DISCUSSÕES SOBRE BIOMECÂNICA MUSCULAR – PARTE 2

Fala rapaziada!
No último artigo vimos as características gerais dos músculos e os mecanismos de contração muscular. Continuemos de onde paramos: boa leitura!


2. MECANISMOS DE CONTRAÇÃO MUSCULAR

CONTINUAÇÃO...

III. ISOCINÉTICO: vira e mexe aparece por aí a tal da “contração isocinética”... Ela é conseguida através de um aparelho que impõe uma resistência pré-determinada no sujeito, obrigando-o a realizar o movimento numa velocidade fixa.

Caso o indivíduo tente fazer a contração de forma rápida, a máquina simplesmente aumenta a carga, retirando o ímpeto de se aumentar a velocidade; por outro lado, quando o cara começa a fadigar, fato que reduziria a velocidade, a carga é diminuída automaticamente, facilitando a vida dele, a ponto de a demanda ser mantida isocineticamente.

Porém, por mais que a máquina seja interessante, especialmente para jogadores de futebol, onde é mais utilizada (pelo menos fora dos laboratórios), ela, na verdade, é realizada por contrações ISOTÔNICAS! Ou seja, contrações isocinéticas não existem, mesmo porque, no início e no final do movimento ocorre, inevitavelmente, uma aceleração e desaceleração, pela mudança de direção. No máximo, o que temos é uma ação isocinética, em partes.


3. QUAL A CONTRAÇÃO MUSCULAR MAIS PODEROSA?

Tendo em vista o que vimos no último capítulo, qual seria a contração muscular mais poderosa: a isométrica, a concêntrica ou a excêntrica? Em outras palavras, onde dá para aguentar mais peso?

Chuto que a maioria das pessoas iria dizer que a concêntrica é a mais forte, seguida da isométrica e, por fim, da excêntrica, porém, digo-lhes que é exatamente o contrário!

Através da dinamometria, temos que o máximo torque gerado em máxima posição se dá com a excêntrica, seguida da isométrica e finalizando com a concêntrica.

A excêntrica é a melhor pois tanto o componente elástico quanto o contrátil atuam juntos, ao contrário da concêntrica, onde só o último trabalha. Tanto é que tudo isto é muito fácil de ver na prática, por exemplo através do método das negativas (clique AQUI para conhecer), onde conseguimos usar cargas altíssimas, ou do método da repetição forçada (clique AQUI para conhecer), onde o parceiro ajuda na concêntrica até você atingir falha na excêntrica.

Para que o leitor tenha uma ideia, na excêntrica conseguimos utilizar um peso que é normalmente 120% do nosso 1RM (peso máximo) na concêntrica, sendo que algumas pessoas conseguem uma proporção até maior, como 140%.

A isométrica, por sua vez, consegue ser a segunda mais forte, não por conta de componente elástico, já que este não atua, mas porque não há aceleração. Para que o leitor entenda, a capacidade de gerar tensão é inversamente proporcional à velocidade de contração na fase concêntrica, ou seja, quanto mais rápida a contração, menos tensão geramos (no caso da excêntrica é ao contrário).

Sendo assim, como a velocidade é igual a zero, consegue-se produzir grande tensão muscular e movimentar uma carga maior que numa situação de contração concêntrica.


4. POUPAR ENERGIA É BOM?

Comentei algumas vezes durante a série que o componente elástico acumula energia na fase excêntrica e a restitui na fase concêntrica, recebendo, por isso, o nome de “Ciclo Excêntrico-Concêntrico (CEC)” ou “ciclo de acúmulo-restituição”.

O resultado disso é a economia de energia e aí vem minha pergunta: isso é bom?

Nos tempos mais primórdios da história da nossa espécie, nossos ancestrais eram obrigados a caminhar muitos quilômetros por dia, tendo quem fale numa média de 40.  Sendo assim, aqueles que tinham maior capacidade de economia de energia, tinham maiores chances de sobrevivência e de passar seus genes adiante, haja vista que a alimentação não era farta como nos dias de hoje, sendo comuns os períodos de escassez.

Porém, nos dias de hoje, essa economia de energia se mostra algo absurdamente negativo, haja vista que a maior parte da população não está dentro do peso ideal, de tal forma que seja um bocado dificultoso gastar quantidades muito grandes de energia justamente porque tendemos a economizá-la. Como se não bastasse, quanto mais treinado o sujeito é, mais eficiente fica seu mecanismo de acúmulo-restituição e menos energia ele gasta!

Deixando as discussões dietéticas de lado, uma abordagem que podemos utilizar é a de prescrever/fazer exercícios na água, como natação, por exemplo, haja vista que no meio líquido a fase excêntrica é anulada, havendo apenas concêntrica, sem acúmulo de energia, obrigando o organismo a gastar mais energia. Além disso, a água ainda diminui o impacto em nossa estrutura, causado pelo sobrepeso, sendo assim, ganha mais uma vantagem para os obesos.

Tais características também se aplicam a atividades na areia, sendo uma boa pedida para quem mora no litoral, haja vista que esse tipo de solo acaba por atrapalhar demais o processo de acúmulo-restituição, fazendo-nos gastar mais energia, além de diminuir o impacto articular. Você já deve ter percebido isso ao tentar fazer aquela corridinha à beira mar, quando ficou esbaforido depois de poucos minutos.

No que diz respeito à musculação, a questão do ciclo concêntrico-excêntrico interfere muito pouco. Isto acontece uma vez que a restituição tem um curto período para acontecer, caso contrário, a energia mecânica acumulada é dissipada sob a forma de calor.

Como ao final de cada fase acabamos dando um pequeno intervalo, entre 1 e 2 segundos (as vezes mais), perdemos o potencial de restituir e acabamos gastando mais energia e fazendo mais força, o que para nós é ótimo.

Bom, só para finalizar, tem fdp que rouba tanto no treino que até acaba usando parte desse mecanismo, porém, como o que ele está fazendo é brincar e não treinar, vamos ignorar e nos limitar apenas a quem respeita as técnicas corretas de execução.


5. FUNÇÃO MUSCULAR

Este tópico já foi abordado por uma série que, curiosamente, é a de maior sucesso no meu blog: “O que são músculos agonistas, antagonistas e sinergistas?”. Sendo assim, não vamos ficar repetindo informação, já que está tudo muito bem explicado por lá.

Simplesmente, clique AQUI para acessar e entender qual a função de cada músculo em cada movimento (o papel que eles desempenham), assim como as diferentes nomenclaturas que podem receber e de que modo podem interferir no seu treino.


6. TAMANHO Vs. FORÇA

Quanto maior o tamanho do sujeito/volume muscular, mais forte ele é? Quem nunca ouviu falar naquelas histórias sobre o powerlifter ser forte, mas ter pouca massa muscular e o bodybuilder ser grande, porém com pouca força?

Este tópico é tão interessante, que optei por escrever uma série apenas sobre ele, para melhor destacá-lo nas buscas e facilitar os acessos.

Clique AQUI para ler o artigo “Quanto mais musculoso mais forte?”.


7. ALAVANCAS DO CORPO HUMANO

Este tema é bastante complexo e absurdamente mal compreendido por aí, tanto é que optei por escrever uma série apenas sobre ele, para, mais uma vez, melhor destacá-lo nas buscas e facilitar os acessos.

Clique AQUI para ler a série “ALAVANCAS DO CORPO HUMANO E SUA INFLUÊNCIA NA MUSCULAÇÃO”.


8. TREINAMENTO DE PLIOMETRIA E COMPONENTE ELÁSTICO

Este tópico já foi bastante explorado nos dois artigos desta série, sendo assim, optei por terminar de explorá-lo num contexto mais específico, chamado treinamento pliométrico. 

Clique AQUI para ler o artigo “TREINAMENTO PLIOMÉTRICO E COMPONENTE ELÁSTICO MUSCULAR”.

Ficamos por aqui! Continuem acompanhando a série ao longo destes outros artigos que serão publicados fora dela, mas que pertencem ao mesmo contexto. Até lá!



FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


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