Fala rapaziada!
No último artigo vimos como
estudar o osso, além de uma parte de suas vulnerabilidades. Hoje iremos
continuar o último capítulo. Boa leitura!
IV) FLEXÃO ÓSSEA E
CONTRAINCLINAÇÃO: nossos ossos são constantemente solicitados nas
atividades diárias. Em alguns casos, são submetidos frequentemente à flexão,
como, por exemplo, no caso do fêmur.
O encaixe dele no quadril se dá
sob o chamado ângulo-Q, que na mulher é ainda maior do que no homem, observe na
figura abaixo:
Acontece que, devido a essa
angulação, a carga afastada do eixo vai gerar um momento (produto da carga pela
distância ou braço) de força flexor, que “puxa” a estrutura para baixo.
Para sanar o problema, precisamos
de um contrapeso, que gere torque para o outro lado, de modo que a resultante
dessas forças aplicadas seja a compressão, estímulo este que é aquele o qual o
osso está mais adaptado a receber e se defende muito melhor.
Em outras palavras, o contrapeso
vai tirar o osso da situação onde ele é vulnerável e colocá-lo onde é mais
forte.
E agora vem a pergunta: quem é
capaz de fazer esse papel? Os músculos!
Nesse exemplo do fêmur, o
principal responsável pela contrainclinação é o glúteo médio. No caso da
tíbia,
que também sofre fortes flexões, o trabalho de proteção fica por conta do
tríceps sural, e por aí vai.
V) FREQUÊNCIA DE APLICAÇÃO DE
CARGA: temos dois tipos a saber – a aplicação de carga em alta frequência,
conhecida como dinâmica, e a em baixa, a estática.
Em sua opinião, o que é pior:
jogar uma carga muito alta várias vezes no osso ou aplicar essa mesma carga
mantendo-a por um tempo? Em outras palavras, o que é pior: carga estática ou
carga dinâmica?
“Sem dúvida nenhuma a
dinâmica, Fernandão, afinal, ela vai trazer um impacto bem grande, várias
vezes, enquanto a estática o causará uma vez só. Essa foi suave! Vou indo nessa
pois você não está trazendo mais nada de novo...”
Espera ramelão! Antes de ir
embora, observe esse gráfico aqui comigo, referente à aplicação de carga numa
tíbia:
Repare que, para uma mesma quantidade de
deformação, a carga aplicada foi diferente entre as situações, tendo a
modalidade dinâmica suportado um impacto muitíssimo maior do que a estática,
desmentindo a teoria do nosso amigo acima.
Isso se dá por conta de um
comportamento muito interessante de alguns tecidos biológicos nossos, como
ossos, músculos e ligamentos, que são todos viscoelásticos.
A viscoelasticidade é uma característica que
está num meio termo entre um sólido elástico e um líquido viscoso. Diz respeito
a materiais taxa dependentes, cujas características dependem da taxa de
aplicação de força, suportando muito melhor uma alta frequência do que uma
baixa.
E aqui trago, novamente, o
músculo na roda: ele não só nos ajuda naquela questão da contrainclinação, como
também absorve energia mecânica na aplicação de carga, diminuindo a sobrecarga
óssea.
O componente elástico responsável
por isso é o colágeno presente no tecido conjuntivo, como nos tendões e
epimísios.
Outro aspecto interessante é que
essa energia acumulada na fase excêntrica do exercício pode ser liberada e
usada como propulsão na fase concêntrica. Sendo assim, fortalecer a
musculatura é imprescindível, uma vez que nos protege da sobrecarga, recupera
funções biológicas e melhora a qualidade de vida.
Antes de encerrarmos, gostaria
apenas de fazer uma ressalva: o músculo é muito bonzinho e nos protege, porém,
existe um momento em que ele falha e todo esse processo vai por água abaixo.
Sabe qual?
Na fadiga.
Na fadiga.
O músculo em fadiga não pode
manter produção de movimento. A falência fará com que a proteção do sistema
ósseo e articular seja reduzida. Além disso, ainda altera a técnica de
movimento, piorando-a, vulnerabilizando ainda mais as estruturas.
Para que o leitor sinta melhor o
drama, em atividades como corrida, a quantidade de impacto no aparelho
locomotor pode aumentar até 40% por conta da fadiga muscular, sendo assim, o
ideal seria planejar muito bem o programa de treinamento a fim de evitar lesões
facilmente contornáveis.
Ficamos por aqui! No próximo
artigo, discutiremos sobre remodelagem óssea. Até lá!
ATENÇÃO: Essa série contém 6 partes. Continue a leitura acessando:
- parte 1: O que é biomecânica/ Conhecendo o osso.
- parte 2: Como estudar o osso/ Discutindo a vulnerabilidade óssea.
- parte 3: Discutindo a vulnerabilidade óssea (continuação).
- parte 4: Remodelagem óssea.
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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