Fala rapaziada!
No artigo de hoje, iremos
discutir o exercício desenvolvimento para ombros, dando ênfase à questão da
biomecânica dele, abordando os principais músculos envolvidos, prós e contras
de sua utilização e formas de execução! Boa leitura e não se esqueçam de curtir e compartilhar para ajudar na divulgação do site e do meu trabalho!
1. A ANATOMIA DO OMBRO: CONHECENDO AS TRÊS PORÇÕES DO DELTOIDE
Quando realizamos um treino de
ombros, na verdade, estamos exercitando, dentre vários grupamentos,
principalmente o deltoide, que é um músculo que possui três partes, sendo uma
anterior, uma medial e uma posterior. Observe a imagem abaixo:
A parte anterior do deltoide é
responsável pelos movimentos de flexão e abdução; a posterior, pela abdução
horizontal e abdução; por fim, temos a média, que participa de tudo. Todas
estas diferenças se devem à forma como estas porções do músculo estão inseridas
nos nossos ossos.
Apesar de estes termos serem
técnicos, não significando nada a muitos de vocês, achei que seria interessante
mencioná-los, de modo a enriquecer o texto. De forma bastante simplificada, a
abdução, nesse caso, seria um movimento de abrir o braço, como na elevação
lateral; a adução horizontal, o movimento que você executa no pec deck; a
abdução horizontal, aquele do pec deck invertido; a flexão do braço, o que
fazemos na elevação frontal.
2. A EXECUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO PARA OMBROS
O desenvolvimento é um dos
melhores exercícios existentes para treinar ombros e possui duas formas de
execução: pela frente, que é a que irei recomendar neste artigo, e por trás,
que irei criticar.
E por que farei isso? Pelo fato
de que o desenvolvimento por trás, também conhecido como "na nuca", gera uma ativação muscular menor do que pela
frente, com o agravante de que impõe o ombro a um stress excessivo e
desnecessário, por conta do movimento de abdução com rotação externa, que é uma
espécie de torção para trás que vulnerabiliza a articulação, expondo os
ligamentos a uma belíssima lesão.
Para piorar, as pessoas fazem
desenvolvimento por trás na ingênua esperança de estarem enfatizando a parte
posterior dos deltoides, porém, isto não passa de uma lenda, bem da infeliz,
uma vez que o recrutamento, conforme já dito, é principalmente de deltoide
anterior.
Dadas todas estas justificativas,
o que posso lhes dizer é para não fazerem o desenvolvimento por trás, já que
ele não nos fornece benefício algum. Sei que isto ofende muito gente, já que se
trata de um exercício oldschool, que
foi utilizado por lendas do fisiculturismo, como pelo querido Arnold
Schwarzenegger, porém, tenha em mente que as pesquisas por trás do esporte
naquela época ainda estavam engatinhando, sendo assim, o acesso à informação de
qualidade científica era absurdamente escasso, fato que justifica muitos dos
erros que eles cometiam.
Voltando à execução, o
desenvolvimento frontal pode ser realizado sentado ou em pé, com uma largura de
pegada preferencialmente obedecendo a distância entre seus ombros ou talvez um
pouco mais afastada, se assim lhe for mais confortável. A barra deve ser descida, mais ou
menos, até a linha do seu queixo, tomando o devido cuidado para que, ao final
da subida, você não realize uma hiperextensão dos cotovelos.
No que toca à diferença entre fazer em pé ou sentado, temos que, na primeira, há um maior grau de dificuldade de estabilização postural, devendo a musculatura do core participar mais para manter o movimento; no caso da sentada, apesar de mais fácil estabilização, tornando-a um bom ponto de partida para iniciantes, há que se tomar cuidado com a compressão discal que é gerada na região lombar quando estamos sentados, sobretudo em posições em 90°, sendo assim, desloque levemente seu glúteo à frente do encosto, mantendo as costas apoiadas normalmente.
Existe também a variação deste
exercício, realizada com halteres. Segundo investigações com eletromiografia, que medem atividade musculares, esta modalidade gera uma nível de trabalho um pouquinho menor, porém, acho sua utilização igualmente válida, sobretudo pela versatilidade de movimentos que gera, como o desenvolvimento unilateral (foto ao lado) e o Arnold press, além de maior grau de instabilidade, fato que aumenta o trabalho do manguito rotador: grupo de quatro pequenos músculos mais profundos que estabilizam a articulação do ombro.
3. A BIOMECÂNICA DO DESENVOLVIMENTO PARA OMBROS
Basicamente, o desenvolvimento
frontal é um exercício utilizado para enfatizar o trabalho de deltoide
anterior, porém, a parte medial do músculo também é bastante recrutada, pois é
uma zona intermediária entre a parte da frente e de trás, atuando em conjunto
com ambas.
Em relação à atividade muscular,
ou seja, quanto do músculo conseguimos recrutar com este exercício, segundo
trabalho do pesquisador TOWNSEND et al., de 1991, o desenvolvimento frontal trabalha
até 62% do máximo de atividade de nosso deltoide anterior, mantendo esse nível
por até 50% do tempo total da repetição.
A título de comparação, em
relação ao máximo de atividade muscular, o desenvolvimento para ombros aparentemente não se
sai muito bem, ficando atrás da elevação frontal e da abdução no plano da
escápula, por exemplo, que recrutam respectivamente, 69 e 72% do máximo de
ativação muscular do deltoide anterior.
Porém, e agora vem o grande
diferencial deste exercício, ele tem a capacidade de manter o músculo trabalhando
em seu máximo, como vimos, durante 50% do movimento, o que acaba sendo muito
melhor, a título de comparação, que a elevação frontal, que só consegue a marca de 31%.
Outro aspecto interessante diz
respeito ao fato de o desenvolvimento para ombros ser um exercício
multiarticular, que recruta diversos grupamentos musculares, fato que nos
permite utilizar uma carga bastante elevada, incrementando a intensidade do
exercício.
Para finalizar, como a porção
superior do peitoral, chamada de clavicular, atua em conjunto com a flexão de
ombros, ela acaba sendo recrutada também durante o desenvolvimento frontal,
sendo mais um aspecto interessante deste exercício, sobretudo para quem treina
peito e ombros no mesmo dia.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO
Conhecemos, no artigo de hoje, o
exercício desenvolvimento para ombros, utilizado para treinar deltoides. Vimos que ele possui
duas versões, a frontal, que é a mais interessante, segura e completa, e a por
trás, que é bastante inferior e perigosa, portanto, que deve ser descartada.
Como vimos, é um exercício
bastante completo, que gera uma sobrecarga bastante interessante durante boa
parte do movimento, garantindo uma elevada intensidade, fato que o coloca como
opção praticamente obrigatória nos treinos de ombros dos praticantes de
musculação. Ficamos por aqui - até o próximo artigo!
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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