Fala rapaziada!
Em séries passadas, discutimos
sobre biomecânica óssea (AQUI)
e articular (AQUI). Faltou
músculo, que será o assunto da vez. Boa leitura!
1. CARACTERÍSTICAS GERAIS
Nossos músculos possuem quatro
características gerais, a saber:
-IRRITABILIDADE: está
associada à capacidade de gerar tensão quando estimulado eletricamente por
potenciais de ação oriundos do sistema nervoso central.
-CAPACIDADE DE GERAR TENSÃO:
tal fato relaciona-se ao componente contrátil do músculo, que seriam,
simplificadamente, o sarcômero e as tais pontes de actina e miosina que tanto
ouvimos falar.
-EXTENSIBILIDADE: esta
característica e a seguinte são parte do que se conhece por componente elástico
do músculo. No caso desta primeira, diz respeito à capacidade dele de aumentar
de tamanho (é... aposto que muita gente já associou com outra coisa...).
-ELASTICIDADE: se
estendeu, para ser elástico precisa voltar ao tamanho que possuía antes, ou
seja, de retornar ao comprimento original após sofrer deformação.
Para quem não sabe,
estruturalmente, o componente elástico é constituído por membranas popularmente
conhecidas por fáscias musculares e que já foram alvo de um artigo aqui do site
(clique AQUI).
A primeira membrana, contando de
dentro para fora, é o endomísio, que reveste cada fibra muscular separadamente.
Continuando, temos o perimísio, que envolve o fascículo, que são conjuntos de
100 a 150 fibras musculares. Por fim, vem o epimísio, que encapa o músculo
todo.
Se associarmos esta ideia com a
de um bombom, o doce fica no meio (representando o músculo) e é empacotado por
um papel, enrolado nas duas pontas (que seriam as endo/Peri/epimísios citados).
Essa ponta seria a sobra de todos esses tecidos conjuntivos, que juntos formam
o tendão, que é a estrutura que prende o músculo ao osso.
O principal componente de toda
essa turma citada é o colágeno, que é uma proteína elástica e que muita gente
inocentemente suplementa, achando que vai resolver problemas de pele, como
estrias, mas que na verdade está apenas jogando dinheiro fora, já que é
impossível absorvê-lo...
O colágeno é uma proteína bem
grande, sendo assim, para ser incorporado pelo nosso organismo, deve ser digerido. Isto mesmo, DI-GE-RI-DO! E o que acontece quando um macronutriente
desse é quebrado? Fornece aminoácidos!
Sendo assim, é muito mais
inteligente você comer proteínas do que suplementar uma coisa inútil dessas que
não vai mudar nada sua vida, haja vista que vai sofrer o mesmo metabolismo de
todos os alimentos que você consome.
Para aqueles que não sabem, os
aminoácidos vão formar diversas coisas em nosso corpo, como enzimas, hormônios,
músculos e, inclusive, colágeno e seus variados tipos, ou seja, não é nada
certo e específico, haja vista que quem decide para onde a matéria-prima vai
ser direcionada é o seu corpo e você não tem controle sobre isso, sendo assim,
seja inteligente e não suplemente, muito menos compre colágeno!
Voltando à discussão principal,
esse componente elástico permite economia de energia de movimento, dado que ele
é usado na fase de absorção de carga, quando o músculo entra em contração
excêntrica.
Nesta etapa, ele é deformado, guardando energia mecânica em si mesmo, evitando que ela
seja aplicada a outras estruturas do corpo, como ossos e cartilagens (quem leu
a série sobre biomecânica articular deve se lembrar que mencionei algumas vezes
que a articulação era ruim para absorver choques, pois lhe faltava material. Pois bem, aí
está o músculo cobrindo este papel, conforme havia mencionado).
Além disso, essa energia
acumulada, com caráter de proteção, pode ser reutilizada na fase de geração do
movimento, possibilitando que se poupe o componente contrátil, que gasta ATP
para trabalhar, ou seja, conseguimos economizar energia (quem leu a série “o que é eletromiografia” se
deparou com “o paradoxo do quadríceps”. Pois bem, mais uma vez, está aqui a
justificativa do fenômeno).
Para finalizar este capítulo, o
componente elástico se divide em paralelo, que seriam essas fáscias que vimos, e
em série, que seriam o tendão e a titina, que é uma proteína localizada no
sarcômero, ou seja, dentro do componente contrátil, cuja função é impedir que
ele se arrebente quando contraído. Porém, para deixar claro, sua
atuação na absorção de energia mecânica é muito limitada e entra neste trecho
do artigo apenas como curiosidade.
2. MECANISMOS DE CONTRAÇÃO MUSCULAR
Este capítulo diz respeito à
forma como o músculo produz movimento, podendo ser dividido em algumas partes.
I. ISOMÉTRICA: neste tipo
de contração, popularmente conhecido como contração estática ou “sem
movimento”, o músculo, na verdade, fica variando de comprimento a todo o
momento, dando a falsa impressão de que seu ventre não mexe.
De forma mais teórica, o que
temos é uma resultante final nula, ou seja, as forças aplicadas externamente e
as produzidas internamente têm a mesma magnitude, gerando uma isometria.
Na prática, o que as pessoas
lembram quando perguntamos sobre este tipo de contração é a repetição estática,
onde você pega o peso, trava-o numa posição qualquer (normalmente na etapa
mediana do movimento) e mantém.Porém, este é um exemplo muito
singelo do que seja uma isometria, e digo mais: sem ela, você teria enorme
dificuldade de produzir uma infinidade de movimentos!
Primeiramente, a isometria serve
para manutenção de postura, ou seja, não daria para sentar nem andar sem ela,
só pra começar a brincadeira... Além disso, ainda estabiliza articulações de
modo a permitir movimentos, por exemplo, no caso de músculos biarticulados.
Como se não bastasse, ainda
limita movimentos indesejáveis e/ou danosos ao aparelho locomotor, como é o
caso dos músculos componentes do chamado manguito rotador, em nossos ombros,
que limitam movimentos da glenoumeral.
II. ISOTÔNICA: este tópico
já foi bastante discutido num outro artigo (clique AQUI), porém, como aquele
foi escrito de forma extremamente simples, totalmente para leigos, acho que
podemos gastar algumas linhas para abordar a questão sobre outro prisma.
A isotônica é aquela contração onde as forças
internas e externas são diferentes, e que, por conta disso, é popularmente
conhecida como “geradora de movimento”, ou seja, com o músculo alongando e
encurtando.
Ela caba sendo dividida em duas outras subcategorias:
CONCÊNTRICA: aquela onde a
força interna é maior/vence a externa, gerando encurtamento muscular.
EXCÊNTRICA: ocorre quando
a força externa é maior que a interna, traduzindo-se em alongamento muscular. O
que temos aqui é o músculo cedendo à força externa, simplesmente por gerar
menos tensão, deixando-se levar pela atuação da força gravitacional.
Ficamos por aqui e continuamos no próximo capítulo. Até lá!
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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