim em todos os esportes: no vôlei, raramente eu conseguia sacar ou fazer a bola passar por cima da rede; no futebol, era um cara limitado e tinha raiva, e certa inveja, dos fdps cheios das firulas; handball era coisa de menina e basquete dá pra contar nos dedos as vezes em que joguei (nunca fiz cesta).

Para agravar a história, eu era um garoto desnutrido-pele-osso. Por todas as turmas/classes que passei, antes de começar a puxar ferro, eu sempre fui o cara menorzinho e mais fraco.

Aí eu me perguntava: “O que tem de errado comigo? Não sirvo pra nada? Não sei jogar nada? Porra qual que é o meu problema?”. Meu problema era que eu não conhecia a musculação!! Ponto final.

Para encurtar a coisa, já que a história merecia uma crônica própria, não vou contar como descobri a arte do ferro e comecei a treinar. Por hoje, digamos que simplesmente comecei e peço aos leitores para se darem por satisfeitos.

Voltando, eu finalmente havia encontrado um esporte (esporte? Musculação não é estilo de vida?) no qual eu era bom e me sentia bem, realizando algo e vendo resultados.

Depois de um tempo frequentando o ginásio, percebi que a aula de educação física havia se tornado um verdadeiro empecilho ao meu desenvolvimento físico, além de uma TOTAL perda de tempo...


Sendo assim, eu não iria permitir que aquelas aulas estúpidas, com os merdinhas da escola, prejudicassem meu desenvolvimento muscular. Resultado: passei a matar as classes, utilizando-me de diversos recursos, durante todo o ensino médio:


A PRIMEIRA MALANDRAGEM

Por mais de um ano, eu entreguei um atestado, inventado por um médico amigo meu, isentando-me das classes por motivos de saúde: uma má formação no joelho.

Disto, temos algumas ironias. A primeira, é que o coitadinho do filho da puta do Fernando Paiotti, do joelhinho dodói, não podia fazer educação física, mas podia treinar perna bem pesado na academia, inclusive fazendo leg press com meia tonelada (roubando e pra se aparecer, afinal, eu era um iniciante)! Milagre? Talvez...

Mas como alegria de maromba dura sempre muito pouco, no ano seguinte, tive um novo problema...

Meu querido e ilustríssimo professor, cansado de receber atestados, inventou que os alunos dispensados (no caso, EU!) deveriam realizar trabalhos e exposições para o resto da turma, usando o tempo ocioso esportivo para pesquisas.

Xiiii... Nessa eu me fodi heim?! Trabalhinho sobre esportes, man?!

E lá fui eu na segunda semana de aula apresentando um trabalho que o corno me encomendou: arco e flecha! Isso mesmo que você leu: ARCO E FLECHA!

Falei qualquer merda lá na frente, pra rapaziada poder tirar um cochilo em paz com minhas interessantíssimas palavras, e, ao final da exposição, eu, como bom arqueiro das ideias, lancei a minha, de forma certeira, no cu daquele professor: “me aguarde para semana que vem...”.

Como esperado, mais um irônico milagre aconteceu com o Robin Hood da paixão que vos escreve: meu joelho estava “recuperado” e eu poderia fazer educação física novamente! Quando o assunto era defender os meus interesses musculares, minha filhadaputice não tinha limites.


A SEGUNDA MALANDRAGEM

Durante muitos e muitos meses, eu aproveitava aquela muvuca na hora de escolher os times, depois da chamada, e vazava pra biblioteca e ficava lá lendo algum livro. Não ia ter que ficar apresentando trabalhinho escroto e ainda ia dar um rumo mais útil à minha vida.

Eu só não ia embora porque a saída era extremamente vigiada e um veterano fora suspenso por três dias, alguns meses antes, por escapar da escola antes do horário.



 A TERCEIRA MALANDRAGEM

Os meses foram passando e o ano acabou. Quando as aulas regressaram, eu já estava no terceiro colegial e aí a vida me presenteou com algo que não acho que foi só uma coincidência, mas um sinal de que eu nasci para ser marombeiro: a escola entrou em reformas e o estacionamento dos professores ficou totalmente abandonado, permitindo que se pudesse ir embora livremente! Que lindo!

Por outra belíssima brincadeira do destino, as quadras poliesportivas ficavam muito próximas deste estacionamento. Resultado:

- Fernando Paiotti!

- Presente, querido professor!  (falou, falou, até amanhã lesk, se cuida ae. Vou lá treinar).

E lá ia eu para o estaciona, todo sorridente, rumo ao ginásio, que ficava a menos de cinco minutos da escola. Na minha arrogante cabeça de adolescente, os meninos da escola iam jogar bola; já eu... eu!, caro leitor, eu ia praticar a arte do ferro, movimentando cargas sobrenaturais, como um verdadeiro homem...

Os meses foram passando e eu crescia cada vez mais (gloriosos anos de iniciante onde qualquer merda que fazemos dá resultado!): já não era um garoto raquítico, o menor da turma, mas sim um aspirante a marombeiro, recém-formado no ensino médio, em busca de uma carreira no ensino superior...

Hoje, eu olho para trás, lembrando-me de como tudo isto começou, esse meu despertar para a minha vocação, e bate até uma saudade. Se pudesse voltar no tempo, não mudaria absolutamente nada.

Tenho ainda mais certeza de que tomei a decisão mais sensata quando, por alguma sacanagem/marotagem do destino, encontro aqueles antigos “craques da educação física dos tempos de escola”, que hoje levam constantes e desconcertantes dribles do colesterol, da diabetes e da pressão alta, tomam violentos carrinhos por trás da obesidade e o único olé que dão é na dieta.

Como dizia o saudoso Rocky Balboa, “ninguém bate mais forte do que a vida...”.


OBSERVAÇÃO: é bastante engraçado ver o meu histórico escolar de todo o ensino médio. Nas áreas de humanas e biomédicas eu sempre tirei A, em exatas era B e em educação física, SEMPRE C!


FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


Para conhecer meus serviços de consultoria online, currículo, fotos de alguns alunos e muito mais, clique AQUI ou envie email para: fernando.paiotti@gmail.com

Comentários