PARA QUE SERVE A VARIAÇÃO DA POSIÇÃO DOS PÉS NA CADEIRA EXTENSORA?

Fala galera! No artigo de hoje, iremos discutir para que serve a variação da posição dos pés na cadeira extensora: afinal, tal procedimento muda alguma coisa de atividade muscular, ou não passa de mais uma das inúmeras lendas existentes no universo da musculação?!?! Descubra na sequência! Boa leitura e não se esqueça de curtir e de compartilhar para ajudar na divulgação do meu trabalho!

RECORDAR É VIVER – CONHECENDO A CADEIRA EXTENSORA
A cadeira extensora é um exercício de cadeia cinética aberta (CCA), uma vez que os pés estão em extremidade livre, sem contato com solo/plataforma, impondo um trabalho artificial e isolador/monoarticular de extensão do joelho, função esta que é cumprido pelo quadríceps, conjunto de quatro músculos que ficam na porção anterior da sua coxa: reto femoral e vastos medial, intermédio e lateral.

Disse artificial acima uma vez que não temos, no dia a dia, situações onde os posteriores de coxa fiquem apagados, com trabalho única e exclusivamente de quadríceps, ou seja, de pura extensão de joelho. Contudo, é justamente por conta desta peculiaridade, que a cadeira extensora se mostra uma ferramenta tão interessante, se bem utilizada, obviamente: temos dois caras que impedem que a sua tíbia, o osso da frente da sua canela, sofra uma anteriorização, ou seja, saia andando sozinho para a frente – os músculos isquiotibiais (posteriores de coxa) e o ligamento cruzado anterior, famoso LCA.

Sendo assim, sem a ação dos posteriores, apenas o LCA irá atuar na estabilização, recebendo, sobre si mesmo, 20% do peso total utilizado como carga de trabalho, fato que pode ser ótimo para pessoas saudáveis, uma vez que irão fortalecer este ligamento, ou mesmo para pessoas em processo de reabilitação pós lesão ou cirurgia de LCA, uma vez que este ligamento necessitará ser recuperado e fortalecido.

Por outro lado, a cadeira extensora transforma-se numa arma mortal nas mãos de entusiastas que se aventuram a prescrever exercícios, o que é crime de exercício ilegal da profissão, diga-se de passagem, e de profissionais de educação física desinformados, haja vista que ela é vista como um exercício inofensivo e ótimo para pessoas com dores no joelho, mesmo porque, outras alternativas seriam agachar, o que é visto como algo muito perigoso, ou fazer leg press.

O que posso dizer é que esta visão está totalmente errada! Para lesões de LCA, o uso de agachamento e de leg press, exercícios de cadeia cinética fechada, é totalmente seguro, uma vez que eles não impõem nenhuma tração neste ligamento. Além disso, se a lesão for grave e a sobrecarga mal pensada, o uso da extensora poderá prejudicar todo um tratamento ou recuperação. Além disso, para pessoas que têm condromalácia, doença muito comum que traz como consequência a degeneração irreversível da cartilagem do joelho (da patela e do fêmur, na verdade), o uso da cadeira extensora é muito delicado, uma vez que ela imprime uma alta compressão patelofemoral aos 60° de movimento, mais ou menos na metade, requerendo estratégias inteligentes para seu uso.

Com isto, terminamos nossa revisão e deixo o recado passado: não treine com amadores e sim com profissionais graduados e que levam a sério a profissão...


PARA QUE SERVE A VARIAÇÃO DA POSIÇÃO DOS PÉS NA CADEIRA EXTENSORA?
Se formos parar para analisar, intuitivamente, virar os pés para fora, ou seja, fazer uma rotação lateral deles, iria impor maior trabalho de vasto medial, uma vez que ele fica todo exposto e para cima; por outro lado, a rotação medial, com os pés para dentro, recrutaria mais, ou mesmo isolaria (como muitos têm a audácia de dizer), vastos laterais, dado o mesmo raciocínio anterior. Por fim, só para fecharmos as possibilidades, os pés neutros iriam recrutar mais o reto femoral, seja por falta de opções, seja por estarem retos para cima.

Infelizmente, tudo isto ficou bonito na teoria e milhares de sites e páginas pelo mundo todo divulgam este tipo de informação, mesmo que sem fundamento algum, porém, na prática, vemos que as coisas não são tão simples e ingênuas desta maneira...

Segundo três trabalhos, que se complementam e que aparecerão em bibliografia ao final do artigo, a variação de atividade muscular é muito diferente do que se imaginava: neles foram avaliadas a consequência da posição dos pés na cadeira extensora, a atividade muscular durante a trajetória de movimento e se a posição do encosto faz alguma diferença.

Como resultados, os pesquisadores observaram que:

- Vasto lateral: atividade muscular crescente ao longo do movimento; trabalha bem com posição neutra, porém, é com a rotação medial que ele é mais bem solicitado.

- Vasto medial: é mais recrutado também na rotação medial; sua atividade não aumenta tanto com aumento de amplitude de movimento como os outros músculos estudados.

- Reto femoral: a maior solicitação vista foi com a utilização da rotação lateral.

- Foi visto também que cadeiras inclinadas trabalham mais quadríceps e com menos sobrecarga lombar que as retas ou sem encosto, que são as versões mais antigas e comuns em academias residenciais.

Sendo assim, o que nós podemos concluir é que a variação na posição dos pés na cadeira extensora é válida, porém, ela não se dá da forma como intuitivamente era pensado!

Dentre as principais aplicações que esse conhecimento gera, temos seu importante papel para a reabilitação de lesões diversas, assim como utilização com enfoque esportivo, seja no bodybuilding, visando a um desenvolvimento de algum grupamento muscular em específico, seja de outras modalidades.

A título de exemplificação, para quem o conhecimento pareceu muito vago, o vasto medial possui um perfil de fibras distinto do do vasto lateral, com ângulos de penação diferentes, fato que torna este músculo difícil de ser solicitado e mais fácil de atrofiar, gerando um desbalanço de forças que pode ser uma das causas da condromalácia. Sendo assim, a rotação medial pode ser interessante de ser utilizada por recrutá-los em maior grau do que as outras formas de variação da posição dos pés na cadeira extensora.

Ficamos por aqui! até o próximo artigo!

BIBLIOGRAFIA
- Stoutenberg MPluchino APMa FHoctor JESignorile JF. The  impact  of  foot  position  on  electromyographical  activity of the superficial quadriceps musclesduring leg extension. J Strength Cond Res. 2005 Nov;19(4):931-938.
- Signorile JFLew KMStoutenberg MPluchino ALewis JEGao J. Range of motion and leg rotation affect electromyography activation levels of the superficialquadriceps muscles during leg extension. J Strength Cond Res. 2014 Sep;28(9):2536-45. doi: 10.1519/JSC.0000000000000582.
- Gomez TRMa FAdams JBStoutenberg MSignorile JF. The impact of seatback angle  on  electromyographical  activity of the lower back and quadricepsmuscles during bilateral knee extension. J Strength Cond Res. 2005 Nov;19(4):908-17.



FERNANDO PAIOTTI
Personal Trainer e Consultor Online
CREF 151531-G/SP


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