Fala rapaziada!
No último artigo da série, vimos
como podemos fazer a transição do calçado tecnológico para o minimalista a fim
de melhorar o desempenho. Além disso, também começamos nossa discussão sobre o
que é relevante na hora de escolher um calçado. Sendo assim, continuemos de
onde paramos. Boa leitura!
4. COMO ESCOLHER UM BOM CALÇADO ESPORTIVO?
Existem alguns fatores que devem
ser levados em consideração na hora de comprar um calçado. Neste capítulo,
iremos listar e discutir alguns deles:
C. SENTIMENTO/SENSAÇÃO
Talvez o título não tenha ajudado
muito, então, colocarei de uma forma mais simples: quando vamos a uma loja para
comprar um calçado, o normal é que o experimentemos antes, correto? A fim de
verificar se ele é nosso número, se é confortável, etc.
Aí fazemos aquela ceninha
ridícula: desfila pra cá, desfila pra lá, olha mil vezes naquele espelhinho,
batemos o pé no chão, pisamos com força, somos observados por todos e ainda
ficamos ouvindo aqueles comentários totalmente automáticos do vendedor “Ficou
ótimo! Aí sim, heim?! Se eu tivesse dinheiro, compraria esse tênis pra mim!
Perfeito! Olha, aproveita e olha esse modelo também, é a sua cara! Blablablá”.
Enfim, será que todo esse
teatrinho que fazemos serve para alguma coisa? Esses “testes” servem para
verificar se aquele tênis é bom para nós? Dá para medir sensação de conforto e
de “proteção” assim rapidamente?
A resposta é NÃO! Explico o
motivo:
Uma avaliação biomecânica foi
realizada para avaliar esta questão, utilizando, para tanto, uma escala de Borg
adaptada, que serve para medir percepção subjetiva de esforço, ou seja, quão
cansado o sujeito se sente realizando determinada atividade.
Ao longo de 45 minutos de
corrida, o impacto foi sendo medido por plataforma de força em esteira e o que
se verificou é que não houve alteração alguma durante o período. No entanto,
durante as vezes em que o teste de esforço foi aplicado, os sujeitos foram
marcando que o impacto nos pés estava aumentando, ou seja, usar sentimento de
conforto e/ou de pancada é um parâmetro real muito ruim.
Sendo assim, vale testar o
calçado? Sim, porém, é importante ter em mente que o teste agudo não serve,
sendo o crônico muito melhor e mais fiel. Em outras palavras, não é naquele 1
minuto dentro da loja, ou numa única corrida, que você vai perceber se o tênis
é ou não adequado para você, mas sim com alguns dias de uso!
Bom, mas agora nossa vida
complicou né? Pois se você compra o tênis e o usa, ele não pode ser trocado,
correto? Então como encontrar um bom calçado sem ter de comprar vários até
acertar?
Ocorre que as grandes empresas de
tênis esportivos possuem um serviço, pouquíssimo divulgado, onde aceitam a sua
compra de volta e lhe enviam um modelo novo. Isso ocorre porque eles sabem que
nem sempre o calçado e o pé do cliente formam um bom casamento e que isto só é
percebido com a convivência. Informe-se a respeito e boa sorte!
5. O PROBLEMA DA PRONAÇÃO E DA SUPINAÇÃO
Quando colocamos o pé no chão,
durante o ato de correr, a primeira coisa que fazemos é um movimento que recebe
o nome técnico de supinação, que de forma simplificada seria virar o pé para
dentro, com o intuito de amortecer e desacelerar o movimento. A pronação, por
sua vez, é o movimento contrário, “dobrando” o pé para fora e acelerando o
movimento.
Tenha em mente que estes
movimentos são naturais, executados por todas as pessoas, porém, e agora vem o
problema, de forma mais exagerada em algumas do que em outras. Justamente por
isso é que algumas pessoas são perguntadas, na hora de comprar um tênis, se são
supinadoras ou pronadoras, ou seja, se alguma dessas características prepondera
nelas.
O grande problema aqui é que
pronar ou supinar demais afeta todo o nosso aparelho locomotor, especialmente
as articulações do joelho, quadril, tornozelo e coluna. Ocorre que essas
“torções” nos pés provocam giros em nossa tíbia (osso da perna), o que é
péssimo para o joelho, que tem a articulação esmagada, transferindo o impacto
para o quadril. Com o acúmulo de lesões, ao longo dos anos, o sujeito começa a
mancar e aí quem paga a conta final é a coluna.
Sendo assim, como descobrir se
exageramos na pronação ou na supinação? Dá para ver essas torções que eu
comentei?
Algumas pessoas, e aqui podemos
incluir muitos vendedores de calçado, vão pedir para você fazer um teste de
corrida e vão dizer que podem te dar um diagnóstico apenas assistindo. Isto é
uma grande bobagem, pois estes movimentos que relatei duram míseros 30
milissegundos, que seria o mesmo que 0,3 segundos, ou seja, nada! Sendo assim,
nosso olhar não é capaz de dar um diagnóstico preciso.
Há quem sugira analisar nossa
pegada em algum lugar, como na areia ou numa superfície seca onde pisamos com
os pés molhados. Isto também não serve, pois o fenômeno vai acontecendo de
forma dinâmica e não estática.
Por fim, há ainda a sugestão do
teste do desgaste do tênis. Esta medida é um pouco complicada, uma vez que
muitas empresas reforçam o solado do calçado nas partes que eles sabem que mais
gastamos, de modo que o produto dure mais tempo.
Sendo assim, temos pelo menos
duas alternativas: filmar o movimento e rodá-lo em câmera lenta, porém, ela
precisa ser lenta mesmo, então não é qualquer câmera que conseguirá fazer isto,
requerendo uma frequência de amostragem especial.
Outra possibilidade é analisar
sintomas de pronosupinação excessiva: se a pessoa acorda com o tornozelo
fadigado, se está com sensibilidade ligamentar, com uma dor que propaga para o
joelho, etc.
Para fecharmos, há quem sugira,
ainda, a utilização de calcanheiras para melhorar o conforto do tênis. Isto
pode ser perigoso e explico o porquê: foi descoberto que, se pegarmos um tênis
de solado baixo e retinho, e elevarmos a parte do calcanhar em 2 ou três
centímetros, aumentamos o conforto e reduzimos a pronosupinação. No entanto, se a calcanheira for alta
demais, ou utilizada num tênis de solado já elevado, especialmente no
calcanhar, o resultado será exatamente o contrário, aumentando a instabilidade
e a pronosupinação, sendo assim, tome cuidado.
Ficamos por aqui. No próximo
artigo encerraremos a série discutindo se os tênis esportivos podem melhorar o
desempenho. Até lá!
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FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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