Fala rapaziada!
Primeiramente, feliz 2017 a todos nós, já que este é o primeiro post do ano!
No artigo anterior desta série, discutimos o que é eletromiografia e para que ela serve. Hoje, iremos conversar um pouco mais sobre a técnica, suas limitações e procedimentos. Boa leitura!
3. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: UMA ALTERNATIVA A ESTE PROBLEMA?
O uso da ressonância magnética
(RMG) é válido e responde bem algumas perguntas, sendo, por isso, uma
ferramenta para investigar atividade muscular. Contudo, ela possui uma série de
limitações, a saber:
- custo muito elevado:
cada exame custa por volta de 2 a 2,5 mil reais.
- claustrofobia: este é um
problema que acomete muitas pessoas e no caso da RMG o bicho pega, haja vista
que o espaço onde se fica enclausurado dentro da máquina é absurdamente
pequeno. Como no nosso caso em questão o paciente não pode ser anestesiado e
não pode se mexer (coisa de praxe nesse tipo de avaliação), a obtenção dos
dados fica um bocado difícil.
- Só serve pós-exercício:
como disse, durante o teste deve-se permanecer imóvel, sendo assim, como
queremos verificar atividade muscular durante um exercício, e este não pode ser
feito dentro da máquina, a alternativa que sobra é realizar a RMG logo após a
execução dos movimentos que se quer avaliar.
Para que o leitor entenda bem o
procedimento, o sujeito vai realizar o movimento e, na sequência, fará a RMG.
Através dela, será possível avaliar os músculos que foram recrutados, além de
alguns aspectos qualitativos da brincadeira, tudo por conta das alterações nas
imagens.
Para finalizar, temos que a RMG
até serve para responder algumas dúvidas nossas sobre atividade muscular,
porém, está longe de ser a ideal, pois possui uma série de limitações.
4. ELETROMIOGRAFIA: LIMITAÇÕES E DÚVIDAS
Para que a medida da
eletromiografia seja realizada, precisamos colar um eletrodo (sensor de prata
ou de ouro) na pele do sujeito, de modo que ele possa medir diretamente os
sinais elétricos.
Logo de cara, já se percebe uma
limitação da EMG: se o sensor será colado sobre a pele, ele vai conseguir
captar atividade de músculos superficiais, mas e quanto aos profundos?!
Pois é, a leitura ficaria muito
complicada e poderia limitar absurdamente o método, porém, é justamente para
isto que existe uma técnica de inserção de eletrodos por agulhas, de modo que
ele consiga atingir músculos mais profundos, como o multífido, por exemplo.
Apesar de a descrição assustar, a
técnica dói muito pouco e pode ser feita numa boa, não só no caso descrito, mas
também quando há uma camada de gordura grande recobrindo o músculo, como
acontece com o glúteo máximo ou com obesos, por exemplo.
Além disso, é necessário realizar
também uma tricotomia na pessoa antes de colar o eletrodo. “Meu deus, o que é
isso?!”. Tricotomia é uma forma mais empolada, digamos assim, de nos referirmos
à depilação. Como os pelos atrapalham a leitura do sinal, eles precisam ser
raspados.
Para finalizar, os sinais
captados pelo eletrodo viajam via cabo até um aparelhinho na cintura do sujeito
ou são recebidos via Wi-Fi. Posto tudo isto, vamos às
dúvidas:
- Será que o sinal que vou
ler/receber se relacionada de verdade às adaptações neuromusculares que
quero/vou ter? Dá para prever adaptação muscular com a EMG? É uma ferramenta
preditiva?
O trabalho de WAKAHARA et al.,
2013, nos mostrou que sim. A investigação avaliou
treinamento de tríceps, sendo que utilizaram ressonância magnética para ver a
área de secção transversa do músculo, AST, antes e depois do programa de 12
semanas.
Eles observaram que a área de
maior acionamento muscular captada pela EMG foi a mesma onde houve maior
hipertrofia. Sendo assim, este dado nos deu tranquilidade para prever
adaptações neuromusculares ao treinamento através da técnica em questão.
5. ONDE COLOCAR O ELETRODO?
“Sabe o
que você faz com esse eletrodo, Fernandão? Pega ele e enfia...”.
Certamente teve malandro que pensou isso não?! Deixando a putaria de lado, minha
pergunta é razoável, não? Afinal, será que independentemente do lugar onde eu
colocar o eletrodo, vou obter a mesma medida?
Observe a imagem abaixo, baseada
nos dados obtidos no trabalho de Guimarães et al. 1991.
Reparem que a porção
supraumbilical do músculo reto abdominal (parte de cima da imagem) é bem menos
ativada que a infraumbilical (parte de baixo). Sendo assim, podemos concluir
que as abdominais/crunches no solo recrutam bem mais a porção infra que supra?
Na verdade, não! O grande
problema destes dados, que são defendidos e espalhados por aí até hoje, gerando
uma grande incompreensão do tema, é que foram obtidos por conta da colocação
dos eletrodos de forma “incorreta”, haja vista que na época ainda não existia
um padrão.
Quanto mais próximo da placa
motora colocamos o sensor, maior o sinal que ele capta; quanto mais longe,
menor. Observe esta outra imagem:
Veja que diferentes leituras foram obtidas de acordo com a localização do transdutor, porém, tenha em
mente que a contração muscular foi sempre a mesma! Foi justamente para evitar estes
problemas de leitura e interpretação de dados que se optou por padronizar o
local onde se insere eletrodos em diferentes músculos, através de um acordo
internacional (SENIAM Project), de tal sorte que qualquer cientista, em
qualquer lugar do mundo esteja fazendo a mesma coisa, obtendo dados que possam
ser comparados correta e igualmente.
Ficamos por aqui. No próximo artigo da série iremos discutir se a eletromiografia serve para medir força e como interpretar os sinais. Até lá!
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
Para conhecer meus serviços de consultoria online, currículo, fotos de alguns alunos e muito mais, clique AQUI ou envie email para: fernando.paiotti@gmail.com
Ola Fernando. Já temos algum estudo atual sobre IEMG nos exercícios de musculação? Pois o mais recente que consegui encontrar foi somente de bompa e lorenzo de 2000.
ResponderExcluirObrigado e parabéns pelo ótimo conteúdo do blog!!!
Márcio
fala marcio!
Excluirexistem varios bons trabalhos. tem um monte bom que analisou uma infinidade de exercicios, mas infelizmente estes dados estao no meu pc no brasil... pelo google vc acha, se nao me engano, mas recomendo as plataformas de busca cientifica, como pubmed ou mesmo google academico.
abraço e obrigado