Uma coisa
que eu sempre odiei nos tempos de colégio chamava-se “educação física”... Era
um bando de filhinho da puta querendo se aparecer nas modalidades esportivas,
fora aqueles viadinhos que não sabiam perder em hipótese alguma e apelavam,
jogando menos graciosamente do que cavalos e jumentos.
(Peço perdão
aos eqüinos (faço questão de usar trema, injustamente abolido para nos
aproximar dos portugas... pra quê, porra?!?!?!) por compará-los com meus
antigos colegas de escola.)
A verdade é
que sempre fui muito ruim em todos os esportes: no vôlei, raramente eu
conseguia sacar ou fazer a bola passar por cima da rede; no futebol, era um
cara limitado e tinha raiva, e certa inveja, dos fdps cheios das firulas;
handball era coisa de menina e basquete dá pra contar nos dedos as vezes em que
joguei (nunca fiz cesta).
Para agravar
a história, eu era um garoto desnutrido-pele-osso. Por todas as turmas/classes
que passei, antes de começar a puxar ferro, eu sempre fui o cara menorzinho e
mais fraco.
Aí eu me
perguntava: “O que tem de errado comigo? Não sirvo pra nada? Não sei jogar
nada? Porra qual que é o meu problema?”. Meu problema era que eu não conhecia a
musculação!! Ponto final.
Para
encurtar a coisa, já que a história merecia uma crônica própria, não vou contar
como descobri a arte do ferro e comecei a treinar. Por hoje, digamos que
simplesmente comecei e peço aos leitores para se darem por satisfeitos.
Voltando, eu
finalmente havia encontrado um esporte (esporte? Musculação não é estilo de
vida?) no qual eu era bom e me sentia bem, realizando algo e vendo resultados.
Depois de um
tempo frequentando o ginásio, percebi que a aula de educação física havia se
tornado um verdadeiro empecilho ao meu desenvolvimento físico, além de uma TOTAL
perda de tempo...
Sendo assim,
eu não iria permitir que aquelas aulas estúpidas, com os merdinhas da escola,
prejudicassem meu desenvolvimento muscular. Resultado: passei a matar as classes,
utilizando-me de diversos recursos, durante todo o ensino médio:
A PRIMEIRA MALANDRAGEM
Por mais de
um ano, eu entreguei um atestado, inventado por um médico amigo meu,
isentando-me das classes por motivos de saúde: uma má formação no joelho.
Disto, temos
algumas ironias. A primeira, é que o coitadinho do filho da puta do Fernando
Paiotti, do joelhinho dodói, não podia fazer educação física, mas podia treinar
perna bem pesado na academia, inclusive fazendo leg press com meia tonelada
(roubando e pra se aparecer, afinal, eu era um iniciante)! Milagre? Talvez...
Mas como
alegria de maromba dura sempre muito pouco, no ano seguinte, tive um novo
problema...
Meu querido
e ilustríssimo professor, cansado de receber atestados, inventou que os alunos
dispensados (no caso, EU!) deveriam realizar trabalhos e exposições para o
resto da turma, usando o tempo ocioso esportivo para pesquisas.
Xiiii...
Nessa eu me fodi heim?! Trabalhinho sobre esportes, man?!
E lá fui eu
na segunda semana de aula apresentando um trabalho que o corno me encomendou:
arco e flecha! Isso mesmo que você leu: ARCO E FLECHA!
Falei
qualquer merda lá na frente, pra rapaziada poder tirar um cochilo em paz com
minhas interessantíssimas palavras, e, ao final da exposição, eu, como bom
arqueiro das ideias, lancei a minha, de forma certeira, no cu daquele
professor: “me aguarde para semana que vem...”.
Como
esperado, mais um irônico milagre aconteceu com o Robin Hood da paixão que vos
escreve: meu joelho estava “recuperado” e eu poderia fazer educação física
novamente! Quando o assunto era defender os meus interesses musculares, minha
filhadaputice não tinha limites.
A SEGUNDA MALANDRAGEM
Durante
muitos e muitos meses, eu aproveitava aquela muvuca na hora de escolher os
times, depois da chamada, e vazava pra biblioteca e ficava lá lendo algum
livro. Não ia ter que ficar apresentando trabalhinho escroto e ainda ia dar um
rumo mais útil à minha vida.
Eu só não ia
embora porque a saída era extremamente vigiada e um veterano fora suspenso por
três dias, alguns meses antes, por escapar da escola antes do horário.
A
TERCEIRA MALANDRAGEM
Os meses
foram passando e o ano acabou. Quando as aulas regressaram, eu já estava no
terceiro colegial e aí a vida me presenteou com algo que não acho que foi só
uma coincidência, mas um sinal de que eu nasci para ser marombeiro: a escola
entrou em reformas e o estacionamento dos professores ficou totalmente abandonado,
permitindo que se pudesse ir embora livremente! Que lindo!
Por outra
belíssima brincadeira do destino, as quadras poliesportivas ficavam muito
próximas deste estacionamento. Resultado:
- Fernando
Paiotti!
- Presente,
querido professor! (falou, falou, até
amanhã lesk, se cuida ae. Vou lá treinar).
E lá ia eu
para o estaciona, todo sorridente, rumo ao ginásio, que ficava a menos de cinco
minutos da escola. Na minha arrogante cabeça de adolescente, os meninos da
escola iam jogar bola; já eu... eu!, caro leitor, eu ia praticar a arte do
ferro, movimentando cargas sobrenaturais, como um verdadeiro homem...
Os meses
foram passando e eu crescia cada vez mais (gloriosos anos de iniciante onde
qualquer merda que fazemos dá resultado!): já não era um garoto raquítico, o
menor da turma, mas sim um aspirante a marombeiro, recém-formado no ensino
médio, em busca de uma carreira no ensino superior...
Hoje, eu
olho para trás, lembrando-me de como tudo isto começou, esse meu despertar para
a minha vocação, e bate até uma saudade. Se pudesse voltar no tempo, não
mudaria absolutamente nada.
Tenho ainda
mais certeza de que tomei a decisão mais sensata quando, por alguma
sacanagem/marotagem do destino, encontro aqueles antigos “craques da educação
física dos tempos de escola”, que hoje levam constantes e desconcertantes
dribles do colesterol, da diabetes e da pressão alta, tomam violentos carrinhos
por trás da obesidade e o único olé que dão é na dieta.
Como dizia o
saudoso Rocky Balboa, “ninguém bate mais forte do que a vida...”.
OBSERVAÇÃO: é bastante engraçado ver o meu
histórico escolar de todo o ensino médio. Nas áreas de humanas e biomédicas eu
sempre tirei A, em exatas era B e em educação física, SEMPRE C!
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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