Fala rapaziada!
No último artigo discutimos sobre
as formas de reduzir sobrecarga com o treino com saltos, contrapondo o que
funciona e o que não. Hoje, iremos entender como analisar um salto, podendo
classificá-lo como bom ou ruim. Boa leitura e não se esqueçam de curtir e compartilhar o artigo nas redes sociais!
4. ANÁLISE DINÂMICA DO SALTO
Existe uma fase muito presente
nos saltos, chamada de fase de preparação, que nada mais é do que uma
estratégia de acumular carga na fase excêntrica a fim de restituí-la na
concêntrica. Sendo assim, ao procedermos desta forma, iniciamos o movimento em
direção oposta à desejada, forma conhecida por CMJ, CounterMovement Jump ou
salto com contra movimento.
Posto isto, passemos, agora, a
discutir a análise biomecânica do salto, de modo a obtermos subsídios para
distinguirmos um salto bom de um ruim. Observe o gráfico abaixo:
Começando a análise, temos um
gráfico de força de reação do solo, potência e velocidade pelo tempo de um
sujeito de 60kg realizando um CMJ. Para deixar o PC (peso corporal) evidente por todo o período
da ação, marquei-o em azul, numa linha horizontal, para facilitar nossa
discussão.
Repare que no início do gráfico o
sujeito estava em pé, parado, e, logo na sequência, começa a executar a fase de
preparação para o salto, indo abaixo de seu próprio PC, acelerando a favor da
gravidade, descendo até um máximo.
Finalizada esta etapa, ele começa
a desacelerar (acelerando para cima), até atingir velocidade zero, momento do
gráfico onde tracei uma reta vertical vermelha: reparem que ela surge
exatamente no ponto onde temos a velocidade zero do eixo das ordenadas do lado
direito, registrando o preciso momento onde o indivíduo para de descer.
O exato ponto mínimo até onde o
sujeito desce não é mostrado nesse gráfico, uma vez que isto é obtido por uma
curva de centro de gravidade e não pela de velocidade, portanto, tenha isto em
mente ao interpretar gráficos como este para não se confundir.
Bom, mas como identificar um bom
saltador de um ruim com estas informações?
Após realizar as divisões
adequadas no gráfico, repare que acabamos por obter duas áreas hachuradas,
sendo a alaranjada da esquerda a representante da fase de preparação e a
esverdeada da direita, a da propulsão.
Calculando estas áreas, poderemos
saber se o salto foi bom ou não, haja vista que indivíduos habilidosos geram
impulsos de frenagem que não passam de 1/3 do de propulsão.
Tendo isto em vista, o salto do
gráfico foi ruim, uma vez que a energia despendida para frear o movimento foi
cerca de metade da utilizada para propulsionar. Isto pode ter acontecido por
alguns motivos, como veremos na sequência.
5. QUAIS FATORES FAZEM COM QUE UM SALTO SEJA RUIM?
São quatro os principais motivos
que podemos utilizar para responder esta pergunta de forma satisfatória. São
eles:
I) Uma estrutura viscoelástica,
como é o caso dos nossos músculos e tendões, submetida a um estresse constante,
responde relaxando, fenômeno este conhecido por “Relaxamento de Estresse”.
Dentro do contexto do salto isto é péssimo, uma vez que dissipa a energia
acumulada.
II) Quanto mais descemos na fase
de preparação, mais aumentamos a distância da carga em relação ao eixo, incrementando
o braço de alavanca/torque resistente e, consequentemente, a força necessária
para levantar.
III) Comprimento muscular:
músculos muito alongados, com grande incremento de comprimento, como no caso de
descidas exageradas, perdem parte da capacidade de gerar tensão, uma vez que há
prejuízo na interação entre as pontes de actina e miosina.
IV) Características reflexas:
indivíduos treinados, ao realizarem o contra movimento, sinalizam para os fusos
musculares, estimulando-os, de modo que eles sinalizem à medula e esta, por sua
vez, gere uma alça reflexa para o músculo, ordenando uma forte contração,
contexto conhecido por reflexo miotático, que possibilitará auxílio na
propulsão.
Nos sujeitos destreinados, isto
não acontece, sendo o estresse imposto detectado pelos OTG, que geram uma
resposta reflexa de relaxamento muscular, por proteção, prejudicando a
propulsão.
Talvez o leitor esteja se
perguntando o porquê de em um caso o OTG ser o principal responsável e em outro
os fusos musculares e a resposta é simples: a carga imposta a cada um deles
acaba sendo diferentes em ambos os casos. Os OTG do indivíduo treinado são
ativados num limiar de acionamento muito maior do que no caso do destreinado,
permitindo uma fase de preparação adequada.
Para encerrarmos mais este
tópico, trago uma pergunta: qual a amplitude ideal para saltar sem incorrermos
nestes cenários negativos que citei acima?
Infelizmente, não há uma resposta
padrão aqui, pois as características da amplitude mudam de uma modalidade para
outra, sendo assim, o ideal é que o sujeito treine o salto especificamente
dentro dos comportamentos de seu esporte, adquirindo experiência, incorporando
o movimento tanto no treino como em situações reais de jogo.
Ficamos por aqui. No próximo
artigo, finalizaremos a série explicando como fazer um treinamento pliométrico
com saltos. Até lá!
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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Muito bom o artigo, sempre tive dúvida neste ponto. Obrigado por compartilhar
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