Fala rapaziada!
A cadeira extensora é um exercício bastante famoso, que
acredito fazer parte de 99,9% dos programas de treino de pernas da turma que
pratica musculação. No entanto, raríssimas são as pessoas que sabem para que
esta máquina realmente serve, quais grupos musculares estão envolvidos e quais
os possíveis riscos de lesão. Sendo assim, decidi escrever este artigo para auxiliar,
de alguma forma, nas escolhas de vocês. Boa leitura!
1. PARA QUE SERVE A
CADEIRA EXTENSORA?
De uma forma bem simples, a cadeira extensora serve para
treinar quadríceps, que é um grupo de quatro músculos que fica na parte da
frente da sua coxa. “Uau... palmas para
ele, gente, o cara é um gênio... Que texto inovador, heim, Fernandão?!”
Calma, ramelão! Como disse, essa seria uma forma mais simples
e bastante incompleta de resposta, pois o jeito como a cadeira extensora
trabalha nossa coxa é bastante diferente e um tanto quanto “esquisito”, dependendo do ponto de vista.
O primeiro aspecto interessante a ser discutido é que, segundo
trabalho de ESCAMILLA et al., 1998, a cadeira extensora chega a ativar até 80%
de reto femoral, que é um dos músculos que compõe o quadríceps. Outro ponto
bastante bacana é que essa ativação é bem intensa, durante boa parte do
movimento.
Quando comparamos esse trabalho ao dos músculos vasto lateral
e vasto medial, que também fazem parte do quadríceps, essa ativação já fica bem
mais abaixo, na casa dos 60-70%, ocorrendo por um tempo muito menor.
A título de comparação, exercícios como agachamento livre e
leg press fazem exatamente o contrário: trabalham muito mais os vastos e bem
menos o reto femoral. Sendo assim, com isto podemos perceber que a vocação da
cadeira extensora é a de trabalhar o músculo reto femoral e já respondemos a
pergunta do título deste capítulo.
2. POR QUE ESSA
GRANDE DIFERENÇA?
O segredo está justamente no aparelho: a cadeira extensora é
um exercício que executamos com os pés soltos, sem uma base, diferente do
agachamento, que é realizado com os pés no solo, ou do leg, cujo apoio se dá na
plataforma do aparelho.
Por conta dessa mudança, ocorre toda uma alteração no padrão
de ativação dos músculos, coisa que também é influenciada pelo fato de o reto femoral
ser o único músculo do quadríceps que se insere no quadril, e não no fêmur.
Outro aspecto importantíssimo diz respeito à ativação dos
posteriores de coxa, também chamados de isquiotibiais: na cadeira extensora o
trabalho deles é zero e no agachamento, fica na casa dos 20 a 40%, dependendo da
amplitude do agachamento, se é profundo ou parcial. Mais uma vez, isto se dá por conta da extremidade dos pés
estarem livres, e não apoiadas em algum lugar.
3. QUAIS OS RISCOS
QUE A CADEIRA EXTENSORA PODE TRAZER?
Existe um ligamento em nosso joelho chamado de Ligamento
Cruzado Anterior, também conhecido pela sigla LCA, cuja função é a de evitar
que a tíbia (osso da canela) vá para frente. Quem joga bola, certamente já
ouviu falar dele, pois é comum a lesão deste ligamento em esportes que utilizam
chuteiras e são praticados em gramados.
Um grupo muscular que auxilia nesse mesmo trabalho, de evitar
que a tíbia saia do lugar e se desloque para frente, são os posteriores de
coxa, e é aí que começam os problemas... Como disse anteriormente, a cadeira extensora exclui a
participação dos isquiotibiais, sendo assim, a única coisa que impede sua tíbia
de sair correndo na sua frente é o ligamento cruzado anterior. Já no
agachamento e no leg press, como isto não ocorre, temos músculos fazendo esse
papel e o LCA nem chega a atuar!
E agora chegamos a um ponto importante da nossa discussão de
hoje: um sujeito que não sabe disso e que está com alguma lesão no ligamento,
fato que é bastante comum em esportistas, por conta de má orientação profissional
poderá agravar o problema. Como se não bastasse, muitas vezes essa piora poderá
ser caso de cirurgia e a recuperação completa levar mais de um ano.
Tenham em mente que a cadeira extensora apenas parece ser um
exercício inocente e bonzinho, pois, na verdade, dependendo de como é utilizada, pode ser
bastante perigosa. Para deixar as coisas ainda mais loucas, quem tem uma lesão
dessas no joelho estaria muito mais seguro fazendo um agachamento até o chão,
uma vez que o stress no LCA é zero nessa situação!
4. COMO EXECUTAR A
CADEIRA EXTENSORA?
Tenha em mente que a amplitude completa do movimento, desde
que não haja contraindicações ortopédicas, deve ser respeitada, a fim de obter
a melhor ativação muscular possível. Em outras palavras, é para descer tudo e
subir tudo, esticando as pernas até o final.
5. BATE-PAPO FINAL E
CONCLUSÃO
No artigo de hoje, vimos como realmente a cadeira extensora
trabalha: ela pode ser uma ferramenta muito interessante para ser utilizada
junto ao agachamento ou leg press, uma vez que juntos são capazes de gerar uma
ativação muscular bem mais completa.
Além disso, se você não tem nenhuma lesão no joelho, ela pode
ser uma boa companheira para fortalecer seu ligamento cruzado anterior, fato
que inclusive pode melhorar o desempenho e a proteção dos atletas nas
modalidades esportivas.
Tenha em mente que o movimento deve ser realizado de maneira
completa: muita gente tem medo de fazer o movimento completo pois acha que a
fase de maior stress é a final, porém, o máximo da compressão no joelho ocorre
um pouco depois da metade do movimento, a 60°, ou seja, que faz movimento
parcial não só gera muita compressão, como também não trabalha a musculatura
por completo, perdendo duas vezes.
Para fechar, caso tenha alguma lesão ou sinta dores nos
joelhos, faça exames e descubra do que se trata, assim você evita de agravar o
problema por escolher mal os exercícios e poderá esboçar uma boa estratégia de
recuperação com um profissional de educação física capacitado.
Ficamos por aqui. Espero que tenham gostado de mais um artigo
quebrador de mitos. Até a próxima!
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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fantastico blog
ResponderExcluirBom texto. Bem explicado.
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