CRÔNICAS DA MUSCULAÇÃO - VOLUME 16: MUSCULAÇÃO E COPA DO MUNDO

OBSERVAÇÃO: era para eu ter publicado este artigo durante a copa de 2014!!! Acabei me esquecendo e o achei sem querer recentemente. Sinceramente, por perder o contexto do campeonato mundial de futebol, ele fica um pouco sem graça e bastante deslocado, mas enfim, boa leitura!

Caramba, até aqui, num blog de musculação, vou ter que ler sobre essa porra dessa copa do mundo?!

Opa, relaxa aí rapaziada. Não vou perder meu tempo falando sobre um esporte que não me representa, muito menos sobre uma “seleção”... Hoje eu vou falar sobre treinos.

Para mim, treino é treino. Não importa se está frio, nevando ou caindo uma tempestade, se estou alegre ou triste, se estou doente ou são, se está tocando ACDC, Justin Biba ou Chitãozinho & Xororó, se é Copa do mundo ou não...

Cacete, cada episódio doido que me passou pela cabeça agora!

Eu já fui treinar com alagamento, com verdadeiros vendavais onde o guarda-chuva era totalmente opcional, com gripe suína, com amigdalite, com mononucleose (arriscando estourar meu baço, que estava bem inchado), com pé engessado, com braço engessado, enfim, muitas putarias. Um dos dias que mais me marcou foi um treino que fiz durante uma partida decisiva do Brasil na Copa de 2010.


Não consigo me lembrar do dia da semana, nem do jogo, mas sei que a partida fora marcada para as 15hrs, haja vista que treino neste horário desde 2004.

Na véspera, avisei meu fiel parceiro de torturas, o HB, de que não perderia o treino em hipótese alguma e que se ele quisesse ver o jogo, que não haveria problema algum, bastava me avisar para que eu não o esperasse em nosso ponto de encontro de sempre.

Sinceramente, eu só falei essa merda para testá-lo e provocá-lo, pois, desde o início, eu já sabia a resposta: “Treino é treino. Te vejo amanhã as 3!”. E não deu outra: no dia seguinte, lá estava meu velho amigo me esperando.

O primeiro choque foi o trajeto até a academia: as ruas estavam desertas, feito as do seriado “The Walking Dead”, com o diferencial de que até os zumbis estavam escondidos em algum barzinho com televisão para ver o jogo.

Quando chegamos ao ginásio, a decepção: estava fechado! Xingamos o dono até não querer mais e, quando o arrependimento começou a bater, tive uma ideia: vamos até a casa do filho da puta pegar a chave da academia! E lá fomos nós...

O cara demorou pra cacete pra abrir a porta e disse que fechou a academia pois ninguém seria louco de ir treinar durante o jogo do Brasil. A única coisa que respondi foi “tem a manha de abrir lá pra nóis?”.

Porra, e não é que o cara foi?! Eu era o cliente mais antigo da academia, ele não era louco de embaçar. Certamente, foi me xingando em pensamentos o caminho todo, mas, por mim, que se fodesse, eu queria era treinar.

Ele abriu a Disneylândia pra gente e nos trancou lá dentro, falando que voltava depois do jogo para nos soltar. Finalmente eu treinaria!



Quando terminamos de subir as escadas e adentramos naquele paraíso, silencioso e totalmente vazio, eu ouvi fogos! Era a torcida marombística comemorando a entrada de seus dois mais queridos jogadores!

Toquei o chão, me benzi (foda-se a ênclise portuguesada, aqui é Brasil), levantei os braços e entrei: os fogos aumentaram, não conseguia nem ouvir meus próprios pensamentos.

Depois de um rápido aquecimento, demos início à partida. O HB passou o peso para mim, eu driblei o leg press, escapei da marcação da extensora e deixei a barra no chão, com uma linda finta. Meu parceiro de treinou tabelou comigo, colocando mais peso ainda e lá fui eu: 10 repetições na rosca direta, 10 gols!

A torcida foi ao delírio e soltou ainda mais fogos! Para não decepcionar os meus fãs, eu taquei o peso no chão para fazer um barulhaço!

(Foda! Como a gente vira filha da puta sem supervisão, não? Hoje que tenho minha própria academia, imagino se um corno desses fizesse uma parada assim pra zuar o meu chão e meus pesos... Mas naquele dia não estávamos nem aí para isso: era a primeira vez na vida que tinha uma academia à minha disposição e eu queria aproveitar.)

Treinei sem camisa e descalço: nesse dia eu viria a descobrir a beleza que é treinar com os pés em contato com o chão. Desde que inaugurei minha academia, nunca mais treinei calçado ou de camisa.
Já treinei até de cueca em alguns episódios de verão. Obviamente que esta última regalia fica restrita a mim, pois ainda não tenho planos de montar uma academia de nudismo (se bem que uma feminina de nudismo cairia bem...), mas sem calçado, eu deixo a turma ficar.

Voltando ao jogo, digo, treino, fizemos todas as séries com perfeição, aproveitando para ouvir o tilintar das anilhas ecoando pela academia: era a orquestra do ferro se apresentando.

Lembro que isto me marcou bastante também, haja vista que se tem algo que uma academia não é, é silenciosa. Não falo da sonoridade magnífica dos pesos, mas da fofoca, da televisão, do rádio nas estações mais lixos possíveis e daqueles estrelinhas que gostam de se aparecer gritando e cacarejando pela academia.

Uma hora e pouco depois, o juiz apareceu e reabriu a academia: estava encerrada a partida! Fernando e HB venceram os pesos de goleada!

E o Brasil? Bom, aí eu já nem sei, afinal, treino é treino...



FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


Para conhecer meus serviços de consultoria online, currículo, fotos de alguns alunos e muito mais, clique AQUI ou envie email para: fernando.paiotti@gmail.com

Comentários

  1. Que baita crônica, velho! Sou professor de Língua Portuguesa e te digo: é raro a marombada escrever bem desse jeito! Ainda bem que és um cara de ciência! Tenho acompanhado teus posts a aprendido muito com eles e com o forma como escreves e te embasas. Ainda vou levar um lero contigo sobre a dieta do paleolítico, pois é o meu estilo de alimentação e eu também estudo muita coisa. Mas, de momento, me cabe um baita elogio e que continues assim!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fala Otávio,
      obrigado!

      Sempre gostei de escrever, desde criança, já tendo produzido narrações, crônicas, artigos a rodo e até poesias. Tenho um pé muito forte nas humanas, inclusive também sou graduado por lá.

      A área da atividade física é muito pobre em profissionais de excelência. Para piorar, uma parte dos que são bons, não sabem se expressar.

      Quantos caras vemos por aí que manjam bastante do assunto, mas na hora de passar a informação, produzem textos bastante desagradáveis de ler, sem concordância e coesão?! complicado né?!

      Melhor pra mim, pior pra vc, que é professor da área hehe

      abraços!

      Excluir

Postar um comentário