Fala rapaziada!
Conforme combinado, estarei
escrevendo o capítulo 6 da série “DISCUSSÕES SOBRE BIOMECÂNICA MUSCULAR”
(clique AQUI para ler) neste
artigo em separado, para dar maior destaque ao tema e facilitar sua busca pelos
leitores. Sendo assim, recomendo que só comece a leitura
após ler os outros artigos da série, fechado?
6. TAMANHO Vs. FORÇA
CONTINUAÇÃO...
C. GANHO DE FORÇA SEM HIPERTROFIA?
Vamos aproveitar que estamos
discutindo sobre força e ampliar o tema do dia, analisando-o sobre outros
aspectos.
Mostrei para vocês que força é
uma capacidade física diretamente relacionada com tamanho muscular, porém,
muitos devem se lembrar de como era fácil aumentar as cargas nas primeiras
semanas em que começaram a puxar ferro, época esta em que você era todo
franguinho. E agora, como explicar tal fenômeno?
Acontece que a primeira mudança
que temos com o treinamento é uma adaptação neural, processo este que ocorre
entre as primeiras 8 a 20 semanas de ferro, ou seja, é um período com data e
hora para acabar.
Durante este tempo, os ganhos em
hipertrofia são muito modestos, não sendo capazes de explicar elevados ganhos
em força: por isso você não conseguiu justificar a pergunta que fiz acima. Os principais mecanismos de
adaptação neural são:
- Inibição de músculos
antagonistas: para maiores informações sobre agonismo/antagonismo muscular,
clique AQUI.
Só para não deixar em branco,
ocorre que no início do treinamento não temos uma capacidade de contração muito
boa, haja vista que ocorre uma cocontração tanto de agonistas, quanto de
antagonistas, deixando o movimento improdutivo, pois boa parte do esforço é
desperdiçado.
- Frequência de disparos:
a quantidade de disparos de potenciais de ação é maior, chegando maior estímulo
na placa motora do músculo.
Temos mais de um tipo de fibra
muscular, sendo que as do tipo-II, chamadas também de glicolíticas, são as que
possibilitam a utilização de elevadas cargas. Acontece que elas são ativadas
por altos potenciais, de modo que, com o passar do tempo, consigamos utilizar
maior quantidade deles, gerando mais força.
- Melhora no recrutamento
intramuscular: melhor sincronização na utilização das fibras de um mesmo
músculo durante um esforço. Por exemplo, imagine que você quer puxar um objeto
bem pesado amarrado a uma corda longa. Dez pessoas irão ajudá-lo, sendo assim,
o que é mais fácil: os onze puxarem ao mesmo tempo, ou cada um a hora que
quiser?
Óbvio, né? Com as fibras acontece
a mesma coisa, porém, não utilizamos todas elas de uma só vez por mecanismos de
segurança, porém, com o passar do tempo, pelo menos aumentamos a sincronização
de uma parte considerável delas.
- Melhora no recrutamento
intermuscular: é a mesma coisa do que foi discutido acima, porém, envolve a
sincronização de músculos diferentes numa mesma tarefa, trazendo ganhos em coordenação
e sequenciamento temporal, colocando-os para trabalhar na ordem correta.
D. COMPRIMENTO MUSCULAR
Você já reparou como a carga
parece mais pesada no início e no final da repetição, porém, mais leve no meio
dela?
A explicação para isso é que nosso
músculo tem sempre um torque chamado “ascendente-descendente”, ou seja, a força
que ele consegue produzir começa baixa e vai aumentando até um ponto, depois
começa a diminuir. Ah, bacana, mas de novo, por que
isto ocorre?
Por conta de maior ou menor interação
entre as pontes de actina e miosina em nossos sarcômeros, que é o componente
contrátil do músculo. Elas duas são capazes de se ligar em maior ou menor
quantidade, produzindo mais ou menos força.
Observe as imagens abaixo pois
acredito que ajudarão a entender o contexto.
Repare que existem momentos
durante a contração em que temos pouquíssimas ligações de actina e miosina,
porém, elas vão aumentando até quase todo mundo se ligar, até um ponto máximo. Não foi
representado na figura, mas se o movimento continuasse, as interações
diminuiriam com o tempo, justificando aquele nome “ascendente-descendente”.
Isso era o que eu estava tentando
dizer por comprimento muscular, dado que ele tem grande relação com a força,
haja vista que é a quantidade de interações entre as diversas actinas e
miosinas que irão se somar e produzir uma força final.
Trazendo tudo isto para a
prática, poderíamos tentar resolver o problema de diversas maneiras. Uma delas
seria reduzir o peso utilizado de modo que ele fosse pesado o suficiente para
permitir que o começo e final da fase concêntrica seja bem realizado.
Acontece que aí a carga ficaria
leve demais para a parte principal do movimento, a metade... Bom, mas e se déssemos um
jeito de aumentá-la no meio, quem sabe colocando e tirando peso rapidamente da
barra?
A ideia parece idiota e inviável,
porém, muita gente a utiliza, não dessa maneira esdrúxula, mas com a ajuda de
um parceiro, afinal, quando ele segura a sua barra (ui!), o que ele está
fazendo se não diminuir um pouquinho o peso para você?!
Além disso, existem aparelhos que
também fazem isso: você já reparou que existem máquinas com umas polias bem
diferentes, num formato meio estranho que lembra uma aquarela? Pois bem, elas são chamadas de
polias excêntricas ou CAM, e trabalham afastando ou aproximando a carga do eixo
ao longo do movimento, facilitando sua vida nas fases mais difíceis e
prejudicando na mais fácil, ou seja, na metade dele.
Tudo isto tem a ver com alavanca
mecânica, que será objeto do próximo capítulo desta série, sobre biomecânica
muscular.
E. ARQUITETURA MUSCULAR
Para finalizar, temos que cada
músculo tem uma arquitetura diferente, atribuindo a eles vocações próprias. Por
exemplo, o peitoral maior tem um formato de leque, enquanto o bíceps lembra
mais um cilindro.
Existem músculos chamados
fusiformes, que têm as fibras paralelas umas as outras, sendo o bíceps braquial
um exemplo. Por outro lado, existem os oblíquos, também chamados de penados,
que possuem as fibras oblíquas, podendo ser uni ou bipenados.
A capacidade de gerar tensão é
muito maior no músculo oblíquo pois ele possui maior quantidade de fibras por
área, aparecendo muito em articulações que precisam de estabilização. Os fusiformes, por sua vez, têm
maior número de sarcômeros em série, portanto, maior capacidade de alongamento,
podendo gerar maiores amplitudes de movimento, sendo músculos bons para
velocidade!
Ficamos por aqui. Conforme
combinado, esta série, na verdade, é o capítulo 6 de um projeto muito maior
chamado “DISCUSSÕES SOBRE BIOMECÂNICA MUSCULAR”. Por hoje finalizamos, mas em
breve voltarei com o capítulo 7 sobre alavancas mecânicas, fechado? Até lá!
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
Para conhecer meus serviços de consultoria online, currículo, fotos de alguns alunos e muito mais, clique AQUI ou envie email para: fernando.paiotti@gmail.com
Paiotti, sou fã seu e do Fernando Sardinha. Vocês são monstros mesmo, no bom sentido! Sem contar que os seus artigos são os mais completos da web sobre musculação! No pain, no gain!!
ResponderExcluirFala Marcelo!
ExcluirMuito obrigado pelas palavras, fiquei contente! Esse feedback é muito bom, saber que faço alguma diferença na divulgação de informações de qualidade.
Caso um dia tenha interesse em fazer uma consultoria em treinamento, entre em contato! Será um prazer trabalhar contigo.
Grande abraço!