Fala rapaziada!
Conforme combinado, estarei escrevendo o capítulo 7 da série “DISCUSSÕES SOBRE BIOMECÂNICA MUSCULAR” (clique AQUI para ler) neste artigo separado, para dar maior destaque ao assunto e facilitar sua busca pelos leitores. Fiz o mesmo com o capítulo 6, que tratou o seguinte tema: “Quanto mais musculoso mais forte?” (clique AQUI para ler). Sendo assim, recomendo que só comece a leitura após ler estes artigos citados, fechado? Para não ficar totalmente alienado ao contexto...
7. ALAVANCAS DO CORPO HUMANO
CONTINUAÇÃO...
D. ALAVANCAS E MUSCULAÇÃO
- ARTICULAÇÃO
ATLANTO-OCCIPITAL: esta é uma articulação do pescoço, que é do tipo
interfixa também, mas que na prática se comporta como interpotente, uma vez que
o braço da resistência é muito superior ao da geração de força.
O ponto fixo é o eixo de rotação
da vértebra, os músculos extensores representam a potência e a resistência está
no centro de gravidade do crânio.
- FLEXÃO PLANTAR: prometi
na série “Como treinar e desenvolver panturrilhas monstruosas” (clique AQUI) que iria discutir este
exercício e cá estamos para cumprir.
Este é um exemplo raro de
alavanca inter-resistente em nosso corpo, sendo uma que permite a utilização de
altíssimas cargas, mas que, infelizmente, acaba cobrando barbaramente seu
preço.
O ponto fixo são os ossos
metatarsos do pé, a resistência, que tem um braço muito curto, é representada
pela somatória do nosso peso corporal e da carga utilizada no exercício; por fim, temos
a potência, que fica por conta do tríceps sural, formando pelos músculos sóleo e gastrocnêmios, que juntos compõem nossa panturrilha.
Como ela acaba ficando
escondida numa alavanca que é ótima para força, acaba recebendo pouco
estímulo para se desenvolver, mesmo que utilizemos altas cargas. Como se não bastasse, ainda
existem muitos outros fatores relevantes que devem ser respeitados num treino
para esse grupo muscular, mas que são negligenciados pela maioria das
pessoas, não sendo à toa que as panturrilhas são os músculos mais odiados de
todos os tempos, por não crescerem como esperamos...
Uma possível solução para o
problema, pelo menos no que diz respeito à alavanca, seria deslocar o centro de
gravidade para frente, de modo que consigamos aumentar o braço de resistência,
impondo maior stress ao tríceps sural.
Tal procedimento tornou-se
popular graças a um exercício chamado “donkey calves raises”, iconizado por
ninguém menos que Arnold Schwarzenegger. Outra forma de aumentar a resistência
seria no exercício burrinho sentado, também chamado de sóleo ou gêmeos, mas
aqui temos um grande problema: por fazê-lo desse modo, encurtamos os gastrocnêmios
e os tiramos da jogada, isolando o sóleo.
- ALAVANCA GERADA DA PATELA
A patela é um osso sesamóide
muito curioso, pois aparentemente não serve para nada, mas já adianto que sem
ela estaríamos fodidos, já que afasta o tendão do quadríceps
do eixo de rotação, mudando o ângulo de inserção distal e aumentando o braço de
potência, permitindo que consigamos gerar muitíssimo mais força!
Se não fosse por ela, quando
contraíssemos o quadríceps, apenas conseguiríamos promover uma compressão na
articulação do joelho, pois ele estaria inserido paralelamente à tíbia, não
conseguindo rodar por falta de inclinação...
E. COMPRIMENTO MUSCULAR Vs. ALAVANCA
No capítulo 6 desta coletânea,
que saiu no artigo “Quanto mais musculoso mais forte?”, cuja leitura recomendo
no início deste texto, mencionei que o músculo tem um torque sempre ascendente-descendente,
por conta das interações da actina e da miosina no sarcômero.
As alavancas, por sua vez, podem
ser do tipo ascendente, descendente e ascendente-descendente, não tendo
comportamento fixo e podendo somar-se ao componente contrátil muscular para,
quem sabe, potencializar força ou nos ajudar nos momentos em que somos mais
fracos, por exemplo, no início e no fim da fase concêntrica do movimento.
A alavanca descendente começa com
um torque muito alto, que vai diminuindo conforme o movimento avança; a
ascendente, por sua vez, atua de forma contrária. Isto ocorre uma vez que o
braço de potência que geramos vai se modificando ao longo da trajetória do
movimento.
No capítulo 6 eu mencionei as
polias excêntricas, porém não pude me aprofundar muito, pois faltava explicar
melhor esse conceito de alavancas. Também
conhecidas como CAM, convergentes ou irregulares, elas conseguem nos ajudar nas
partes mais difíceis do movimento, além de “complicar” nas mais fáceis.
Por exemplo, imagine um movimento
que tenha um torque do tipo ascendente-descendente. Podemos utilizar uma polia,
como ilustrada na imagem abaixo para otimizar o trabalho:
O que vai acontecer aqui é que no
início do movimento os torques resistentes gerados serão diminuídos pela redução
do tamanho do braço de resistência, por conta da aproximação da carga do eixo.
Isto é ótimo pois, conforme
mencionei anteriormente, o músculo também tem característica ascendente-descendente e a carga ficaria muito "pesada" no começo e no fim e muito "leve" no
meio.
Continuando, na metade do
movimento o torque resistente aumenta bastante, afastando a carga do eixo, haja
vista que esta é a fase onde somos mais fortes. Depois disso, o torque resistente
começa a cair novamente, conforme o final do movimento vai chegando, porém, ele
diminui menos do que no início, pois a demanda é um pouco menor.
Ficamos por aqui. No próximo artigo, encerraremos este capítulo discutindo as alavancas na prática, com diversos exemplos de exercícios. Até lá!
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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