Fala rapaziada!
Muitos de vocês conhecem o exercício pullover e já devem ter ouvido falar
sobre a polêmica pergunta “é um exercício para peito ou para costas”, não é
verdade? Sendo assim, o artigo de hoje servirá para desconstruir
algumas lendas, explicar a importância deste potente exercício e,
principalmente, os riscos de lesões que ele pode trazer. Boa leitura!
A ANATOMIA DO EXERCÍCIO PULLOVER
O primeiro ponto para começarmos nossa discussão é o de
comentar quais são os principais grupos musculares envolvidos no exercício pullover.
Vamos a eles: peito, deltoide ("ombro"), tríceps e costas (preferi ficar só nesses e não
envolver estabilizadores, como manguitos rotadores e músculos do core (estabilizadores do tronco em geral, como abdominais e "lombares", feito os multífidos e quadrados lombares)).
Que ele "pega" ombros, todo mundo aceita; se falo do tríceps,
não assusto ninguém; mas quando coloco peito e costas na mesma frase é que a
coisa complica... O motivo disto é que, erroneamente, as pessoas pensam em
músculos antagonistas como aqueles que ficam, obrigatoriamente, em lados
opostos do corpo. No caso do tríceps e do bíceps dá certo, mas esta forma de se
pensar não serve para peito e costas ou quadríceps e posteriores de coxa, por
exemplo.
Como o assunto do dia é o pullover, vamos esquecer estes
exemplos citados e pensar apenas em peito e costas, que, neste exercício, irão
trabalhar em conjunto, ambos como agonistas.
Para ajudar o leitor a entender a explicação, peço licença
para citar um vocabulário mais técnico, pois nos auxiliará ao compararmos umas
coisas. O músculo peitoral maior, carro chefe no treino de peito, faz os
seguintes movimentos: flexão, adução horizontal, rotação medial e extensão.
Já no treino de costas, a estrela da vez é o grande dorsal, que é capaz de
fazer adução e extensão.
Reparem que a palavra “extensão”, que inclusive grifei,
aparece como uma ação que ambos os músculos citados são capazes de fazer, sendo
assim, achamos um ponto em comum entre eles, que deixa nossa conversa mais
clara quando falo que eles atuam em conjunto, e não como antagonistas, opostos.
Ser um extensor nos dá a ideia de estender algo e de puxar
para perto de nós, sendo este um movimento o qual o grande dorsal é expert. O peitoral não é muito bom
nisso, já que a praia dele é “empurrar” e, para tanto, ele também usa flexão,
porém, por conta da forma como as fibras desse músculo estão organizadas
(direção delas), dependendo do movimento, ele consegue atuar também em
extensão!
Com isto, acredito que superamos aquela polêmica extremista que
não nos leva a lugar nenhum: pullover é para peito ou para costas? A resposta
é: para os dois...
Lógico que a partir disso surgem outras perguntas mais, como
“então, em qual treino é melhor usar?”. A resposta é “depende dos seus
objetivos e intenções”, sendo assim, não há certo ou errado aqui, mas sim um
“mais ou menos adequado”, já que os motivos são individuais...
Só é importante ter em mente que, se você treina peito e
costas em dias seguidos, o pullover é um exercício que irá atrapalhar seu
descanso, não importando onde ele apareça, sendo assim, afaste esses treinos
caso o utilize, para evitar lesões e excesso de treinamento por exercitar o
mesmo grupo muscular em dois dias em sequência.
BOM, MAS AFINAL,
PARA QUE SERVE O EXERCÍCIO PULLOVER?
O pullover é um exercício básico muito das antigas, sendo
excelente em diversos aspectos, a saber: é capaz de recrutar diversos grupos
musculares de uma só vez, é bom para ganho de força, é bom para hipertrofia, é
interessante para muitos atletas, pois acaba reproduzindo alguns movimentos
esportivos, ajuda a diminuir a duração do treino na academia (por estressar
vários músculos de uma só vez), etc. Observe sua execução na imagem abaixo:
Existem algumas maneiras de executá-lo, sendo a mais tradicional,
obviamente, a da Old School, com um
único halter, mantendo o tronco pendente em um banco reto, que é justamente a versão
da foto ao lado.
Há também quem execute o pullover em bancos inclinado ou
declinado, com uso de barras, anilhas, máquinas próprias, cabos ou mesmo de um TRX,
com todo o corpo apoiado, apenas parte dele ou em suspensão completa.
O impacto dessas variações no aumento do recrutamento muda pouco,
havendo incremento de ação de manguitos na utilização de cabos e variações no
grau de estabilização do core, dependendo da forma como o tronco é suportado, sendo
assim, escolha a modalidade que seja a mais vantajosa para você, no quesito
comodidade, e utilize.
A seguir, vejamos a atividade muscular, calculada por
eletromiografia, dos principais músculos envolvidos na execução do exercício
pullover: Peitoral Maior – 76,43%; Grande Dorsal – 64,02%; Deltoide Posterior –
32,02%; Tríceps Braquial – 75,76%.
QUAIS OS RISCOS QUE
CORREMOS AO FAZER O EXERCÍCIO PULLOVER?
Este é o ponto mais delicado do artigo, sendo o principal
motivo que me levou a escrevê-lo: o risco de lesão!
Se você voltar um pouco no texto, vai ver que disse que o
músculo peitoral maior é capaz de fazer “rotação medial”. Sabe que movimento é
este? Quando as pessoas executam um supino com halteres, também chamado de fly,
elas não costumam rodar os pesos no ar, para evitar que eles se choquem,
terminando o movimento com ambos em paralelo? Pois bem, isto é uma rotação
medial.
Agora que você já sabe o significado deste termo técnico,
vamos voltar ao pullover: durante este exercício, o peitoral maior acaba
fazendo a tal rotação e o resultado é que você abra os cotovelos. Porém, ao fazer isto, você gera um movimento de “adução com
rotação externa” (perdão por mais um termo técnico) que expõe a articulação do
seu ombro a sérios riscos de lesão nos ligamentos. De uma forma bem grosseira,
só para ajudar o leitor a entender, é como se você rodasse seu ombro para trás,
torcendo ele.
Sendo assim, o que precisamos ter em mente é que o sujeito
precisa ter boa técnica para fazer o pullover, além de responsabilidade, pois,
infelizmente, esse movimento de abrir os cotovelos é natural e não são todas as
pessoas que estão preparadas para lidar com ele, por isso falei da questão
técnica. Para piorar, temos o quesito carga, que, se exagerada, vai piorar
ainda mais a situação, seja por dificultar a boa execução do movimento, seja
por aumentar o dano de uma lesão.
Para fechar, tenha em mente que há pessoas que, por conta de
fatores individuais, por conta da própria anatomia, nunca serão
capazes de fazer um pullover perfeito, estando sempre predispostas a uma lesão,
portanto, não vacile, pois um rompimento de ligamento de ombro é algo que pode
levar mais de um ano para recuperar e, quem sabe, nunca voltar ao que era antes...
CONCLUSÃO
No artigo de hoje, primeiramente discutimos a polêmica de o exercício pullover ser apenas de peito ou de costas, concluindo que ele
trabalha os dois grupos musculares e serve para ambos os treinos. Continuando, mostrei que ele é um exercício excelente para
você ter em seu arsenal, porém, infelizmente, não são todas as pessoas que
poderão usufruir dele, uma vez que, ao mesmo tempo em que ele aumenta
recrutamento muscular e tudo mais, ele pode expor a articulação do ombro de uma
pessoa despreparada a uma grave lesão.
Espero que tenham gostado do artigo e que ele tenha
acrescentado bastantes informações a vocês! Bons treinos e até a próxima!
FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP
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