QUAL A DIFERENÇA DA POSIÇÃO DAS MÃOS NA BARRA FIXA E NO PUXADOR/PULLEY COSTAS? CONHEÇA AS MAIORES LENDAS – PARTE 1
Fala rapaziada!
Existe uma confusão gigantesca e muitas lendas acerca do
posicionamento das mãos na hora de fazer barra fixa ou puxador/pulley costas.
Por conta disso, resolvi escrever um artigo bem prático para acabar de vez com
as incompreensões do grande público e, sobretudo, com os achismos dos falsos
entendedores da musculação.
Boa parte das informações que aqui serão discutidas foram
extraídas do interessante trabalho de SIGNORILE et al. (2003). Boa leitura!
1. BARRA FIXA
A barra fixa é o exercício mãe do treinamento de dorsais,
porém, ela possui um defeito que é o de excluir uma parcela considerável
das pessoas que tentam executá-la.
O grande problema em questão é o de lidar com o próprio peso
corporal: para um iniciante e/ou obeso, ela é extremamente difícil de ser
realizada; para alguém habilidoso, extremamente fácil, permitindo até algumas
dezenas de repetições.
A solução para este problema apareceu através de um
exercício popularmente conhecido por pulley, também chamado de puxada, puxador
ou costas no cabo, uma vez que o aparelho fixa o corpo ao invés da barra,
permitindo a utilização de diversas cargas, recrutadas através de cabos e
roldanas.
Enganou-se quem pensou que eu iria falar do famoso gravitron!
O desenvolvimento dele foi bastante inútil, haja vista que o pulley já dava
conta do recado. Além disso, abriu espaço para que os frequentadores de
academia começassem a fazer inúmeras bostas nele, exceto treinar costas... Quem
aqui nunca viu ou fez treino de glúteos nele?
Pois é, está aí uma das maiores doenças, que na minha opinião
deve ser arduamente combatida, que é a utilização de aparelhos para fins
diferentes dos quais ele foi projetado, haja vista que isto tira a segurança da
execução, desrespeita a biomecânica, aumenta as chances de lesão e, ainda por
cima, abre espaço para divulgações circenses muito atrativas nas redes sociais,
uma vez que as pessoas adoram fazer algo diferente para tentarem sair do
“comum” (de forma negativa).
Bom, mas voltando à discussão, tudo o que será aqui exposto
sobre o posicionamento das mãos, vale tanto para a barra fixa quanto para o
pulley, porém, irei explorar mais o universo do puxador, uma vez que a barra
possui as limitações citadas, ok?
2. PUXADA NAS COSTAS/ POR TRÁS
Este exercício tem caído em desuso, pois é tido, em muitos
lugares, como um exercício proibido. O motivo disto, curiosamente, ninguém sabe
explicar, ficando no ar frases como “é perigoso”, “lesiona”, “machuca o
pescoço/costas”.
O que ocorre aqui é que, se mal executado ou feito em
aparelho “impróprio”, a modalidade pode causar lesões, uma vez que sujeita o
ombro a uma rotação externa. Quando isto acontece, ele fica vulnerável, haja
vista que está apenas sob a ingerência dos ligamentos, e não dos músculos, não
importando o quão forte a pessoa seja.
Quando o cabo fica muito inclinado, afastado do eixo do
indivíduo, como no caso das máquinas que têm a trava do joelho muito para
frente, acaba-se aumentando muito a rotação externa e criando esse cenário
descrito. Para completar, a puxada nas costas limita o trabalho de
dorsais, uma vez que gera um movimento apenas de adução, sem extensão...
Para quem não sabe, o grande dorsal, também chamado de latíssimo
do dorso, é um músculo muito hábil em movimentos de extensão e de adução.
Quando combinamos ambos, criamos o cenário de maior recrutamento muscular
possível, por outro lado, quando um dos dois é retirado, a solicitação cai,
como veremos abaixo.
Sendo assim, a pergunta que resta é: puxada nas costas é um
lixo e não devo fazer?
Acredito que, neste caso, não precisamos ser tão
maniqueístas, certo/errado ou proibido/permitido. A resposta depende de
inúmeras variáveis: perfil e tipo do aluno, aparelho bom, postura e cargas
adequadas, execução sem rotação externa, objetivos de enfatizar apenas a adução
do movimento, etc.
Ou seja, dá para fazer, mas a grande maioria das pessoas
colherá mais benefícios utilizando as outras modalidades que descreverei abaixo.
Para maiores informações, leia o artigo "EXERCÍCIOS PROIBIDOS/PERIGOSOS DA MUSCULAÇÃO".
3. PUXADA NA FRENTE
COM PEGADA ABERTA (PRONAÇÃO)
Este é um movimento, como disse, muito mais completo, uma vez
que possui adução e extensão (para evitar que a barra bata na sua cara). Tal
fato aumenta o recrutamento muscular uma vez que combina os principais
movimentos do músculo, sendo assim, é uma estratégia mais interessante para quem
visa hipertrofia.
Bom, e agora vem uma parte assustadora e delicada: a puxada
aberta na frete não solicita peitoral!
“Uau... Fernandão...
que bosta que você falou! Descobriu que a merda fede! Palmas pra ele gente!”
Fica na tua, merdão! Apesar de o que falei parecer estúpido,
na verdade, não o é, uma vez que o pulley/barra fixa são capazes sim de
recrutar peitoral, dependendo da pegada utilizada! Acontece que o peitoral não é um extensor tão bom quanto o
grande dorsal, pois, para ser recrutado, o movimento deve respeitar o eixo de
inserção proximal e distal de suas fibras, ou seja, ele só trabalha quando em
posições que respeitem a orientação delas.
Veremos, a seguir, que com pegadas fechadas ele participa do
movimento, porém, nessas abertas, o músculo se encontra muito alongado e perde
a capacidade de gerar tensão, não atuando!
Passado este primeiro susto, haja vista que popularmente as
pessoas consideram os músculos apenas como agonistas e antagonistas ou, ainda,
como "aquele que está oposto ao que é trabalhado não participa do movimento",
descobrimos uma grande ferramenta estratégica para os treinos: costas e peito
não são antagônicos! Isto também é observado no famoso exercício pullover, porém,
isto é assunto para um texto futuro.
O que queria expor aqui é que se você treina costas um dia
antes ou depois de peito, para que não tenha uma recuperação muscular
prejudicada ou aumente overtraining e lesões, utilize apenas pegadas abertas.
Por outro lado, se esses treinos forem espaçados, aí sim você poderá usar
pegadas fechadas, pois o peitoral estará pronto para participar.
Ficamos por aqui e continuamos no próximo artigo desta série. Até lá!
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
Para conhecer meus serviços de consultoria online, currículo, fotos de alguns alunos e muito mais, clique AQUI ou envie email para: fernando.paiotti@gmail.com
Muito bem explicado!!!
ResponderExcluir