Fala rapaziada!
No artigo anterior, discutimos se
a EMG serve para expressar força muscular e vimos também o que fazer com o
sinal obtido pela medição, já que ele precisa ser filtrado e tratado. Hoje,
encerraremos a série falando sobre alguns tópicos avançados. Boa leitura!
8. QUANTIFICANDO O SINAL
A informação obtida com o
envoltório linear, como disse no final do último capítulo, é um dado que
permite ser analisado com segurança, haja vista que passou por um adequado
tratamento antes. Porém, ele serve apenas para ver
coordenação muscular, não dando ideia alguma sobre intensidade, sendo assim,
precisamos quantificar matematicamente o resultado para melhor entendermos sua
magnitude.
- ROOT MEAN SQUARE (RMS):
trata-se de um processamento matemático que melhor correlação tem com
intensidade, sendo obtido elevando-se a somatória de todas as frequências no
tempo ao quadrado, com posterior extração da raiz quadrada.
- CÁLCULO INTEGRAL: também
possui boa correlação com intensidade e é obtido através do cálculo da área do
sinal no gráfico.
Sei que estas informações foram
bem viajadas para a maioria das pessoas, porém, quis citar apenas para deixar a
leitura do tema mais completa.
9. ANÁLISE ESPECTRAL
Este tópico também entra como
curiosidade, sendo bastante interessante a meu ver: podemos plotar os sinais no
gráfico não só em função do tempo, mas também da frequência dele, de tal sorte
que ele nos mostre como estão distribuídas as frequências na medição realizada.
Se soubermos onde se concentram
os sinais, poderemos melhor escolher o filtro que será utilizado para tratar os
dados. Além disso, a análise espectral
permite melhor avaliar o movimento no que diz respeito à questão da fadiga
muscular, haja vista que quando fadigado, o músculo muda sua frequência.
Para finalizar, a técnica é tão
interessante que permite, inclusive, ver predomínio de tipos de fibra muscular,
haja vista que fibras lentas possuem frequência mais baixa.
10. NORMALIZANDO O SINAL
Posto isto, temos que usar um
processo de normalização, para verificar quantos % o músculo trabalhou num
determinado exercício que se queira avaliar.
Como este é um dos pontos mais
explorados por aí, uma vez que é esta a informação que será fornecida em todos
os livros, sites e revistas com que o leitor deve ter contato, recomendo que
preste bastante atenção, afinal, você já parou para pensar que porra que
significa “o glúteo máximo trabalhou 58% no exercício tal”?
Comparar informações diferentes é
algo que não pode ser feito de qualquer jeito, afinal... são coisas diferentes!
Como você vai querer analisar o músculo latíssimo do dorso em relação ao reto
abdominal se eles não se parecem em nada?! O tamanho não bate, a localização, a
atuação, o tipo e disposição das fibras, etc, etc, etc.
Sendo assim, necessitamos
estabelecer um processo de normalização que permita colocar todos os envolvidos
num mesmo patamar, fato que lhes possibilite competir em pé de igualdade um com
o outro, viabilizando o estabelecimento de conclusões corretas e pertinentes.
A ideia aqui desenvolvida foi a
de medir a atividade eletromiográfica de um determinado músculo numa situação
de esforço máximo, de forma que aquele dado obtido seja a resposta mais
foderosa que aquele grupamento consegue dar, em outras palavras, nos mostra
nosso 100%.
Isto é feito com diversos
músculos e os dados armazenados. Posto isto, passamos ao exercício que queremos
avaliar e colhemos todos os dados discutidos ao longo desta série e, por fim, o
comparamos com a tal da resposta máxima, obtendo, assim, um valor que refletirá
a % trabalhada, como, por exemplo, 49% ou 96%.
Agora sim podemos estabelecer
considerações do tipo: a rosca martelo trabalha mais braquiorradial do que
bíceps braquial, ou, a rosca alternada dá mais enfoque ao bíceps braquial que
ao braquiorradial.
Além disso, também podemos
concluir que um determinado exercício, como o supino inclinado, é melhor para
recrutar deltoide anterior que o supino reto, ou que variações nas posições
dos pés e mãos modificam a área com que o músculo será mais estressado, ou,
ainda, discorrer sobre a utilização de barras, halteres e máquinas ser melhor
ou pior para um determinado objetivo.
Por fim, é importante ter em
mente que os valores nunca podem superar 100%, haja vista que ele é o máximo
que pode ser feito. Seria como se você quisesse colocar 5 litros de água num
balde de 3 litros. Sendo assim, se você ler em algum lugar que o exercício tal
recrutou 120% do músculo, saiba que a obtenção do 100% foi incorreta e o estudo
está errado/inconclusivo!
Todo esse processo que descrevi
se chama normalização pela contração voluntária máxima do sujeito, chamado de
CVM ou CVMI, mas também há outras formas de se normalizar, como, por exemplo,
pela média, pico.
Ficamos por aqui. Espero que
tenham curtido esta série bastante diferente que escrevi e aproveitado um
bocado destas informações que, garanto, não são nada fáceis de se encontrar...
Até a próxima!
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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Mais uma vez, parabéns pelo excelente artigo. Só uma duvida sobre "os valores nunca podem ultrapassar os 100%". No manual de tríceps monstruosos parte 5, dica 5 tem uma imagem onde mostra a porcentagem de cada cabeça trabalhada. No DB Kickbacks, incline benchs + retroversion aparece 120% e no cable push uns 105%. Isso se aplica a eletromiografia (sendo assim estaria errado ou inconclusivo) ou esses valores se aplicam a outros fatores??
ResponderExcluirObrigado!!
Márcio
Fala Marcio!
ExcluirBem observado. Peguei o estudo novamente para dar uma olhada e o que pode ter acontecido foi uma dificuldade ao se obter a repetição máxima do sujeito naqueles dois exercícios em especial. No primeiro caso, não tem grandes problemas pois pode ser uma pequena margem de erro aceitável. o kickback de fato foi bem mais alto, o que me leva a crer que houve dificuldade na coleta de 1RM, ou seja, o que pensavam ser o máximo do sujeito, na verdade não o era.
Alguns músculos são bem difíceis de se obter o máximo, por exemplo glúteo máximo e músculos abdominais.
Abraço