Fala rapaziada!
No último artigo, vimos um pouco
da biomecânica da caminhada (marcha), a diferenciamos da corrida e também
batemos um papo sobre a questão de ser um movimento humano muito econômico,
fato que torna um pouco complicado utilizá-lo como estratégia para perda de
gordura.
No artigo de hoje, veremos como
contornar este último obstáculo e também se a caminhada pode ser prescrita para todos
os indivíduos. Boa leitura!
4. TODOS PODEM FAZER CAMINHADA? O PROBLEMA DOS IDOSOS E OBESOS.
Realizar caminhada parece ser
algo inofensivo, afinal, trata-se de um movimento utilizado em nosso dia-a-dia. O problema, amigos leitores,
ocorre quando pensamos no gráfico que discutimos no primeiro capítulo desta
série, no contexto dos idosos e dos obesos, uma vez que eles pertencem a
grupos de risco e, infelizmente, podem ser bastante prejudicados ao realizarem
exercícios de caminhada, o que é uma grande ironia, afinal, esta é a primeira
coisa que o grande público, assim como os treinadores despreparados, pensam em
recomendar para eles.
Ah, e aproveito a deixa para dar
um puxão de orelha aqui: se você não cursou uma faculdade de educação física,
não saia prescrevendo ou recomendando treinos aos outros, uma vez que você não
é nem capacitado, nem habilitado para tanto. Não é porque você tem alguma
experiência em prática esportiva, que isto lhe torna um treinador. Seja
responsável e respeite as profissões alheias, mesmo porque, como veremos a
seguir, por conta de arrogância e desinformação, muitas pessoas podem se
machucar...
Voltando ao texto, vamos, primeiramente,
discutir a questão dos idosos, passando, na sequência, aos obesos.
A) CAMINHADA PARA IDOSOS
Conforme vimos no gráfico da
caminhada, temos uma fase chamada de duplo apoio, que seria aquela onde acumulamos
energia, de modo a diminuir o custo do nosso andar.
Acontece que, conforme
envelhecemos, o tempo de duplo apoio vai sendo proporcionalmente aumentando,
por perda de equilíbrio, o que é péssimo, pois prejudica nosso mecanismo
de acúmulo e restituição de energia, uma vez que ele precisa acontecer de forma
rápida, para que o que foi guardado não seja dissipado.
Além disso, a deflexão que o
idoso faz, que seria aquele momento de deixar o corpo cair, fletindo
os joelhos, é diminuído, também pela perda de equilíbrio, fato que o permite
acumular menos energia do que uma pessoa normal.
Em outras palavras, apenas para
simplificar o que foi exposto, caminhar, para os idosos, é uma atividade bem
mais cansativa do que para as pessoas jovens, pois eles não conseguem acumular
e devolver energia de forma adequada, cansando-se muito mais, o que os levará a
andar mais devagar e por menos tempo.
Para piorar, o aparelho locomotor
do idoso, especialmente o dos sedentários, vai se fragilizando com o tempo, por
conta de perda de massa óssea e muscular. Sendo assim, a quantidade de treino
de caminhada (volume), assim como sua velocidade (intensidade), devem ser
muitíssimo bem planejadas, a fim de evitar sobrecarga desnecessária, que podem levar, por exemplo, a fraturas por stress, o que não é difícil, uma vez que
muitos idosos já têm ossos fragilizados.
Existem algumas estratégias
interessantes para usarmos com essa turma mais "experiente", de modo a auxiliá-los a romper estes
ciclos prejudiciais descritos e a voltar a caminhar dentro
de um padrão melhor, mais eficiente e seguro:
- Treinamento de força:
para reduzir a perda de massa óssea e muscular e fortalecer o que sobrou. Além disso,
um músculo treinado é capaz de absorver impactos, reduzindo a sobrecarga em
outras estruturas do corpo, como ossos e articulações, o que é ótimo;
- Treinamento de potência:
além de ganho de massa magra, auxilia em velocidade e recuperação de
equilíbrio, o que reduz quedas;
- Treinamento funcional:
auxilia no equilíbrio, na funcionalidade de movimentos diários e em aspectos
cognitivos.
Todos estes procedimentos devem
ser realizados por profissionais capacitados e que REALMENTE saibam trabalhar
com idosos, JAMAIS por amadores, entusiastas ou por profissionais que levaram a
graduação na farra, sem realmente aprender os conteúdos ensinados, uma vez que,
errar no treinamento com idosos, pode ser fatal, inclusive levando-os à morte.
E não falo isso por
sensacionalismo não! Segundo a Organização Mundial de Saúde, 25% das fraturas
do fêmur, principal osso do corpo que quebra em quedas sentadas de idosos,
levam o indivíduo a óbito em 3 meses!
Por não conseguir se locomover, o
idoso ficará acamado, aumentando as chances de desenvolver doenças infecciosas,
sobretudo respiratórias, por isso 1 a cada 4 morrem. Além disso, por não se
mover, ele irá perder ainda mais massa óssea e muscular, ou seja, aquela
intervenção que seria para ajudá-lo, na verdade, o piorou ou o matou... Tenham isso em mente e sejam
responsáveis!
Ficamos por aqui. No próximo
artigo, que será o último da série, iremos discutir a caminhada no contexto da
obesidade. Até lá!
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FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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Muito bom parabéns
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