QUAL É A IMPORTÂNCIA DO CALÇADO ESPORTIVO NA CORRIDA? – PARTE 3

Fala rapaziada!

No último artigo da série, vimos como podemos fazer a transição do calçado tecnológico para o minimalista a fim de melhorar o desempenho. Além disso, também começamos nossa discussão sobre o que é relevante na hora de escolher um calçado. Sendo assim, continuemos de onde paramos. Boa leitura!


4. COMO ESCOLHER UM BOM CALÇADO ESPORTIVO?

Existem alguns fatores que devem ser levados em consideração na hora de comprar um calçado. Neste capítulo, iremos listar e discutir alguns deles:

C. SENTIMENTO/SENSAÇÃO
Talvez o título não tenha ajudado muito, então, colocarei de uma forma mais simples: quando vamos a uma loja para comprar um calçado, o normal é que o experimentemos antes, correto? A fim de verificar se ele é nosso número, se é confortável, etc.
Aí fazemos aquela ceninha ridícula: desfila pra cá, desfila pra lá, olha mil vezes naquele espelhinho, batemos o pé no chão, pisamos com força, somos observados por todos e ainda ficamos ouvindo aqueles comentários totalmente automáticos do vendedor “Ficou ótimo! Aí sim, heim?! Se eu tivesse dinheiro, compraria esse tênis pra mim! Perfeito! Olha, aproveita e olha esse modelo também, é a sua cara! Blablablá”.

Enfim, será que todo esse teatrinho que fazemos serve para alguma coisa? Esses “testes” servem para verificar se aquele tênis é bom para nós? Dá para medir sensação de conforto e de “proteção” assim rapidamente?

A resposta é NÃO! Explico o motivo:

Uma avaliação biomecânica foi realizada para avaliar esta questão, utilizando, para tanto, uma escala de Borg adaptada, que serve para medir percepção subjetiva de esforço, ou seja, quão cansado o sujeito se sente realizando determinada atividade.

Ao longo de 45 minutos de corrida, o impacto foi sendo medido por plataforma de força em esteira e o que se verificou é que não houve alteração alguma durante o período. No entanto, durante as vezes em que o teste de esforço foi aplicado, os sujeitos foram marcando que o impacto nos pés estava aumentando, ou seja, usar sentimento de conforto e/ou de pancada é um parâmetro real muito ruim.

Sendo assim, vale testar o calçado? Sim, porém, é importante ter em mente que o teste agudo não serve, sendo o crônico muito melhor e mais fiel. Em outras palavras, não é naquele 1 minuto dentro da loja, ou numa única corrida, que você vai perceber se o tênis é ou não adequado para você, mas sim com alguns dias de uso!

Bom, mas agora nossa vida complicou né? Pois se você compra o tênis e o usa, ele não pode ser trocado, correto? Então como encontrar um bom calçado sem ter de comprar vários até acertar?

Ocorre que as grandes empresas de tênis esportivos possuem um serviço, pouquíssimo divulgado, onde aceitam a sua compra de volta e lhe enviam um modelo novo. Isso ocorre porque eles sabem que nem sempre o calçado e o pé do cliente formam um bom casamento e que isto só é percebido com a convivência. Informe-se a respeito e boa sorte!


5. O PROBLEMA DA PRONAÇÃO E DA SUPINAÇÃO
Quando colocamos o pé no chão, durante o ato de correr, a primeira coisa que fazemos é um movimento que recebe o nome técnico de supinação, que de forma simplificada seria virar o pé para dentro, com o intuito de amortecer e desacelerar o movimento. A pronação, por sua vez, é o movimento contrário, “dobrando” o pé para fora e acelerando o movimento.

Tenha em mente que estes movimentos são naturais, executados por todas as pessoas, porém, e agora vem o problema, de forma mais exagerada em algumas do que em outras. Justamente por isso é que algumas pessoas são perguntadas, na hora de comprar um tênis, se são supinadoras ou pronadoras, ou seja, se alguma dessas características prepondera nelas.

O grande problema aqui é que pronar ou supinar demais afeta todo o nosso aparelho locomotor, especialmente as articulações do joelho, quadril, tornozelo e coluna. Ocorre que essas “torções” nos pés provocam giros em nossa tíbia (osso da perna), o que é péssimo para o joelho, que tem a articulação esmagada, transferindo o impacto para o quadril. Com o acúmulo de lesões, ao longo dos anos, o sujeito começa a mancar e aí quem paga a conta final é a coluna.

Sendo assim, como descobrir se exageramos na pronação ou na supinação? Dá para ver essas torções que eu comentei?

Algumas pessoas, e aqui podemos incluir muitos vendedores de calçado, vão pedir para você fazer um teste de corrida e vão dizer que podem te dar um diagnóstico apenas assistindo. Isto é uma grande bobagem, pois estes movimentos que relatei duram míseros 30 milissegundos, que seria o mesmo que 0,3 segundos, ou seja, nada! Sendo assim, nosso olhar não é capaz de dar um diagnóstico preciso.

Há quem sugira analisar nossa pegada em algum lugar, como na areia ou numa superfície seca onde pisamos com os pés molhados. Isto também não serve, pois o fenômeno vai acontecendo de forma dinâmica e não estática.

Por fim, há ainda a sugestão do teste do desgaste do tênis. Esta medida é um pouco complicada, uma vez que muitas empresas reforçam o solado do calçado nas partes que eles sabem que mais gastamos, de modo que o produto dure mais tempo.

Sendo assim, temos pelo menos duas alternativas: filmar o movimento e rodá-lo em câmera lenta, porém, ela precisa ser lenta mesmo, então não é qualquer câmera que conseguirá fazer isto, requerendo uma frequência de amostragem especial.

Outra possibilidade é analisar sintomas de pronosupinação excessiva: se a pessoa acorda com o tornozelo fadigado, se está com sensibilidade ligamentar, com uma dor que propaga para o joelho, etc.

Para fecharmos, há quem sugira, ainda, a utilização de calcanheiras para melhorar o conforto do tênis. Isto pode ser perigoso e explico o porquê: foi descoberto que, se pegarmos um tênis de solado baixo e retinho, e elevarmos a parte do calcanhar em 2 ou três centímetros, aumentamos o conforto e reduzimos a pronosupinação. No entanto, se a calcanheira for alta demais, ou utilizada num tênis de solado já elevado, especialmente no calcanhar, o resultado será exatamente o contrário, aumentando a instabilidade e a pronosupinação, sendo assim, tome cuidado.

Ficamos por aqui. No próximo artigo encerraremos a série discutindo se os tênis esportivos podem melhorar o desempenho. Até lá!
 
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FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


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