CORRER PARA PERDER PESO É UMA ESTRATÉGIA EFICIENTE E SEGURA? – PARTE 1

Fala rapaziada!

A corrida é uma das atividades físicas mais realizadas no mundo, sendo o número de praticantes cada vez maior a cada ano. Os objetivos deles são muito variados, envolvendo qualidade de vida, performance esportiva, hobby e, talvez o mais famoso, perda de peso.

Sendo assim, através desta série, que na verdade é a continuação de uma outra, intitulada “CAMINHADAPARA PERDA DE PESO É UMA ESTRATÉGIA EFICIENTE E SEGURA” (recomendo que a leia antes de prosseguir com esta, uma vez que ela irá fornecer diversas informações que facilitarão a compreensão), iremos discutir a biomecânica da corrida, a fim de entender o porquê de tantas pessoas se lesionarem praticando-a, assim como discutir se ela é uma boa estratégia para perda de peso e quem pode se beneficiar disso. Boa leitura!


1. A BIOMECÂNICA DA CORRIDA

Assim como fizemos no artigo da caminhada, também iremos analisar a corrida primeiramente através de um gráfico de forças, analisando a força de reação do solo pelo tempo, medida esta que é feita em laboratório de biomecânica através de uma plataforma de força.
Repare, primeiramente, que pelo menos dessa vez temos imagens do que está acontecendo na “vida real” e no gráfico, ao mesmo tempo.

Quando encostamos o calcanhar no chão, geramos um pico de força de reação muito grande (pico passivo), num curto espaço de tempo, onde está a seta “Impact transient”. Feito isto, vamos colocando o resto do pé no chão e fazemos uma pequena deflexão, representado pelo vale do gráfico, que seria o momento de acumular energia. Por fim, temos a propulsão (pico ativo), que seria o momento de empurrar o solo com força para nos lançarmos à frente.

Agora, passada esta fase mais técnica e aparentemente complicada, vamos comparar a caminhada e a corrida.


2. CORRIDA Vs. CAMINHADA

Tudo isto que mostrei no gráfico, acredite se quiser, dura algo entre 150 e 200 milissegundos, ou 0,15 a 0,2 segundos, para acontecer: é muito rápido, sobretudo quando comparamos com a caminhada, que dura cerca de 0,7 segundos, ou seja, mais que o triplo de tempo!

Além disso, há ainda uma diferença brutal de impacto entre elas, uma vez a caminhada dá de sobrecarga em nosso corpo, cada vez que colocamos o pé no chão, cerca de 1,2 a 1,5 vezes o nosso peso corporal. Sendo assim, se você pesa 100kg, recebe, a cada passo, entre 120 e 150 kg de impacto, por exemplo nos joelhos.

Na corrida, por sua vez, essa porrada é muito variável e depende da velocidade. A título de exemplificação, quando corremos a 3m/s (ou 10,8km/h), recebemos, em média, entre 1,6 e 1,7 vezes o peso corporal como impacto nas articulações; a 18km/h, tomamos 2,6 vezes; num baita sprint a 36km/h, coisa feita pelos velocistas olímpicos, a brincadeira sobe para 4,6 vezes!

Apesar de estes valores parecerem gigantes, o que posso dizer a vocês é que na verdade não o são, desde que você esteja bem treinado/preparado para lidar com eles, caso contrário, lesões lhe esperam!


3. CORRIDA E OS IMPRESSIONANTES ÍNDICES DE LESÃO

Como disse na introdução do artigo, a corrida é uma das atividades físicas mais populares que existe, não parando de crescer a cada ano. A título de curiosidade, em 1998, tivemos apenas 14 mil pessoas inscritas em provas de corrida; atualmente, já passamos dos 132 mil!

Tanta aceitação tem diversos fatores, sendo um deles o baixo custo da atividade, uma vez que tudo que você precisa para realizá-la é querer correr, simples assim, não requerendo nenhum local especial ou pagamento de mensalidades.

Para completar, as grandes mídias sociais vivem bombardeando as pessoas a praticarem exercício físico, destacando, na grande maioria das vezes, a corrida. Além disso, para ajudar na reputação da coisa, os médicos recomendam vivamente a corrida a todos, por conta dos benefícios cardiovasculares.

Por falar em médicos, gostaria de fazer um adendo: a grande maioria deles adora se sentir “o treinador” e fica prescrevendo exercício físico às pessoas, recomendando que façam X, Y ou Z, o que é um grande absurdo, uma vez que eles não estudaram porcaria nenhuma sobre exercício na faculdade, não conhecem biomecânica e fisiologia do exercício, não são capacitados, muito menos autorizados pelo CREF, a prescreverem treino, mas... todos sabemos que nesse Brasilzão de merda, está lotado de profissionais fazendo esse tipo de coisa...

Engraçado que se eu, profissional de educação física, prescrevesse um medicamento a alguém, seria alvo de piadas e/ou esculachado, porém, se um médico faz o contrário, prescrevendo um treino, ninguém vê nada de errado. Curioso como as pessoas não param para refletir sobre as coisas, não?! Como não usam o cérebro?!

Enfim, para evitar que eu desça mais o nível, vamos voltar à questão da corrida e das lesões: com tanta propaganda e recomendação para que esse tipo de atividade física seja feita, somado ao seu baixo custo e facilidade, fica fácil entender porque o número de praticantes cresce a cada ano, e aí começam as tragédias...

Segundo estudo realizado pelos pesquisadores Cook, Brinker & Poche, 1990, entre 50 e 70% das pessoas envolvidas em corrida apresentam algum tipo de lesão dentro de 1 ano de prática!

Nossa, Fernandão, os números são grandes mesmo, porém, vi que esses dados são de 1990! Faz tempo, heim?! Hoje, com tecnologia e informação, a coisa deve ser diferente!”

Ledo engano, querido leitor! De fato estes dados são velhos e já têm 27 anos, porém, eles continuam assustadoramente atuais! Cerca de 70% dos corredores, até hoje, ganham uma ou mais lesões dentro de um ano de prática de corrida! Querem saber os motivos disto? Não percam o próximo artigo da série, neste mesmo site, neste mesmo horário. Até lá!
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ATENÇÃO: Essa série contém 6 partes. Continue a leitura acessando: 
- PARTE 1: A biomecânica da corrida/ Corrida Vs. caminhada/ Corrida e os impressionantes índices de lesão
- PARTE 2: Por que tantas pessoas se lesionam praticando corrida?/ Volume de treinamento
- PARTE 3: Intensidade de treinamento/ Geometria de colocação de pé/ Velocidade
- PARTE 4: Fadiga/ Como aumentar a velocidade de corrida?
-PARTE 5: Quais músculos devemos fortalecer para melhorarmos o desempenho na corrida?
- PARTE 6: Treinando potência para melhorarmos o desempenho na corrida/ Curiosidades/ Conclusão 

TREINADOR FERNANDO
Consultor e Assessor em musculação


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Comentários

  1. Ola Fernando tudo bem? Um primo meu ortopedista analisou o menisco de praticantes de corrida e percebeu que o mesmo se encontravam desidratados e com volume reduzido, segundo ele levou de 48h a 72h para o volume do menisco voltar ao "normal".

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